Assassino da Selfie: após matar, jovem tira tempo para adorar a si mesmo no espelho

Para a edição dos 101 crimes de 2021 escrevi sobre o “mundo fraturado” e de como a conexão entre as pessoas está cada vez mais inexistente, o que contribui...

Para a edição dos 101 crimes de 2021 escrevi sobre o “mundo fraturado” e de como a conexão entre as pessoas está cada vez mais inexistente, o que contribui para algo já notado por muitos: o esfacelamento da empatia, que gradualmente vem desaparecendo. Tragédias viraram coisas abstratas, e a morte, derivada de ações criminosas, banal. Temos lido, incredulamente, histórias surreais: o filho que matou o pai porque queria herdar o carrão dele, o outro que matou a mãe para dar uma festa de arromba no apartamento, o marido que estrangulou a esposa por ela torcer para um determinado time de futebol, o casal que espancou a babá da casa vizinha por ela ser pobre.

Esta semana em Goiânia um jovem de 22 anos foi até o apartamento de um arquiteto e professor universitário, para um encontro, o matou e roubou seu dinheiro. Em seguida se dirigiu até uma loja e comprou objetos de ostentação que alimentam pessoas vazias: relógios e celulares. Matar alguém, erguer a cabeça da vítima para o app do banco fazer o reconhecimento facial e surrupiar o dinheiro para adquirir bens supérfluos mostra bem o tipo de sociedade que estamos inseridos. Mas o que realmente me chamou a atenção neste caso foi outra coisa.

Na casa da vítima, logo após matá-la, o sujeito se deparou com um espelho e não pensou duas vezes em parar diante dele para mostrar todo o seu físico jovial e, indiretamente, sua psique deformada. Sem camisa, com o rosto virado numa expressão típica deste tipo de fotografia, ele tirou uma selfie. Me impressiona que em meio à crueldade ele tenha parado em frente ao espelho para adorar a própria imagem.

Casos de homicidas que tiram selfies com suas vítimas mortas e postam na web ou transmitem seus crimes em lives existem aos montes, mas o de um que simplesmente tira uma selfie para recordação, confesso que me parece bastante incomum.

A explicação fácil é que ele seria apenas um narcisista zumbificado pelas redes sociais. Mas há mais do que isso.

Este rapaz não foi o primeiro a fazer uma selfie após aniquilar um ser humano e seu caso necessita de uma análise mais profunda. O que não posso deixar de afirmar, entretanto, é que o mundo continua fraturado.

E esquisito.

Referência: Garoto de programa é preso suspeito de matar arquiteto e usar o corpo para reconhecimento facial em app de banco. G1. 26 set. 2023.

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Daniel Cruz
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"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz." (Platão)
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