Gary Schaefer, de 31 anos, era um homem bem visto por quem o conhecia na pequena comunidade de Springfield, Vermont. Ele cresceu ali, obedecendo os pais, frequentando a igreja, participando de atividades físicas e indo bem na escola. Quando chegou a hora, ele serviu o seu país na Marinha, casou-se, teve dois filhos e se separou. Quando o pai faleceu, mudou-se para morar com a mãe, que precisava de cuidados.
Trabalhando como mecânico, Schaefer gastava o seu tempo livre em atividades religiosas, nos encontros para o estudo da Bíblia e grupo de jovens, às vezes sendo aquele que aplicava as lições. Sua vida era pacata e, tirando sua mãe doente, não era alguém com muitas preocupações. Pode-se dizer que ele vivia no sossego, aproveitando bem o que a sua cidadezinha do interior tinha a oferecer.
Tal cenário, entretanto, não era a realidade de Springfield.
MEDO
Em abril de 1983, Springfield estava nervosa. No dia 9, as amigas Kathy Richards e Rachel Zeitz, de 11 anos, caminhavam sozinhas quando um homem em um carro as obrigou a entrar. Rachel correu. Kathy não. O rapto foi um choque para os moradores, pois, em Springfield, de tempos em tempos, isso acontecia.
A primeira vez foi em 1979. Sherry Nastasia, 13, sumiu quase em frente à sua casa. Em 1981, Theresa Fenton, 12, saiu para andar de bicicleta e não voltou. Nos dois casos, os corpos foram encontrados em florestas, violentados e com traumas na cabeça. Então veio Kathy e o mesmo cenário “corpo na floresta” se repetiu.
Havia um assassino em série entre os nove mil habitantes de Springfield e Rachel o delatou. A menininha disse tudo à polícia: a cor e marca do carro, descrição do raptor e, principalmente, seu vestuário: o agasalho do grupo de jovens da igreja cristadelfina.
O facínora era Gary Schaefer.
De acordo com um psicólogo, Gary era um “psicopata sexual, cristão fundamentalista com uma incrível capacidade de enganar os outros”. Schaefer posava de homem piedoso, honesto e religioso ao mesmo tempo que agredia sexualmente e torturava meninas.
Isso impressionou Springfield, afinal, o monstro não era um pedinte descabelado e mentalmente instável, mas o carinha que cuidava da mãe e vivia na igreja.
Em novembro de 1982, Gary Schaefer sequestrou uma adolescente na cidade vizinha de Chester, mas a garota conseguiu fugir quando ele parou para comprar cerveja. Em dezembro de 1983, ele foi condenado a um mínimo de 30 anos de prisão, com possibilidade de perpétua pelo assassinato de Kathy Richards. Ele confessou os homicídios de Sherry e Theresa e chegou a ser indiciado, mas as acusações foram retiradas após o juiz concluir que sua confissão foi obtida ilegalmente.
Schaefer permaneceu 40 anos preso em uma penitenciária de segurança máxima do Kentucky, vindo a falecer recentemente, no último dia 26 de novembro, aos 75 anos.
Referências: [1] Skeleton Identified. The Brattleboro Reformer. 18 dez. 1979. Pág. 14; [2] Police report girl missing in Springfield. Rutland Daily Herald. 5 set. 1979. Pág. 7; [3] In Grief, She Clings to Faith. Rutland Daily Herald. 9 dez. 1981. Págs. 1, 6; [4] Known as quiet, religious man. Rutland Daily Herald. 12 abr. 1983. Págs. 1, 8; [5] 200 at Service For Slain Girl in Springfield. The Burlington Free Press. 15 abr. 1983. Págs. 1B, 2B; [6] Vermont nightmare recurs. The Boston Globe. 17 abr. 1983. Págs. 1, 30; [7] Trial of Gary Schaefer will be in new location. Rutland Daily Herald. 25 ago. 1983. Pág. 10; [8] Vt. man convicted of child murder dies in prison; was he a serial killer? WCAX News. 28 nov. 2023.