O caso Lázaro Barbosa: um show de horror

Em 2002, durante um período de três semanas, pessoas que viviam ao longo da autoestrada I-95, entre os estados de Maryland e Virgínia, foram baleadas e mortas enquanto executavam...

Em 2002, durante um período de três semanas, pessoas que viviam ao longo da autoestrada I-95, entre os estados de Maryland e Virgínia, foram baleadas e mortas enquanto executavam tarefas mundanas como abastecer o carro. A nação entrou em um frenesi com a ação de um atirador serial e “especialistas” foram chamados para darem suas opiniões na TV. Com nenhum comportamento para avaliar exceto a precisão da pontaria, apresentadores estilo Datena opinavam e ofereciam todos os tipos de ideias sobre o “homem branco solitário com passado militar dirigindo um caminhão branco ou uma van.”

Logo ficou claro que o criminoso estava ouvindo o que os comentaristas e a polícia estavam dizendo sobre ele. Ele não atira em crianças – então ele atirou. Ele não atira nos fins de semana – então ele atirou.

Quando há poucas pistas em um caso, as pessoas podem desenvolver uma visão de túnel, como a de um cavalo com cabresto. No caso do atirador de Washington, as pessoas acreditavam que o criminoso dirigia uma van branca porque uma suposta testemunha relatou ter visto uma van branca na região. Ninguém tinha certeza disso, mas a mídia e os investigadores se apegaram a ideia. Eles também disseminaram um perfil oferecido na TV que dizia que o atirador era branco (a maioria dos atiradores eram brancos, então o assassino também devia ser).

No final, tudo estava errado: a van, a raça e a ideia de que eles poderiam falar abertamente sobre o perfil do indivíduo sem que o mesmo modificasse seu modus operandi de acordo com o que se sabia dele. O atirador acabou por ser uma dupla de homens negros, eles não dirigiam uma van, mas um carro adaptado para assassinatos. Um deles admitiu que atirou em certas pessoas após ver o chefe da polícia em programas de TV tentando antecipar quais seriam os próximos passos do assassino.

No final, a cobertura sensacionalista e sem compromisso dos meios de comunicação deixou a sua costumeira marca de irresponsabilidade, superficialidade, desinformação, notícias falsas e pânico (na população).

Qualquer semelhança com o deprimente show de horrores promovido pela mídia, perfis de redes sociais e autoridades, no caso Lázaro, não é mera coincidência.

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Daniel Cruz
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