Lady Killers – Assassinas em Série: 14 citações do mais novo lançamento da DarkSide Books

Em medos de 2018 chegou até nos do blog O Aprendiz Verde um sinistro chamado. A epístola escrita em um papel negro e tinta vermelha – cuja perícia nossa...
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Lady Killers - Assassinas em Série - 14 citações

Em medos de 2018 chegou até nos do blog O Aprendiz Verde um sinistro chamado. A epístola escrita em um papel negro e tinta vermelha – cuja perícia nossa comprovou-se ser sangue – nos incumbia de uma terrível missão: traduzir os manuscritos de Lady Killers – Assassinas em Série, primeiro livro da escritora americana Tori Telfer – aquela mesmo que tem uma sinistra coluna no site Jezebel.com onde conta as histórias de mulheres psicopatas. 

Aceitamos a missão de bom grado 💀

Claro que não foi um trabalho fácil. Mergulhar no mundo obscuro e sanguinolento de mulheres – tão malignas que fariam Hannibal Lecter sentir inveja – cobrou o seu preço. Mas estamos aqui, vivos ainda, e até adicionamos a nossa pitada particular de sangue fresco em um anexo especial com várias outras mini-histórias de mulheres que fizeram do assassinato e da dor o seu estilo de vida.

Patricia Pearson em seu estudo sobre a violência feminina “When She Was Bad…: Violent Women and the Myth of Innocence” (1997) diz que em uma conferência na cidade de Alberta, Canadá, o lendário profiler do FBI Roy Hazelwood disse para a plateia que “Não existem serial killers mulheres“. Não é claro qual o contexto de sua frase, mas obviamente que Roy cometeu um equívoco e dos grandes. De qualquer forma, é correto dizer que a sabedoria popular durante muito tempo negou a existência de tais assassinas, mas elas sempre existiram, e Tori Telfer traz o perfil de 14 delas, cobrindo quase mil anos de história homicida. Suas motivações eram diferentes, mas o resultado, seja no ano de 1200 ou em 1950, sempre foi o mesmo.

Lady Killers – Assassinas em Série, de Tori Telfer, tem previsão de lançamento para o próximo dia 24 de janeiro, mas já está em pré-venda no site da editora DarkSide Books.

A seguir estão as 14 assassinas em série que aparecem em Lady Killers – Assassinas em Série. Para cada uma delas retiramos uma citação do livro

Lady Killers - Erzsébet Báthory

1. A Condessa Sanguinária


Ao contrário do que se lê por aí, a lendária condessa húngara Erzsébet Báthory não foi a primeira serial killer mulher da história. Houve muitas antes dela. Algumas conhecidas. A maioria não. O tempo é implacável e sepulta a maioria dos acontecimentos corriqueiros, incluindo massacres, assassinatos em massa e etc. Mas os acontecimentos de vida da senhora Báthory não. Ela nunca foi esquecida e sua história atravessou a barreira do tempo. Por quê? Porque ela extrapolou aquilo que a sociedade de sua época considerava como bestial – e olha que naquele tempo era normal ricaços matarem um ou outro criado por “malcriações”. É bem verdade que muito de sua história foi distorcida ao longo dos séculos, mas uma coisa ninguém questiona: ela era psicótica e cruel, muito cruel.

[Passagem em Lady Killers – Assassinas em Série]: Se a tortura terminasse ali, era um bom dia para as suas criadas, mas Erzsébet raramente ficava satisfeita com alfinetes e dedos cortados. Não importa em que castelo a condessa estivesse hospedada, ela tinha uma câmara de tortura para brincar, e as brutalidades que ocorreram nelas eram absolutamente assustadoras. O esquadrão de tortura poderia queimar as garotas com ferros em brasa ou espancá-las “até seus corpos explodirem.” Uma vez, Erzsébet colocou seus dedos dentro da boca de uma menina e rasgou seu rosto. Havia também relatos de alicates usados para rasgar a carne das meninas e rumores de canibalismo forçado. “Que crueldade ultrajante! Nenhum açougueiro abaixo do céu era, na minha opinião, mais cruel,” escreveu horrorizado o pastor de Csejthe a um amigo depois de descobrir o que acontecia nos calabouços das masmorras de Erzsébet. Alguns membros da equipe de tortura tinham suas especialidades: Dorka gostava de cortar fora os dedos das meninas com tesourões. Darvolya gostava de dar-lhes quinhentas chicotadas. E Erzsébet gostava de tudo.

Lady Killers - Nannie Doss

2. A Vovó Sorriso


Para todos, Nannie Doss era o arquétipo da mulher de meia-idade americana dos anos 1950. Era uma senhora amável que sorria e gargalhava o tempo todo. Ela se casou, teve quatro filhos, e passava o seu tempo com os netos. Gostava de cozinhar e fazia bolos e quitutes muito saborosos, os quais gostava de presentear aos seus pretendentes. Mas detrás da máscara sorridente havia uma trilha de mortes e assassinatos que cruzou três décadas sem levantar a mínima suspeita. Quando ela foi desmascarada como uma fria assassina em série, o circo midiático americano se encantou por sua história – às gargalhadas e fazendo piadas, a simpática vovó não teve problema nenhum em tagarelar com jornalistas dando detalhes de seus crimes com uma naturalidade de gelar os ossos.

[Passagem em Lady Killers – Assassinas em Série]: Enquanto isso, corpos estavam sendo escavados por todo o país. Arsênico foi encontrado em cada um dos maridos mortos de Nannie, e acusações de assassinato foram se acumulando contra ela. Nenhuma dessas descobertas foi uma surpresa, já que Nannie já havia admitido esses assassinatos em particular, mas houve uma revelação chocante: apesar da insistência contrária de Nannie, uma autópsia revelou que o corpo da sua mãe estava cheio de arsênico. Por que Nannie foi tão relutante em admitir que matara sua mãe? Ela foi praticamente leviana a respeito dos assassinatos dos seus decepcionantes maridos, como se ela tivesse o direito de tirar suas vidas. Considerando o quão entusiasmada ela ficou com a autópsia de Sam Doss, parece que ela queria que a matança de seus maridos viessem à tona. E, no entanto, ela não suportava a sugestão de que tivesse feito mal à sua mãe. Ela construiu uma narrativa de que ela apenas matou aqueles que mereciam morrer, e matar familiares inocentes não se encaixava nessa história. Eu ficaria de joelhos e rastejaria por minha mãe, ela insistia, e os papéis imprimiram, palavra por palavra.

Lady Killers - Lizzie Halliday

3. A Pior Mulher da Terra


O título de A Pior Mulher da Terra pode parecer grosseiro e sensacionalista, mas em se tratando da irlandesa Lizzie Halliday, o apelido é mais do que apropriado. Ela, literalmente, era um animal ensandecido vagando pelas ruas do estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos, – para onde imigrou com a família quando ainda era bem nova – e, como uma bomba-relógio, em contagem regressiva para explodir. Não à toa, ela foi definida pelo The New York History Blog como a “pessoa mais desprezível da história do Condado de Sullivan”. Serial killers mulheres são raras; serial killers mulheres como Lizzie Halliday por sua vez, é a raridade dentro da raridade. O que ela fez com a sua última vítima é assustador.

[Passagem em Lady Killers – Assassinas em Série]: Talvez porque ela parecesse tão impregnada de violência, tão intrinsecamente homicida, Lizzie provocou mais desgosto no tribunal e na mídia do que outras mulheres assassinas em série que fizeram mais vítimas que ela. Lizzie assassinou – bem, ela assassinou como um homem. A maioria das mulheres serial killers usam veneno, não violência física, e vitimam pessoas mais próximas a elas. Não Lizzie Halliday. Lizzie esfaqueou, atirou, espancou e perseguiu estranhos. (Não é de admirar que ela tenha sido comparada a Jack o Estripador.) Até mesmo sua aparência confirmava essa ideia que de que alguma forma ela não era feminina. Não havia nada sobre Lizzie que encantasse o público, nenhum detalhe atraente para ligar as pessoas da forma como se apegavam aos assassinos mais bonitos. Lizzie era vista como sórdida e selvagem: selvagem como um falcão, sem amigos, como um gato, sangrando abertamente no carpete, deixando as moscas rastejarem em seu rosto. Não apenas não feminina, de fato, mas não humana. E embora ela “apenas” tenha assassinado cinco pessoas (até onde sabemos), o fato dela continuar matando após ser sentenciada contribuiu para a ideia dela como uma assassina irremediável, alguém que para sempre será ruim – a pior, a pior de todas. Mesmo o aparato da lei e medicina não conseguiram conter a incessante violência que havia dentro dela. Eles tentaram contê-la, mas eles não puderam detê-la e não puderam salvá-la, porque o que ela precisava para escapar – do que ela nunca poderia escapar – era ela mesma.

Lady Killers - Elizabeth Ridgeway

4. Diabo na Forma de uma Santa


Elizabeth Ridgeway era do tipo que não aguentava o tédio. Ela, entretanto, não tinha para onde correr já que a vida numa minúscula cidadezinha inglesa do século XVII era o mais do mesmo, como um relógio, todos os dias. Tique taque. Mas, como todo bom psicopata, ela encontrou uma saída. Incapaz de trabalhar seus demônios interiores, ela assassinou e assassinou, e no final culpou um demônio bruxo que aparecia na calada da noite para abusar do seu corpo enquanto sussurrava o mal em seu ouvido. Deitar-se com o diabo no pós-idade média não foi a melhor das desculpas e ela teve aquele destino que você já viu em muitos filmes de bruxas.

[Passagem em Lady Killers – Assassinas em Série]: Os relatos do tempo de Elizabeth insistiam que ela era a pior, a mais má. (Parece familiar?) Séculos depois, seus crimes parecem singulares. É um exemplo perfeito da natureza obliterante da história: após um tempo, à medida que crescemos sobrecarregados com os horrores de nossos dias, o passado perde a sua mordida, se tornando quase que pitoresco. Mas se tentarmos categorizar o mal, nós podemos dizer que Elizabeth provavelmente não foi “a mais” de qualquer coisa. Sim, ela estava com raiva, e mal-humorada e insensível e suicida. Ela era rápida para entrar em relacionamentos e rápida para acabar com eles. Mas ela certamente não foi o mais “bárbaro Exemplo” de violência e morte que o século já havia visto, apesar do que as pessoas afirmavam. Ela nem parece particularmente sanguinária. Em vez disso, ela aparece como fria – insensível à morte e disposta, pelo menos duas vezes, a acabar com a própria vida. Nós vemos isso na extraordinária indiferença que ela teve com John Newton, que provavelmente era um tipo irritante no modo como ele continuava a ir em sua cela pressionando-a a se confessar, mas que também queria desesperadamente lhe trazer um pouco de paz. Uma mulher que pode sorrir ao mentir a um pastor na noite anterior à sua execução não parece ser o tipo de mulher que teme muito a morte. No fim das contas, talvez ela carregasse veneno em seus cabelos.

Lady Killers - Raya e Sakina

5. Víboras


É improvável que exista algum egípcio – muçulmano, cristão ou judeu – que nunca tenha ouvido a história das irmãs Raya e Sakina. Não falo da história real praticamente sepultada pelo desinteresse coletivo, mas do filme de suspense de 1953 ou da comédia teatral dos anos 1980, que se baseou na história. Cavucando lá no fundo do baú, descobrimos porque os pais egípcios pararam de nomear seus filhos com os nomes das irmãs; na verdade, até hoje no Egito, quando mães furiosas querem assustar seus filhos, elas ameaçam dizendo que se eles não pararem com as travessuras, Raya e Sakina irão aparecer para levá-los! Empreendedoras, a casa das irmãs caiu quando um cego resolveu instalar canos em sua casa – que fora alugada por Raya e Sakina. Ele começou a cavar, para antecipar o trabalho dos encanadores, e encontrou algo que os olhos não podiam ver, mas que o seu tato e olfato lhe disseram imediatamente. 

[Passagem em Lady Killers – Assassinas em Série]: O fato de que este caso era escandaloso, horripilante e, portanto, extremamente excitante, não foi a única razão pela qual se espalhou. As prisões de Raya e Sakina – e a percepção de que suas vítimas também eram mulheres, muitas delas prostitutas – bateu com a ansiedade existente sobre a erosão dos valores morais do Egito, especialmente quando se tratava da mudança do papel das mulheres. Veja, em 1920, as mulheres estavam começando a patrocinar espaços tradicionalmente masculinos como mercados, bares e cafés – e o fato de que elas estavam sendo assassinadas parecia, para algumas pessoas, ser exatamente o que elas mereciam.  A imprensa culpou as vítimas por suas próprias mortes, dizendo que se elas não estivessem andando por aí tão descaradamente e/ou trabalhando como prostitutas, elas nunca teriam encontrado as mortais irmãs. “Qual é a força que levou essas mulheres a entrar nesses prostíbulos e provocar a sua própria destruição nas mãos dos assassinos?” publicou um editorial. “A resposta é facilmente compreensível… é a perda da decência da parte de homens e mulheres.” Outro editorial insistiu nas falhas morais das vítimas: “Raya… encontrou aquelas com almas fracas.”

Lady Killers - Mary Ann Cotton

6. A Mulher Maldita


Uma das mais prolíficas assassinas em série da Inglaterra, Mary Ann Cotton estampou capas de jornais por meses após a descoberta de seus crimes. A incipiente mídia inglesa já sabia que leitores vitorianos eram fascinados pela figura da mulher envenenadora, exalando beleza e doçura, que oferecia ao marido uma segunda colher de açúcar para o chá enquanto segurava o filho recém-nascido no braço. Mas a infame fama de Mary Cotton não veio apenas pelo recorte da mídia, até porque houve muitas outras mulheres envenenadoras que matavam seus maridos e parentes em sua época. Mary Ann era diferente. Ela era pior. Não a toa sua história sobreviveu ao tempo e hoje é contada em minisséries para a TV e livros como Lady Killers.

[Passagem em Lady Killers – Assassinas em Série]: Mary Ann era uma sociopata viciada no ímpeto de matar inocentes? Ela era uma capitalista, subindo a escala social dos maridos em uma tentativa desesperada de ganhar alguma autonomia? Ela estava se esforçando para alguma coisa, mas não está claro o que ela mais queria. Dinheiro? Liberdade? Dor de outras pessoas? Ela via o casamento e a maternidade como uma forma de prisão – uma que ela queria desesperadamente se libertar – mas também como uma forma de salvação, e assim seus métodos eram cíclicos ao ponto da loucura. Ela matou um marido apenas para se casar com o próximo; ela envenenou um filho e logo engravidou de outro. O que ela acha que aconteceria com o próximo marido, o próximo bebê? Ela estava esperando alguma coisa para chutar para dentro de si: uma sensação final de satisfação, conforto, instinto maternal, amor? Não importa quantos horrores ela tenha infligido em outras pessoas, nada nunca realmente mudou para ela. E assim ela nunca escapou do seu corredor de espelhos, forçada a reviver sua própria história sórdida vez após vez.

Lady Killers - Darya Saltykova

7. A Atormentadora


Pouco mais de 130 anos depois de uma certa condessa húngara massacrar jovens moças em seus castelos, outra nobre européia deu início à sua própria onda homicida tão sádica quanto sua companheira de coroa. Ela tinha prazer em torturar e mutilar suas vítimas, principalmente meninas jovens, as quais ela odiava por suas belezas e juventude – algo que ela acreditava ter perdido com a idade. A crueldade da russa Darya Saltykova não tem explicação simples, certo mesmo é que a religiosa Darya transbordava de sadismo abusando, açoitando, espancando, torturando e matando meninas e mulheres. Sua posição social lhe permitia isso, mas como no caso Báthory, ela ultrapassou o limite da crueldade que as autoridades da época delimitavam.

[Passagem em Lady Killers – Assassinas em Série]: Darya era obcecada com a limpeza e gostava do chão do jeito que gostava dos seus ícones ortodoxos: imaculado. Ela também era temperamental, e o resultado dessa combinação era más notícias para as mulheres criadas que limpavam a casa. A visão de um chão inapropriadamente limpado ou um lote de roupa suja faria Darya voar em uma raiva perversa. Ela pegaria o pau, rolo de massa ou chicote mais próximo e começaria a bater em qualquer garota que tremesse e fosse a responsável pelo trabalho mal feito. Por todo o país, nobres chicoteavam seus servos por infrações semelhantes – mas Darya não sabia quando parar. Não demorou muito para que seus vizinhos em Moscou começassem a escutar rumores horríveis sobre os servos de Saltykova: Darya trancava suas criadas em uma cabana vazia e deixava-as dias sem comida; as garotas de Darya tinham manchas de sangue em suas roupas. Os aldeões de Troitskoye também começaram a sussurrar. Alguma coisa estava errada na casa de verão de Darya, disseram eles. Uma vez, eles escutaram que uma carroça que saía da propriedade estava carregando o corpo de uma criada. Quando eles espiaram por dentro, viram que a pele da garota estava esfolada, seu cabelo havia sido arrancado.

Lady Killers - anna marie hahn

8. Iceberg Anna


A alemã Anna Marie Hahn imigrou para os Estados Unidos em 1929 após escandalizar sua família ao engravidar de um austríaco. O filho ficou na Alemanha e, aos 23 anos, chegou na América com uma mão na frente e outra atrás. Mas com sua linda voz de contralto e aparência rechonchuda e loira – o modelo de beleza padrão da época – ela logo encantou os alemães idosos da comunidade de imigrantes, especialmente quando visitava os muitos estabelecimentos germânicos de Cincinnati, Ohio. Ela cantava antigas baladas da Baviera, movendo-se de mesa em mesa, para delírio dos presentes. Não foi difícil para a bela alemã seduzir pobres homens viúvos e carentes apenas para roubar-lhes o dinheiro e deixar o seu cartão de visitas: bebidas e bolos cheios de arsênico.

[Passagem em Lady Killers – Assassinas em Série]: Seu cabelo estava desgrenhado, seu rosto cinzento, e ela não usava o crucifixo dourado que ostentara durante o julgamento. No momento em que a porta da cabine de execução se abriu, Anna desabou ao ver Old Sparky, a cadeira elétrica. Ela jamais recebera uma mulher antes. “Por favor, não. Oh, meu filho. Pensem no meu menino. Alguém, qualquer um, alguém virá e fará algo por mim?”, chorou ela, olhando em volta para pessoas que não tinham qualquer poder de salvá-la – o sacerdote, os três médicos, os jornalistas horrorizados. “Ninguém pode me ajudar? Alguém, qualquer um. Ninguém vai me ajudar?”. Durante sua vida, Anna foi totalmente insensível diante da morte. Ela podia olhar para um velho debilitado, coberto em seu próprio vômito e envenenado por sua própria mão, e dizer que mal o conhecia. Ela lidava com a morte como se fosse apenas mais um de seus golpes, como as falsificações e os cheques sem fundo e os anéis furtados. Mas agora que a morte a olhava de volta, Anna não conseguiu aguentar. Ela teve que ser carregada, gritando e se debatendo, para a cadeira elétrica.

Lady Killers - Oum-El-Hassen

9. O Rouxinol


Tori Telfer nos leva até o norte da África do começo do século XX para contar a diabólica história da dançarina do ventre Oum-El-Hassen, argelina de nascimento e marroquina de coração. Aos vinte e poucos anos, atendendo pelo nome artístico de Moulay, ela tinha o seu próprio bordel e era a mais famosa prostituta da África, sonho de consumo dos soldados europeus que infestavam aquela região devido à I Guerra Mundial. Mas como todo negócio, uma hora estamos lá em cima e na outra lá em baixo. Quando o empreendimento faliu, ela perdeu o glamour, a admiração e o respeito, indo parar nos esgotos de outra cidade, onde se aliou a pessoas sórdidas, tentando manter-se na ativa. Foi quando também muitas meninas começaram a desaparecer.

[Passagem em Lady Killers – Assassinas em Série]: No outono de 1936, Moulay tinha aproximadamente quarenta e seis anos. Ela não era mais aquela jovem flexível; sua aparência havia se “dissolvido nas gorduras da meia-idade”.  Seus dias de luxo e veneração haviam ficado para trás, e sua vida agora era repleta de violência – e um segredo particularmente terrível. Às vezes crianças brincavam nas ruas em frente ao bordel de Moulay, e um dia um grupo delas topou com algo que chamou sua atenção: um cesto pesado, amarrado com cordas. Elas cutucavam umas às outras para abrir aquilo, mas nada poderia tê-las preparado para o que havia dentro. “Pés, mãos, uma cabeça com cabelos, um tronco e seios jovens” surgiram dentro do cesto – uma caixinha de surpresas macabra, com um corpo em pedaços. A carne dilacerada estava coberta de hortelã, erva-doce e tomilho, enfiados dentro do cesto para disfarçar o odor da putrefação.

Lady Killers - Tillie Klimek

10. A Suma Sacerdotisa


A polonesa Tillie Klimek foi descrita pelos jornais americanos como a “Polonesa Borgia” e “Sra. Barba Azul”. Como outras serial killers que gostavam de envenenar pessoas, incluindo Mary Ann Cotton, Klimek era uma mulher comum pertencente à classe social baixa com poucas chances na vida, mas uma pequena esperança. Quando ela descobriu o poder do arsênico e as boladas dos seguros de vidas que vinham em seu rastro, aliou o útil ao agradável. Uma alma completamente negra, Klimek fazia piadas e dizia para quem quisesse ouvir que fulano de tal morreria em tal dia. E no tal dia ele morria mesmo. Alguns pensaram que ela podia prever o futuro. Mas aqueles que não tinham uma queda pelo sobrenatural logo suspeitaram de outra coisa.

[Passagem em Lady Killers – Assassinas em Série]: Se você fosse uma mulher e desejasse matar seu marido, a Chicago dos anos 1920 era um ótimo lugar para estar. Tudo que você precisava fazer era atirar na nuca do safado traidor e depois aparecer no tribunal, exalando perfume e mordendo os lábios de remorso. Seus advogados podiam te pedir que ondulasse seu cabelo, inspirada nas amáveis assassinas que foram absolvidas antes de você, como Belva Gaertner, a “Elegante” e Beulah Annan, a “Bela” – as mulheres que inspiraram a peça Chicago. O júri inteiramente masculino lançaria olhares de aprovação sobre seus belos tornozelos enquanto você passasse por eles, visivelmente trêmula. Vamos lá, deixe uma singela lágrima escorrer ao lado do seu nariz perfeito. Você sairá livre – mas só se você for muito, muito bonita. Tillie Klimek não era bonita. Aos quarenta e cinco anos, ela estava desgastada pela maternidade, pelas atividades domésticas e por casamentos questionavelmente problemáticos. Ela era amaldiçoada com uma “aparência disforme” e uma “rosto granuloso”. Ela guardava rancores mesquinhos. Ela parecia saber uma coisa ou outra sobre ocultismo. E ela teve a audácia de jogar mariticídio sem conhecer as regras.

Lady Killers - Alice Kyteler

11. A Feiticeira de Kilkenny


Em 1324, Richard Ledrede, bispo de Ossory, declarou que sua diocese era um foco de adoradores das trevas. A figura central no caso foi Alice Kyteler, uma mulher rica de Kilkenny, cidadezinha no sudoeste da Irlanda, acusada de praticar bruxaria por seus enteados. Foi o primeiro julgamento documentado na Europa de bruxaria a tratar os acusados como hereges, relatando que Kyteler adquiriu o poder da bruxaria através de relações sexuais com um demônio, características que mais tarde se tornaram comuns nos famosos julgamentos de bruxas dos séculos XVI e XVII. Mas detrás do ceguismo religioso em voga na época, estava o simples fato de que Alice Kyteler era apenas uma assassina em série.

[Passagem em Lady Killers – Assassinas em Série]: A mulher que esteve no centro do primeiro julgamento legítimo por bruxaria na Europa pode na verdade ter sido a primeira assassina em série documentada no continente, mas as acusações teatrais lançadas contra ela – dormir com demônios! Cozinhar os cérebros de crianças não batizadas! – rapidamente ofuscaram seus verdadeiros crimes. A Dama Alice Kyteler era uma sedutora de maridos, uma alpinista social destemida e uma inimiga perigosa. Ela era charmosa, poderosa, aventureira e hábil nas finanças. Se você examina minuciosamente sua vida começa a notar padrões, como o fato de que ela deixou uma quantidade de maridos mortos pelo caminho, mas estes padrões se desvaneceram nos anais da história. O que as pessoas recordam sobre Alice, quando ao menos pensam nela, é que ela pode ou não ter voado numa vassoura.

Lady Killers - Katie Bender

12. A Bela Degoladora


A infame família Bender apareceu discretamente no sudeste do Kansas, na primavera de 1872. Eles não pareciam ter nada de especial, apenas mais uma família de imigrantes que escapou das cidades do leste para fazer a vida no selvagem e inóspito oeste. Como tantos outros, eles simplesmente queriam fazer dinheiro. No entanto, seus métodos para obtê-lo faria Norman Bates corar. E você aí achando que aquele filme de terror onde desavisados adolescentes param numa hospedaria para pernoitar apenas para descobrir que os donos são sanguinários serial killers é apenas ficção e saído da mente de um roteirista de filmes. Nesta macabra família de hoteleiros sanguinários, destaca-se a jovem bonitona e voluptuosa Kate Bender  – inteligente, gananciosa, enganadora e má.

[Passagem em Lady Killers – Assassinas em Série]: Kate era obviamente a isca. Enquanto flertava, ela se assegurava de que o convidado se sentasse de costas para a cortina de lona, que era gordurosa e salpicada de misteriosas manchas. Do outro lado da cortina, Pai ou John Jr. espreitariam silenciosamente, empunhando um martelo. A Mãe vigiava do lado de fora. Se ela avistasse outro viajante adentrando a propriedade, ela faria um som agudo como uma tosse – o som que Jack o Feliz ouvira – e o convidado escaparia com vida. Mas se a Mãe permanecesse em silêncio, o jogo começava. Tão logo o convidado risse, se mexesse ou se inclinasse para trás, deixando a silhueta de sua cabeça de encontro à cortina, um dos homens o golpearia com o martelo, esmagando seu crânio através do tecido. Era quando Kate saltava e cortava sua garganta. O alçapão seria aberto e o corpo atirado no porão. Se a vítima ainda não estivesse morta morreria ali (o gemido que Corlew observou), ou então eles terminariam o serviço mais tarde. No meio da noite, os Bender arrastavam o corpo para o pomar e o enterravam numa cova rasa. Na manhã seguinte o Pai se encarregaria de arar o terreno, para esconder aquele quadrado de terra fresca. O sistema era abominavelmente genial. Eles matavam apenas viajantes, e quase sempre aqueles viajantes andavam sozinhos. Nenhum dos moradores de Cherryvale suspeitou de nada porque ninguém na região conhecia ou se importava com a identidade daqueles viajantes, e quando a notícia do desaparecimento chegava às famílias era impossível dizer qual dos inúmeros perigos da estrada os havia matado. Durante a era de ouro das explorações americanas, os Bender seguiam incansáveis – uma imagem vívida dos perigos que cercavam os viajantes.

Lady Killers - As Criadoras de Anjos de Nagyrév

13. As Criadoras de Anjos de Nagyrév


Em 1911, uma misteriosa mulher de meia-idade apareceu na remota vila húngara de Nagyrév. Ela não tinha marido, não tinha filhos e não tinha passado, ou melhor, até tinha, mas esse era desconhecido. Ela se identificou como Susanna Fazekas e logo começou a trabalhar. Sua especialidade? Fabricação e venda de arsênico para fins mortais. Pouco depois de sua chegada, ela criou um mercado de compra-venda-de-veneno-para-assassinato que originou uma horda de serial killers mulheres que entrou para a história criminal como as Criadoras de Anjos de Nagyrév. Este grupo de serial killers de saias praticamente dizimou a população masculina de Nagyrév e região durante 15 anos de matanças a esmo.

[Passagem em Lady Killers – Assassinas em Série]: As mulheres de Nagyrév jamais pensaram que as coisas chegariam a tal ponto. Sim, elas mataram pessoas, mas muitas delas nem enxergavam o que tinham feito como assassinato. Assassinato, para elas, tinha a ver com sangue, luta e força. Elas simplesmente tinham feito pessoas dormirem. “Não somos assassinas”, disseram no tribunal. “Não apunhalamos ou afogamos nossos maridos. Eles simplesmente morreram envenenados. Era uma morte fácil para eles e não um assassinato”. Talvez aquelas mulheres vissem o envenenamento como uma “morte fácil” porque eram insensíveis à morte. Elas simplesmente viam como a vida podia ser dura: como as pessoas iam à guerra e voltavam mental e fisicamente afetadas, como a comida era escassa, como crianças morriam como moscas independentemente de terem sido assassinadas ou não (nos anos 1930, quase um terço das crianças camponesas da Hungria morria antes de atingir idade escolar). Talvez aquelas mulheres tivessem se convencido de que estavam apenas acelerando um processo cruel que terminaria por levar embora seus maridos mutilados, seus parentes agressivos e seus bebês chorões.

Lady Killers - marie madeleine marguerite d'aubray

14. A Rainha dos Envenenadores


Durante o fim da década de 1660 e início da década de 1670, mortes misteriosas de vários membros da nobreza francesa se sucederam uma após a outra, levando a um escândalo que ficou conhecido como “O Caso dos Venenos”, que envolveu indivíduos proeminentes da corte de Luís XIV da França. Três anos antes do Caso dos Venenos iniciar oficialmente, o julgamento da famosa envenenadora em série, Marie-Madeleine Marguerite D’AubrayMarquesa de Brinvilliers, já havia chocado a corte real de Luís XIV e permeado o imaginário popular. Seu caso de homicídio revelou que o envenenamento era a causa sombria de várias mortes misteriosas que haviam ocorrido na elite da sociedade francesa. Um verdadeiro escândalo que talhou para sempre o seu nome no roll das maiores serial killers mulheres da história.

[Passagem em Lady Killers – Assassinas em Série]: O amor e os seus primos próximos, luxúria e obsessão, têm sido identificados como a “fonte” dos crimes femininos desde o início dos tempos, em uma série de modos arquetípicos: a senhorita ciumenta, a amante rejeitada, a Ofélia enlouquecida, a garota manipulada por Manson. O amor oferece uma história não apenas romântica, mas prazerosa. É um fogo limpo, no fim das contas; o amor pode ser destrutivo, mas em sua essência o amor deve ser nobre e verdadeiro, do mesmo modo que em sua essência os nobres franceses deviam ser bondosos. Se a origem dos crimes de Marie era o amor, aquilo parecia negar a pior parte de sua perversidade, ou pelo menos torná-la socialmente mais aceitável. Uma nobre bondosa podia enlouquecer um pouco no que dizia respeito ao amor, especialmente uma nobre apaixonada por um homem como Sainte-Croix, que se gabava de suas pseudociências e tentava transformar coisas em ouro. Atualmente, podemos ver que não foi amor o que levou a marquesa a matar, a despeito do que as fofocas afirmam. Ela amou e foi amada, e talvez o amor a tenha levado à sua derrocada, mas ela também era furiosa, vingativa, e obcecada por sua caixa de “heranças” (“ninguém deveria aborrecer outrem!”). Mas o dinheiro era algo prosaico e a vingança era algo desagradável para uma nobre, então a narrativa de amor foi a que pegou.

Darkside-Lady-Killers-CapaTítulo: Lady Killers – Assassinas em Série

Autor: Tori Telfer

Lançamento: 24 de Janeiro de 2019

Especificações: 384 páginas, capa dura

Descrição: Inspirado na coluna homônima da escritora Tori Telfer no site Jezebel.com, Lady Killers: Assassinas em Série é um dossiê de histórias sobre assassinas em série e seus crimes ao longo dos últimos séculos, e o material perfeito para você mergulhar fundo em suas mentes. Com um texto informativo e espirituoso, a autora recapitula a vida de catorze mulheres com apetite para destruição, suas atrocidades e o legado de dor deixado por cada uma delas. Tori Telfer conta as histórias de Erzsébet Báthory, Nannie Doss, Lizzie Halliday, Elizabeth Ridgeway, Raya e Sakina, Mary Ann Cotton, Oum-El-Hassen, Tillie Klimek, Alice Kyteler, Darya Saltykova, Kate Bender, As Criadoras de Anjos de Nagyrév e Marie-Madeleine, a Marquesa de Brinvilliers. O anexo especial do Aprendiz Verde inclui as mini-histórias de Gesina Gottfried, Maria Swanenburg, Hélène Jegado, Marianna Skublinska, Dagmar Overbye, Leonarda Cianciulli, Delfina e Maria de Jesús, Waltraud Wagner, Dorothea Puente, Aileen Wuornos, Heloísa Gonçalves, Juliana Barraza, Irina Gaidamachuk e Tamara Samsonova.

Universo DarkSide – os melhores livros sobre serial killers e psicopatas

http://www.darksidebooks.com.br/category/crime-scene/

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"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz." (Platão)
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