David Penton e a indecisão de um júri: condenar ou não à morte o assassino de criança

Por anos ele vagou por condomínios, escolas e parques infantis em busca de meninas para raptar, abusar e matar. Ele preferia crianças negras, asiáticas ou hispânicas que viviam em...

Por anos ele vagou por condomínios, escolas e parques infantis em busca de meninas para raptar, abusar e matar. Ele preferia crianças negras, asiáticas ou hispânicas que viviam em áreas afastadas. Ele pensava nelas como crianças descartáveis, que logo seriam esquecidas pelas autoridades, então as atacava em plena luz do dia, enganando-as com ofertas de doces. Elas entravam em seu carro e nunca mais voltavam. Apenas seus ossos eram encontrados.

Mas quando David Penton foi julgado pela primeira vez em 1991, o mundo não sabia sobre o seu passado como um assassino em série de crianças, ainda assim ele sentou-se no banco dos réus por um crime hediondo — o sequestro, estupro e estrangulamento de uma criança de 9 anos.

Olhando hoje e sabendo o que as pessoas em 1991 não sabiam, muitos podem imaginar que ao sentar-se no banco dos réus, David Penton estava prestes a receber da sociedade a punição máxima: a cadeira elétrica. Seu julgamento, portanto, seria uma mera formalidade burocrática. Mas não foi bem assim.

O caso contra ele tinha suas fragilidades. A promotoria apresentou como provas apenas uma pequena mancha de sangue, que um especialista apontou ser compatível com a vítima, encontrada em sua van, e testemunhos de colegas de cela que contaram sobre como Penton se gabava de ter matado a criança. Apesar das evidências questionáveis, os jurados não tiveram dificuldades em considerá-lo culpado de homicídio. Entretanto, a coisa mudou no momento deles decidirem sobre a sentença: perpétua ou morte?

No direito americano, advogados normalmente usam a fase da sentença para apresentar testemunhos de uma infância traumática, anormalidades psiquiátricas ou psicológicas, ou uma ficha de vida pré-crime limpa. Nenhum dos casos se aplicava a Penton. Mesmo assim, nove mulheres e três homens digladiaram-se por dois dias.

Existiam dúvidas sobre circunstâncias precisas do crime e os jurados se sentiram muito desconfortáveis em sugerir a pena de morte. No fim, a promotoria falhou em provar que os fatores agravantes superavam os atenuantes. Ficar trancafiado pelo resto da vida já bastava.

Assim, sua vida foi poupada. Uma lição de humanidade ao matador desumano.

Referências: [1] Jurors wrestling with recommended penalty. The Marion Star. 23 abr. 1991. Pág. 1; [2] Penton’s family asks for his life. Dayton Daily News. 23 abr. 1991. Pág. 3A; [3] Penton gets life for Nydra’s murder. Dayton Daily News. 24 abr. 1991. Pág. 3A; [4] Jury recommends life for convicted murderer. Lancaster Eagle-Gazette. 24 abr. 1991. Pág. 18.

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Daniel Cruz
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"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz." (Platão)
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