Nos anos 1990, o selo Versace dominou o mundo do design de moda com um novo conceito aplicado à sensualidade feminina. Em 1995, a empresa tinha lucros de U$900 milhões por ano. Por trás do sucesso estava o maior estilista do planeta, o italiano Gianni Versace.
Estrelas de cinema, da realeza e da música usavam suas peças únicas nos maiores bailes de gala. Se Gisele Bündchen um dia reinou na elite das top models, deve muito a Gianni. Foi ele quem criou a “categoria” das modelos de elite, transformando Cindy Crawford, Naomi Campbell e Janice Dickinson de simples modelos a verdadeiras estrelas da moda, multimilionárias e com status de celebridade, comparável aos mais famosos atores de Hollywood ou ícones da música. E por falar em celebridades, muitas delas, como a princesa Diana e o cantor Elton John, eram seus amigos íntimos.
A MORTE DO MITO
O ano de 1997 foi um espectro de emoções para o maior estilista do mundo. Após décadas de trabalho duro, Gianni Versace estava a um passo de colocar a sua empresa em Wall Street. “Um valor colossal estimado em U$1.4 bilhão”, escreveu o Financial Times. Ao mesmo tempo, uma cansativa turnê terminava com uma briga explosiva entre ele e sua irmã Donatella. Quando tudo acabou, Gianni voou para sua estonteante mansão em Miami Beach. Ele adorava o sol e a agitação da cidade. Ao lado de Sylvester Stallone e Madonna, Gianni era uma das atrações de Miami e seu casarão na 1116 Ocean Drive, ponto obrigatório de parada para turistas que queriam uma foto.
Em 15 de julho, um destes “turistas”, empunhando uma pistola, matou Gianni com dois tiros na cabeça quando ele voltava de um café.
A mídia foi à loucura com o crime e passou a cobrir o caso com o entusiasmo de urubus que sobrevoam a carcaça, principalmente quando descobriu-se quem era o homicida: Andrew Cunanan, um misterioso assassino em série procurado pelo FBI. Imediatamente, Cunanan tornou-se um ícone diabólico no circo americano das celebridades. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Cunanan calou-se para sempre ao colocar o cano da pistola dentro da boca e puxar o gatilho.
Até hoje ninguém sabe o motivo dele ter assassinado um dos maiores nomes da história da moda.
Camaleão social com múltiplas personalidades e aparências, Andrew Cunanan morreu deixando para trás um silêncio sobrenatural e inquieto. Este jovem homem, morto aos 27 anos, é um dos grandes enigmas da história do crime. Antes de Versace, ele aniquilou outros quatro homens. O estilista de 50 anos foi sua última vítima, então se trancou em uma luxuosa casa flutuante em Miami Beach e se matou.
Alguns dizem que Cunanan matou o estilista porque Versace era o homem famoso, rico e popular que ele gostaria de ser. Por essa perspectiva, ao matar Gianni, Cunanan validou seu sentimento de superioridade. Sem ter mais o que alcançar ao matar uma celebridade do porte de Versace, ele talvez tenha decidido que a vida não valia mais a pena. Também, e como era narcisista, o suicídio pode ter sido uma maneira de decidir o destino da própria vida. Como qualquer psicopata, ter o controle da situação é fundamental. (Não é prudente, entretanto, citá-lo como psicopata, uma vez que não houve a possibilidade de diagnóstico, mas ele apresentou uma série de características tipicamente associadas à esta perturbação, por exemplo: ausência de empatia, procura crônica por estímulos, impulsividade, hostilidade, conduta sexual promíscua, necessidade de status social, egocentrismo e falta de autocrítica. A componente sádica, que ficou evidente em um dos homicídios — Lee Miglin — , poderia também ser um indicativo, assim como mentir compulsivamente e ter delírios de grandeza).
Referência: Cruz, Daniel; Santana, Marcus. Serial Killers: Andrew Cunanan, na trilha da loucura. OAV Crime. 2018.
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