O ano de 1991 representou o começo do fim para Jeff Dahmer. Naquele ano ele simplesmente decidiu deixar a malignidade que o habitava tomar conta de tudo o que ele era. Não haveria mais dois Jeffs, mas só um: o assassino. Ele caçou de forma desenfreada homens para matar, adentrando cada vez mais no mundo caótico e doente de sua mente delirante. Engana-se, porém, quem acha que ele estava à deriva.
Como parte de seu programa de condicional, além de encontros quinzenais com sua agente de condicional, Jeff foi obrigado a participar de terapias de grupo no Hospital de Reabilitação De Paul. A degradação de Jeff se tornou visível e foi notada por um psicólogo que o acompanhava. Uma avaliação psicológica da época afirmou que ele era um indivíduo “isolado, sem amigos, hobbies, interesses, toda a vida é monótona, estéril, dirigida monomaniacamente, o que é um excelente e fértil terreno para a depressão”. O médico o diagnosticou com um “transtorno de personalidade mista associado com humor deprimido”. Mas foi a observação final que mais chamou a atenção: “[Uma] recaída grave é apenas uma questão de tempo.”
Quem dera se o médico soubesse que o seu paciente desaparecia com pessoas há 12 anos e que o seu conceito de “grave” não era nada perto das coisas que ele andava fazendo desde que saiu da casa de correção. Mais uma vez o alerta de um profissional da saúde ficou apenas no papel. Digo “mais uma vez” porque essa não foi a primeira vez que um agente público notou sua periculosidade e possibilidade de reincidência. Em 1987, por exemplo, uma psicóloga do estado escreveu em seu relatório que Jeff era “definitivamente assustador”.
Esmiuçar o caso Dahmer é dar de cara com uma sucessão sem fim de erros banais e críticos. Este assassino esteve nas vistas das autoridades desde o seu primeiro homicídio e ainda assim ninguém olhou para ele. O caso Konerak é apenas a cereja do bolo.
O caso Dahmer é um exemplo direto e prático de como um assassino em série foi autorizado a agir impunemente e ser bastante prolífico devido à fragilidade, insensibilidade e indiferença sistêmica de agentes públicos, o que, no fim das contas, é apenas um reflexo da própria sociedade.
Tal fato vai ao encontro do texto “Demônios de Olhos Amarelos” onde afirmo que “Jeff matou tantas vezes sem ser pego que começou a acreditar estar protegido por um poder maior”. Bom, ele mesmo diz sobre isso em suas confissões. Em toda sua vida ele teve “provas” de que o mal o protegia. Ele matava e fazia o que fazia com as vítimas ao mesmo tempo que frequentava o escritório da sua agente de condicional e salas de psicólogos e psiquiatras. Já assassino em série, ele morou um ano em uma prisão e ninguém suspeitou de nada. Ele era preso, seja por se masturbar na frente de pessoas, mostrar o pênis para crianças na rua ou molestá-las, e ninguém descobria sobre os seus crimes. A polícia foi na casa de sua avó devido ao caso Ronald Flowers, lugar onde ele desossava suas vítimas, e tudo ficou por isso mesmo. Ele desaparecia com homens que conhecia em boates, voltava no fim de semana seguinte e ninguém estava falando sobre eles. Ele assistia TV e não via uma reportagem sequer sobre homens desaparecidos. Há quem afirme que foi por estar convencido de seu “poder” que ele levou a polícia até o seu apartamento e os enganou sobre Konerak Sinthasomphone. Em sua mente delirante ele não podia ser descoberto. Enquanto ele enganava os policiais, dentro do quarto jazia estirado ao chão o corpo de Tony Hughes, que ele matara dois dias antes. Tudo isso, e várias outras coisas que aconteceram, serviram como ingredientes de formação e desenvolvimento da complexa patologia de Jeff Dahmer, de fato, uma mente “bizarra e primitiva”, como citou o psiquiatra Carl Wahlstrom em seu julgamento.
** Daniel Cruz, editor e fundador do OAV Crime, é autor de Jeff, na trilha da loucura.
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