Dorothy Stratten tinha tudo o que o showbiz procurava (e ainda procura): talento, beleza, inteligência e uma personalidade encantadora.
Seu caminho rumo ao estrelato veio por acaso. A jovem canadense trabalhava em uma sorveteria de Vancouver quando sua beleza chamou a atenção de Paul Snider. Pronto. Naquele momento, Dorothy selava o seu destino. Ex-garoto de programa e cafetão de prostitutas, foi fácil para Paul fazer a cabeça da garota ingênua nove anos mais nova. O homem era viciado em mulheres e dinheiro, e viu em Dorothy a oportunidade de lucrar. Não como prostituta, pois a garota era, segundo suas palavras, “mercadoria de classe”. Ele a convenceu a tirar fotos nuas e as enviou para a revista Playboy, em Los Angeles. A beleza da jovem esguia impressionou a revista e em agosto de 1979, aos 19 anos, Dorothy conseguiu o inimaginável: ela foi capa da mais famosa revista de nudez do planeta.
A repercussão foi imediata, como se um meteoro tivesse atingido Los Angeles. A Playboy nunca tivera uma grande estrela e todos apostavam que com Dorothy essa hora havia chegado, tanto que eles a elegeram a Playmate do ano de 1980. Hugh Hefner, dono da revista, a chamou de “única”. Já David Wilder, executivo da revista, afirmou que “alguém como Dorothy aparece uma vez na vida”. Em poucos meses a moça já estava em Hollywood e como atriz principal de um filme, Autumn Born. Ninguém resistiu a Dorothy Stratten.
Estupefato com o sucesso, Paul propôs casamento. Dorothy era o seu projeto. Ela ficou indecisa e amigos tentaram dissuadi-la, mas ela acreditava que devia a Paul, então aceitou. Não demorou para Dorothy perceber o grande erro. Paul era obsessivo, tinha mania de riqueza e grandiosidade, torrava o dinheiro em carrões e joias caras, e tinha papos desagradáveis sobre sexo. Ele não via problemas se a esposa dormisse com o cara “certo”. Tudo para ela “subir” mais rápido, dizia.
O ciúme doentio fez Dorothy dar um basta e pedir o divórcio. “Perdi o meu foguete para a lua”, disse Paul a um amigo. Então, em 14 de agosto de 1980, Paul convidou Dorothy para conversar e a matou com um tiro no rosto que quase arrancou-lhe a cabeça.
Foi o triste fim de Dorothy Stratten.
Ingênua, Dorothy Stratten nunca enxergou quem realmente era Paul Snider. “Quero continuar sua amiga”, disse ela a um advogado, após o conselho para ficar longe de Paul. Quando Snider percebeu ter perdido Dorothy, comprou uma espingarda calibre .12 e a chamou para conversar sobre o divórcio na casa do casal em Los Angeles. Após matá-la, ele praticou necrofilia com o cadáver parcialmente sem cabeça e depois explodiu a sua própria ao cometer suicídio.
Uma das grandes tragédias do showbiz norte-americano, a história de Dorothy inspirou o cinema e a música. Um dos grandes filmes dos anos 1980, Star 80, é sobre sua história. Cantores e bandas como Bryan Adams e Red Hot Chilli Peppers escreveram músicas sobre ela. Em 2012, Dorothy ganhou uma exposição em sua cidade natal, Vancouver, e em 2020 foi tema de um documentário da rede ABC.
Referências: [1] Death of a Playmate. Voice. 1980; [2] Shothug blast kills Playmate. The Sun Times. 15 de ago. 1980. Página 13; [3] Heavy personal price on Playmate title. North Bay Nugget. 19 de ago. 1980. Página 24; [4] Murdered playmate’s autopsy accelerated. The Leader-Post. 16 de ago. 1980. Página 2; [5] Dorothy dies again. The Vancouver Sun. 12 de nov. 1983. Caderno E.