Há 28 anos, o mundo parou para ver a aparência de um dos criminosos mais procurados do planeta. O que se seguiu intrigou muita gente. Na verdade, ninguém entendeu nada, pois o que apareceu diante das câmeras foi um homem maltrapilho, com roupas rasgadas e todo sujo. As autoridades se enganaram e prenderam um zé-ninguém? Nada disso. O homem em questão era Ted Kaczynski, um gênio do mal que por quase duas décadas enganou o FBI, sendo alvo de uma das maiores caçadas da história do crime.
Brilhante matemático graduado em Harvard, Kaczynski era doutor e especialista na teoria da função geométrica. Na defesa do seu PhD, um membro da banca comentou que “provavelmente apenas dez pessoas em todo o país entenderiam essa tese”. Em 1969, aos 26 anos, Ted abandonou o posto de professor na Universidade de Berkeley e se mudou para uma cabana nas montanhas de Montana, sem eletricidade ou água encanada. Lá, estudou técnicas de sobrevivência e iniciou uma vida autossuficiente.
Se ele imaginava uma vida sossegada como eremita, longe da civilização, isso durou pouco. Perturbado pelo desmatamento em torno de sua propriedade, Ted simplesmente decidiu combater a destruição do planeta através do terrorismo, iniciando, segundo ele, “a guerra contra o desenvolvimento da sociedade industrial”. Segundo Kaczynski, a revolução industrial e suas consequências foram um desastre para os humanos, roubando das pessoas a autonomia e infligindo no mundo natural danos irreversíveis. Contrário à tecnologia e ao desenvolvimento não sustentável, Ted se tornou um terrorista ambiental e causou pânico nos EUA ao enviar bombas para cientistas da computação, geneticistas, CEOs de empresas e companhias aéreas, deixando um rastro de medo, amputações e mortes.
Desde o início, o caso provou-se difícil. Como identificar um gênio distorcido que aspira ser o assassino anônimo perfeito — que constrói bombas indetectáveis e as entrega a alvos aleatórios, deixando pistas falsas para enganar as autoridades, vivendo recluso nas montanhas e sem um amigo sequer que, talvez, poderia delatá-lo?
O fim da agonia, porém, chegou há exatos 28 anos, quando sua cabana foi cercada e Ted foi finalmente preso.
A história de Ted Kaczynski é muito mais complexa do que parece e envolve um indivíduo com sérios transtornos psiquiátricos e confusão em relação à identidade sexual, além de alegações de uso de técnicas de controle mental. Não há dúvidas de que ele foi um homem que fascinou o mundo por décadas, sendo tema de excelentes livros e documentários. Sua intrincada psique ainda hoje é um campo fértil.
Gênio, pulou dois anos do ensino fundamental e entrou na Universidade de Harvard com apenas 15 anos, onde iniciou uma carreira acadêmica brilhante na matemática. Perturbado, nunca se encaixou na sociedade, a ponto de, ainda muito novo, planejar fugir da civilização e ir morar no meio do mato. Realizou o seu desejo aos 26 anos, após juntar dinheiro como professor na prestigiada Universidade de Berkeley.
Ted era um crítico da vida moderna e afirmou que a tecnologia estava levando os americanos a sofrer de uma sensação de alienação e impotência. As bombas começaram em 1978. Suas vítimas principais eram acadêmicos ou empresários da tecnologia. Quase 20 anos depois, ele enviou uma carta e prometeu parar de enviar bombas se grandes jornais publicassem o seu “manifesto”, o que foi feito. O irmão de Ted, David, e a esposa dele, leram e imediatamente reconheceram o tom das palavras. David e Ted eram brigados, mas vez ou outra Ted enviava uma carta, e não raras vezes expôs seu ponto de vista sobre a “sociedade industrial”. O irmão avisou a polícia e, assim, Ted Kaczynski foi preso em 3 de abril de 1996.
Referêncas: [1] Kaczynski, D. Every Last Tie: The Story of the Unabomber and His Family. Duke University Press. 2016; [2] The Unabomber. FBI.gov; [3] Kaczynski, T. Industrial society and its future. Washington Post. WashingtonPost.com; [4] His Brother Keeper. Washington Post. 15 jul. 2001; [5] Suspect linked to hotel in Sacramento. Chicago Tribune. 8 abr. 1996. Págs. 1, 2, 6; [6] Secret life reveals what made Unabomber tick. The Independent Record. 15 jan. 1999. Pág. 33.