Dicas de Livros: O Demonologista

"A maior astúcia do Diabo é nos convencer de que ele não existe", escreveu o poeta francês Charles Baudelaire. Já a grande astúcia de Andrew Pyper é fazer até o mais cético dos leitores duvidar de suas certezas.

O Demonologista

Um dos romances mais aguardados de 2013; um dos 10 melhores títulos de mistério e suspense da Primavera de 2013 da especializada Publishers Weekley; um filme de Hollywood – do mago Robert Zemeckis e Universal Studios – a caminho. Não importa o que eu diga, este livro é grande e diferenciado. Então sugiro que você o compre, o folheie e leia o primeiro capítulo… garanto que você não sossegará enquanto não ler a última linha.

“O Demonologista”, de Andrew Pyper, recém-lançado no país pela editora DarkSide Books, se assemelha fortemente ao romance anterior do escritor, “The Killing Circle” (2008), um suspense que se passa na cena literária de Toronto, Canadá. Ambos os romances são contados em primeira pessoa por um homem de meia-idade que possui uma esposa ausente e uma filha que o adora. Nos dois livros, a criança desaparece e a história se desenrola com o pai tentando encontrar a filha mesmo contra todas as probabilidades. A diferença em “O Demonologista” é que o romance descamba para o horror com a busca envolvendo o sobrenatural.

A História


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David Ullman é um professor canadense – residente em Nova Iorque – cuja especialidade é a figura literária do Demônio. Ele é um doutor na obra “Paradise Lost” (escrita no século 17 pelo poeta inglês John Milton) que conta uma das mais conhecidas histórias da civilização ocidental: a expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden, tentados pelo anjo caído Lúcifer. Um belo dia, Ullman decide viajar com sua filha até Veneza após ser abordado na faculdade por uma misteriosa mulher, que o pede para ir até a Itália investigar e dar o seu parecer técnico sobre um “fenômeno”. Em Veneza, Ullman – que é ateu e não acredita no Demônio – fica perturbado com o que vê: um homem que parece estar possuído.

“A voz é masculina, mas apenas em seu timbre, não em suas características. Na verdade, apesar de se expressar de uma maneira semelhante à humana, é estranhamente desprovida de gênero… Seu rosto apresenta o sorriso insinuante de um padre, de um vendedor ambulante. Ainda assim, com uma fúria por debaixo da superfície. Um ódio contido na pele, mas não pelos olhos.”

[O Demonologista. Capitulum 5]

Assustado com o que presenciou, ele decide deixar a Itália o mais rápido possível, mas eis que o professor sofre um golpe terrível: sob circunstâncias misteriosas, sua filha de 12 anos cai do terraço do hotel e seu corpo desaparece nas águas de um canal veneziano; um suposto suicídio. Enquanto todos pensam que ela está morta, Ullman acredita que ela está sendo mantida prisioneira e, para trazê-la de volta, deve embarcar em uma sinistra jornada, seguindo pistas deixadas por um Demônio. A partir deste ponto, demônios, assassinato e mistério caminham lado a lado enquanto David tenta freneticamente resolver os enigmas sobrenaturais que supostamente o levariam até sua filha.

Ilustração de Gustave Dore (1832-1883) para "Paradise Lost", de John Milton. Foto: © Ken Welsh/*/Design Pics/Corbis.

Ilustração de Gustave Dore (1832-1883) para “Paradise Lost”, de John Milton. Foto: © Ken Welsh/*/Design Pics/Corbis.

O livro, então, se desenrola num ritmo acelerado e com frases muito bem elaboradas, uma artimanha muito bem feita do autor para manter os leitores vidrados, virando as páginas sem se importar com o que está ao redor. O horror empregado também é interessante porque é inovador. Muitos podem esperar uma versão contemporânea de “O Exorcista”, mas ao invés da filha de Ullman ser possuída e girar a cabeça em 360 graus, ela é – mais ou menos – sequestrada por um Demônio, que prende o seu resgate à obediência de Ullman, fazendo de sua vida um verdadeiro purgatório. De um homem cético e racional, Ullman se transforma numa pessoa obscura e obcecada em salvar sua filha do submundo.

Mas por quê um professor universitário? No mundo real estamos acostumados a ler ou ver padres jogando água benta e desafiando demônios para que eles revelem seus nomes, é uma forma de expulsá-los; em “O Demonologista”, o Demônio obriga Ullman a adivinhar seu nome usando referências literárias, por isso o professor foi o escolhido. O coisa ruim quer que seu nome seja descoberto pois, assim, o seu poder será aumentado. Ele simplesmente não pode revelá-lo por conta própria. Toda motivação deste Demônio em seduzir Ullman, na verdade, é usá-lo para divulgar a prova definitiva ao público que anjos maus como ele são reais e caminham entre nós. No mundo de Pyper, Demônios querem sair debaixo das camas e revelar-se à luz do dia – uma ideia assustadora.

“Você vai alimentar o desejo dos homens de saber a verdade daqueles da minha classe, nossa queda injusta, a crueldade de Deus e a emancipação que Satã nos oferece. Igualdade. Não é esta a causa mais nobre? Democracia! É isso que eu trago. Não uma praga, não o sofrimento arbitrário. Verdade!”

[O Demonologista, Capitulum 24]

O uso de citações de “Paradise Lost” e os elementos de suspense lembram Dan Brown, entretanto, Pyper está mais para Stephen King e seu horror quieto e desconhecido. O romance é uma leitura gratificante que não tem medo de fazer perguntas sobre os enigmas da existência humana. Em última análise, os verdadeiros Demônios são feridas do passado, traumas de infância; o verdadeiro mal é o que os seres humanos provocam uns nos outros. 

O livro está com preço de R$ 24,18 na Amazon Brasil.


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"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz." (Platão)
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