Assassinos em série do Brasil: os crimes do Monstro da Variante

Enquanto o Estrangulador Místico fazia vítimas em Deodoro, outros criminosos sexuais aterrorizavam o Rio de Janeiro. Um deles foi José Dias, o “Águia Negra”, preso em 1965 por atacar...

Enquanto o Estrangulador Místico fazia vítimas em Deodoro, outros criminosos sexuais aterrorizavam o Rio de Janeiro. Um deles foi José Dias, o “Águia Negra”, preso em 1965 por atacar mulheres na Av. Brasil. Três anos depois, seis mulheres trabalhadoras de uma fábrica de tecido na rua Conde de Agrolongo, na Penha, foram seguidas e atacadas após saírem do trabalho por um “negro gigante”. A polícia prendeu Gélson Pereira, o “Cipó”, que confessou não apenas os ataques, como também os homicídios do “Monstro da Variante”.

Os crimes do Monstro da Variante correspondem a uma série de assassinatos de mulheres entre 1964 e 1966, quando corpos e ossadas foram encontradas em terrenos baldios ao longo da Avenida Brasil, nas proximidades do Parque da Aeronáutica. Uma manicure, uma dona de casa, uma bilheteira… o assassino atacava qualquer uma que descesse do ônibus sozinha, arrastava-a para o mato e descarregava sua maldade. Ele se escondia sob o Viaduto Faria Timbó e ficava lá, observando moças desacompanhadas.

Décadas antes do detetive canadense Kim Rossmo ficar mundialmente famoso com a ferramenta Perfil Geográfico, que ajuda a delimitar a provável moradia de um assassino em série, o investigador brasileiro Jamil Warwar utilizou suas próprias técnicas para sugerir o lar do facínora: a Favela do Buraco da Lacraia. Ele se infiltrou na comunidade e identificou não um, mas dois assassinos em série.

Eles eram Clóvis Cunha e Josemar Pinheiro, ambos de 20 anos. Eles agiam em dupla e supostamente matavam “por prazer”, obtendo intenso deleite em “possuir as vítimas, já em agonia, com o corpo retalhado por muitos golpes de faca”. Tudo teria começado como um acordo para roubar, mas quando eles mataram uma mulher, sentiram a necessidade de violar o cadáver, e não pararam mais.

A polícia teve imensa dificuldade durante as investigações, principalmente com criminosos como Cipó, que vez ou outra apareciam reivindicando a autoria dos homicídios. Na época, Clóvis e Josemar foram ligados a nove assassinatos, mas décadas depois, ao ser entrevistado, Warwar disse ter sido mais de 20.

Mulheres ficaram a salvo com a prisão da dupla, porém, eles não eram os únicos.

Mesmo após a prisão de Clóvis e Josemar (que fugiu, mas foi recapturado anos depois quando gerenciava uma boca de fumo), o inquérito do Monstro da Variante permaneceu durante anos aberto na Polícia Civil e chegou a “desaparecer”. Na época, não foi informado se a dupla foi indiciada pelos homicídios, nem detalhes de um julgamento. Durante a década de 1970, entretanto, foi possível rastrear que ambos estavam presos.

De acordo com Jamil Warwar, o objetivo da dupla era apenas assaltar mulheres, mas como uma reagiu, foi morta a facadas e teve o corpo violado. “Foi quando ele [Clóvis] descobriu a necrofilia”.

Referências: [1] Polícia já tem suspeito que confessou ser o matador de 7 mulheres. O Jornal. 30 ago. 1966. Pág. 9; [2] Estuprou e estrangulou sete moças na Variante. A Luta Democrática. 30 ago. 1966. Pág. 2; [3] ‘Monstro da Variante’ foi reconhecido pelas vítimas. Diário de Notícias. 30 ago. 1966. Pág. 13; [4] Polícia volta a zero no caso do louco da Variante que matou 7. O Jornal. 1 set. 1966. Pág. 9; [5] Outra ossada é encontrada na Avenida Brasil. 6 set. 1966. O Jornal. Pág. 9; [6] Aliança complica o tarado da Variante. A Luta Democrática. 13 out. 1966. Pág. 8; [7] O Jornal desvenda crimes da Av. Brasil e aponta os matadores às autoridades. O Jornal. 19 out. 1966. Pág. 9; [8] Juiz da 13ª decreta prisão de Clóvis. O Jornal. 20 out. 1966. Pág. 9; [9] ‘Sarará’ é reconhecido outra vez como o autor dos crimes na Variante. O Jornal. 27 out. 1966. Pág. 9; [10] Gigante matou nove mulheres! A Luta Democrática. 5 abr. 1968. Pág. 7; [11] Preso confessa que matou 9 mulheres na Variante. O Jornal. 5 jun. 1968. Pág. 3; [12] ‘Gang’ do sexo matava por prazer. O Jornal. 18 jul. 1970. Pág. 11; [13] Matou sete mulheres! A Luta Democrática. 18 jul. 1970. Pág. 2; [14] Assaltante confessa que matou e depois profanou corpos de sete mulheres. Jornal do Brasil. 18 jul. 1970. Pág. 14; [15] Matador de mulheres é preso na Chocadeira. Correio da Manhã. 18 de jul. 1970. Pág. 4; [16] Celerado matou 9 festejando crimes. Diário de Notícias. 18 jul. 1970. Pág. 10.

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Daniel Cruz
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"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz." (Platão)
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