O estranho caso do assassinato de Sharon Lopatka

“Tudo é muito estranho nesse caso,” disse um veterano investigador de polícia sobre o assassinato de Sharon Lopatka. E bota estranheza nisso. No dia de sua morte, quando Sharon...

“Tudo é muito estranho nesse caso,” disse um veterano investigador de polícia sobre o assassinato de Sharon Lopatka.

E bota estranheza nisso.

No dia de sua morte, quando Sharon desceu de um trem em Charlotte, na Carolina do Norte, ela sabia o perigo que a esperava. Pior: ela tinha consciência de que iria morrer. “Se meu corpo nunca for encontrado, não se preocupe, saiba que estou em paz,” escreveu ela para o marido antes da viagem. Suicídio? Nada disso.

Sharon era, digamos, diferente. Indo mais ao ponto, a mulher tinha sinistros desejos sexuais. Nos primórdios da Internet, ela ficou viciada em salas de bate-papo de conteúdo sexual pesado onde conversava anonimamente com pessoas interessadas em coisas como necrofilia, bondage e sadomasoquismo. Ela usava o apelido de “Carlson” e se apresentava como uma dominatrix disciplinadora de 135 quilos pronta para algo “real”.

A ideia de morte decorrente de tortura fascinava Sharon. Ao longo de vários meses ela postou mensagens expressando seu desejo de ser torturada até a morte. Ela recebeu muitas respostas de homens interessados, mas ninguém teve coragem de colocar a fantasia em prática. Fantasiar é uma coisa, passar para a realidade é outra. Em nossas cabeças ou no mundo virtual podemos fantasiar muitas coisas, mas a realidade é bem diferente.

Decidida a alcançar o prazer supremo, Sharon insistiu até encontrar numa sala de bate-papo um insuspeito homem de meia idade, casado e pai de três filhos. Seu nome era Robert Glass e os dois eram perfeitos um para o outro — Sharon queria ser torturada e Robert adorava torturar.

Por meses os dois trocaram e-mails discutindo detalhes da fantasia sexual de Sharon. Em 16 de outubro de 1996 o grande dia chegou e a mulher pôde, enfim, sentir os prazeres da sua fantasia.

Sharon foi encontrada enterrada na propriedade de Robert. À polícia, o homem disse que simplesmente satisfez as fantasias sexuais da vítima. Ele nunca a obrigou a nada. Após a tortura, Sharon pediu para ser estrangulada durante o coito e Robert atendeu de bom grado.

Sem muito o que fazer, a promotoria o acusou de homicídio culposo e Robert foi condenado a pouco mais de quatro anos de prisão.

Curiosidade: Sharon Lopatka foi o primeiro caso documentado da história onde investigadores usaram e-mails para identificar um crime de assassinato. Em 20 de fevereiro de 2002, faltando apenas 15 dias para ser colocado em liberdade, Robert Glass faleceu de um ataque cardíaco.

Referências: [1] Parker & Slate. Social Killers. Amigos Virtuais, Assassinos Reais.com. DarkSide Books. 2015; [2] Woman in search of a brutal death finds it on Internet. Tallahassee Democrat. 30 de Outubro de 1996. Página 1A; [3] Autopsy shows woman was strangled. The Charlotte Observer. 29 de Outubro de 1996. Página 1A; [4] To choose to die on one’s own terms. The Baltimore Sun. 13 de Dezembro de 1996. Página 27A.

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Daniel Cruz
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