
Predadores de crianças caminham entre nós. Eles podem ser homens ou mulheres, idosos ou adolescentes. Eles estão em todas classes sociais e por todo território. Talvez você imagine que seus filhos estejam seguros porque é vigilante e controlador, pois nada escapa ao seus olhos e você está com eles em todos os lugares. Bom, talvez não cem por cento do tempo. E isso já basta, pois o mal só precisa de alguns segundos, que o diga James Bulger e Adam Walsh.
Um predador pode ser o vizinho que mora ao lado. Não o pai, mas o menino com espinhas no nariz e tamanho de criança.
Lana Araújo tinha 8 anos quando desapareceu em 7 de setembro. Seu corpinho foi encontrado em uma fossa, com sinais de estrangulamento. Imagens de uma câmera de segurança gravaram a garotinha saindo de sua casa e andando animadamente com seu vizinho em direção a um lugar desconhecido. Ele voltou. Ela não. Ontem, 16 de outubro, a polícia paulista confirmou o que muitos suspeitavam: o menino é o assassino.
Por envolver um menor, o caso está em segredo de justiça, portanto, detalhes do crime são desconhecidos. Sabemos, entretanto, que durante interrogatório ele culpou outros, negou estar envolvido e ofereceu uma variedade de explicações — conduta clássica descrita nos livros do psicólogo e especialista em comportamento violento Stanton Samenow. Aliás, o garoto seria chamado por Samenow de um “predador sexual em desenvolvimento”, com a diferença que, aos 13 anos, já é assassino.
Homicídio, cometido por alguém dessa idade, que muitos poderiam considerar ainda uma criança, choca, mas está longe de ser algo isolado. E em muitos casos similares ficou claro o papel da premeditação.
“Cobiçamos aquilo que vemos todos os dias”, disse a profiler Clarice Starling em O Silêncio dos Inocentes. No filme, o primeiro homicídio de Buffalo Bill é contra uma mulher que ele conhecia. Da mesma forma, o menino conhecia Lana e os dois conversavam sempre. Ele a cobiçava e pode tê-la matado várias vezes antes, na fantasia.
Desde Carroll Cole sabemos que crianças podem ter o real desejo de matar antes de completar dois dígitos na idade, e vez ou outra aparece um caso para nos lembrar.
E assombrar.