Reportagem Retrô: O medo assombra os vizinhos de Dahmer

Inicio hoje uma nova coluna no blog. “Reportagem Retrô” tem por objetivo desenterrar e trazer matérias, reportagens e artigos publicados em algum lugar do nosso tempo-espaço. Trazer essas matérias,...
Jeffrey Dahmer Vizinhos

O Medo Assombra os Vizinhos de Dahmer

O Medo Assombra os Vizinhos de Dahmer

Inicio hoje uma nova coluna no blog.

“Reportagem Retrô” tem por objetivo desenterrar e trazer matérias, reportagens e artigos publicados em algum lugar do nosso tempo-espaço. Trazer essas matérias, sejam elas úteis ou não, é uma forma de resgatarmos o passado e, por um instante, ter um vislumbre daquele registro de época.

Claro que as reportagens retrôs preferencais serão aquelas que casam com a principal área temática do blog: crimes, serial killers… mas isso não quer dizer que não poderemos trazer alguma coisa que (de uma forma geral) naõ tem nada a ver com o blog.

Para começar trago um texto de época do serial killer mais lido desse blog: Jeffrey Dahmer. Duas semanas após Dahmer ser preso, o jornalista Rogers Worthington, do Chicago Tribune, publicou um pequeno texto relatando a vida dos vizinhos do serial killer canibal pós-descoberta dos crimes.

Como será que estava a vida nos apartamentos Oxford, 14 dias após a descoberta de um morador que serrava e comia pessoas no apartamento ao lado?

Fear Haunts Dahmer Neighbors

  • Por Rogers Worthington, Chicago Tribune

    Publicado em 6 de agosto de 1991

O prédio de apartamentos Oxford é um destaque em sua vizinhança: moderno e bem conservado. Dois resistentes mastros se projetam para o céu como orgulhosos sentinelas. No interior, a administração oferece aos inquilinos limpeza grátis dos tapetes e pulverização contra insetos.

Mas para alguns, nada pode livrar o edifício cor de creme, de 49 unidades, da mancha adquirida duas semanas atrás, quando foi encontrado no apartamento 213 os restos mortais de 11 pessoas.

Para os moradores e para os milhares de curiosos que cruzam a esquina 900 da vigésima quinta rua, o Oxford tornou-se a casa dos horrores de Jeffrey Dahmer.

“Tem sido um inferno”, diz John Batchelor, 28 anos, que mora no apartamento ao lado, o 212.

“É como se nós tivéssemos em uma visita ao museu ou ao zoológico. Pessoas vêem dia e noite. Eu não tenho comido. Eu não tenho dormido. Tudo o que eu sei é que eu quero dar o fora daqui!”

Dois moradores já mudaram. Agora, Batchelor e vários outros estão buscando novos apartamentos. Para ajudá-los, a Cruz Vermelha tomou a incomum decisão de considerá-los vítimas de desastres e está dando aconselhamentos.

“Assassinatos múltiplos não preenchem o tipo usual da descrição de desastre. Mas, obviamente, essa é uma situação de desastre. As pessoas sentem que elas não podem viver mais aqui devido ao stress”, diz Jay Wallace, diretor do serviço de desastres da Cruz Vermelha Americana em Milwaukee.

O pensamento de viver por mais de um ano ao lado de um apartamento que a polícia diz ser um matadouro humano é a raiz da ansiedade. Temerosos e ansiosos, alguns moradores começaram a dormir nos corredores e em um quarto de depósito.

O bairro é uma mistura de negros, hispânicos, asiáticos e estudantes. A Universidade de Marquette fica a poucos quarteirões ao sul. Ao norte, na North Street, há um beco conhecido pelos bares topless (bares que permitem os frequentadores mostrarem os peitos).

A mistura racial pode ter sido um temeroso fator no caso Dahmer.

Uma ação movida segunda-feira contra a polícia de Milwaukee, por uma mulher cujo filho é uma das alegadas vítimas de Dahmer, acusa os policiais de não investigarem um incidente em maio devido às pessoas que chamaram a emergência serem negras. Esse incidente envolveu Dahmer e um menino de 14 anos do Laos, que veio a se tornar uma vítima.

A ação federal de Catherine Lacy contra a cidade, no valor de três milhões de dólares, acusa a ação policial de inadequada, fato que posteriormente resultou no assassinato de seu filho Oliver, em 14 de julho.

Batchelor disse que ele e Dahmer, o único inquilino branco no edifício, raramente se viam, pois ambos trabalhavam em turnos diferentes. Dahmer na fábrica de chocolates Ambrosia e Batchelor na Milwaukee Wire Products Inc.

“Eu nunca gostei do Jeffrey, e ele nunca gostou de mim. Nós não tínhamos muito o que falar”, diz ele.

Batchelor disse que Dahmer era o único inquilino que sempre recusava a oferta de limpeza grátis de tapete e dedetização.

As tensões já eram grandes no Oxford antes das revelações de duas semanas atrás. No início de maio, o corpo estrangulado de Dean Vaughn, 25 anos, foi encontrado sem seu apartamento no terceiro andar. A polícia não disse se Dahmer está ligado ao crime.

Mas o que mais está incomodando os moradores é a crítica direta a eles de alguns que dizem que eles deveriam ter percebido que pessoas estavam sendo mortas no apartamento 213, a uma taxa média de duas por mês, desde março. Moradores ouviam barulhos de uma serra e de objetos caindo no chão. Mas, acima de tudo, eles se queixavam de um mau cheiro.

“Eu gostaria de saber sobre aquele odor, mas eu nunca havia cheirado alguém morto antes”, diz Batchelor. “Se eu soubesse que estava sentindo o cheiro de alguém morto, o cara já teria sido preso a muito tempo”.

Batchelor disse que agora teme passar pela porta trancada do apartamento 213 todos os dias a caminho do trabalho.

“Eles precisam derrubá-la ou colocar uma cortina em cima, ou algo do tipo. Eu odeio passar por aquela porta”, diz Batchelor.

Nota do Aprendiz: A reportagem acima foi publicada no dia 6 de agosto de 1991 no jornal Chicago Tribune. A matéria original pode ser acessada clicando no link a seguir: Fear Haunts Dahmer Neighbors

A história completa de Jeffrey Dahmer pode ser vista neste link.

Você tem alguma sugestão para a coluna Reportagem Retrô? Possui alguma revista ou jornal antigo com alguma matéria que acredita ser interessante para publicação? Então não deixe participar! Faça já sua sugestão!

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Por:


Daniel Cruz
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