Jürgen Bartsch: a pedagogia negra na construção de um assassino em série

Em 18 de junho de 1966, Peter Freese, de 11 anos, apareceu em uma delegacia e disse que havia sido sequestrado por um homem, mas que conseguiu escapar do...

Em 18 de junho de 1966, Peter Freese, de 11 anos, apareceu em uma delegacia e disse que havia sido sequestrado por um homem, mas que conseguiu escapar do cativeiro. O menino levou a polícia até um antigo abrigo antiaéreo entre as cidades alemãs de Nierenhof e Langenberg e quando os policiais abriram o túnel trancado encontraram os restos desmembrados de quatro crianças. Havia um serial killer à solta e aquele era o seu matadouro.

O nome do facínora era Jürgen Bartsch, de apenas 19 anos. O caso chocou os alemães, mas autoridades que investigaram o rapaz não ficaram surpresas com tamanha depravação, pois o segredo para entender esta mente maligna residia em sua infância terrível e traumática.

PEDAGOGIA NEGRA


Bartsch foi praticamente criado para ser um serial killer. Em um de seus livros, a psicóloga alemã Alice Miller criou um termo muito apropriado para descrever sua infância: “pedagogia negra”. A educação brutal transformou o menino inseguro e ingênuo em um monstro. “Assassinado mentalmente”, Bartsch descarregou seus demônios em pessoas mais fracas, crianças, matando pela primeira vez aos 15 anos.

Adotado ainda bebê por um rico casal de açougueiros, sua mãe adotiva sofria de TOC e sempre o espancava quando se sujava. As surras aconteciam em meio às carcaças de bois, sendo esta a semente do seu necrosadismo. Ela proibiu o filho de brincar com outras crianças e o trancou em um porão escuro até os seis anos. Bartsch cresceu machucado, sofreu abuso sexual da própria mãe durante os banhos e aos 12 anos foi enviado para um internato. Lá, foi abusado sexualmente por um padre e por meninos mais velhos enquanto apanhava do mesmo padre por seu “pecado”.

Tais experiências despertaram tendências sádicas extremas. Com apenas 15 anos matou pela primeira vez. Seus demônios se acalmaram e Bartsch ficou sob controle por três anos enquanto seu pai lhe ensinava o ofício de açougueiro. Eventualmente, ele voltou a atrair crianças para estuprá-las, matá-las e cortá-las, como fazia no açougue.

Anos depois, e como suas fantasias eram incontroláveis, os alemães decidiram castrá-lo. Jürgen Bartsch morreu na mesa de operação devido a um erro médico. Ele tinha 29 anos.

As vítimas de Jürgen Bartsch foram Klaus Jung, 8, Peter Fuchs, 13, Ulrich Kahlweiß, 12, e Manfred Grassmann, 11. Ele se aproximava de crianças em feiras e dizia existir um tesouro escondido na floresta. Bartsch levava a criança até o abrigo da segunda guerra em um ponto da movimentada estrada Heeger Strasse, obrigava a criança a tirar a roupa, a estuprava, matava e desmembrava o cadáver com uma faca afiada do açougue do pai.

Bartsch foi condenado à prisão perpétua, mas seu advogado conseguiu anular a sentença devido à sua idade. Bartsch, então, recebeu uma pena de 10 anos numa prisão juvenil. Ele cumpriu dois terços e foi transferido para um hospital psiquiátrico, onde se casou com uma estudante de enfermagem em 1974. Bartsch aceitou passar pela cirurgia de castração, pois poderia ser solto, mas morreu no centro cirúrgico.

O padre Gerhard Pütz, que abusou sexualmente de Bartsch em um internato católico de Marienhausen, foi acusado de vários crimes e investigado, mas a investigação foi sumariamente encerrada em 1972. Ele faleceu tranquilamente em uma casa de repouso em 1986.

Referências: [1] Miller, Alice. Am Anfang war Erziehung. Suhrkamp. 1983. Edição do Kindle; [2] Kirmesmorder Jurgen Bartsch verhalf Langenberg zu trauriger Beruhmtheit. Waz; [3] Der sadistische Metzgergeselle zerstückelte seine jungen Opfer. Welt; [4] Also du bist die Gisela. Der Spiegel.

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Por:


Daniel Cruz
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