Luka Magnotta vestiu o boné de beisebol e a camisa de Jun Lin depois de cortar a garganta de sua vítima e desmembrá-la, mas não como troféus de seu ato hediondo, e sim porque era insano. Foi isso o que disse aos jurados o advogado do réu durante suas considerações finais, surpreendentemente breves.
Após um julgamento esgotante que durou dez semanas, repleto de depoimentos de testemunhas, fotos e vídeos terríveis, bem como imagens de Magnotta capturadas por câmeras de vigilância antes, durante e depois de seus atos, Luc Leclair fez sua declaração final em apenas uma hora.
Num discurso confuso e aparentemente desorganizado, Leclair disse aos jurados para não se apiedarem de seu cliente porque ele foi espancado quando criança, nunca foi à escola antes da 6ª série e sofre de esquizofrenia. Eles deveriam, afirmou ele, declará-lo criminalmente inimputável pelas coisas horríveis e bizarras que ele fez em Maio de 2012.
Falando em francês – apesar de Magnotta só falar inglês e Leclair ter falado inglês durante todo o julgamento, que em sua maior parte foi conduzido em inglês – o advogado disse aos jurados que tentassem se colocar no lugar de Magnotta para entender o que aconteceu.
“A evidência está ali, não nos relatórios psiquiátricos”, disse Leclair. “Ninguém mais vai tomar essa decisão, vocês precisam pensar por si próprios”.
“Eu não vou passar o dia falando blá blá blá para vocês”.
A promotoria alega que Magnotta se inspirou no filme “Instinto Selvagem”, estrelado na década de 90 por Sharon Stone, uma pessoa que o assassino idolatrava.
Mas Leclair observou que Magnotta usou uma chave de fenda para matar Lin, não um picador de gelo, como o usado no filme.
“Não havia nenhum Stephen Harper naquele filme, nenhum bilhete, nenhum pacote”, afirmou Leclair. “Não existe nada além de semelhanças superficiais”.
Magnotta, que permaneceu encolhido em seu lugar no banco dos réus como havia feito durante quase todo o julgamento, admitiu as cinco acusações contra ele. Ele é acusado de homicídio em primeiro grau, produção e distribuição de material obsceno, vilipêndio de cadáver, envio de correspondência contendo material obsceno e ameaças ao Primeiro-Ministro Stephen Harper e outros membros do Parlamento.
Ele retalhou o corpo de Lin em dez pedaços, descartando o tronco, braços e pernas na lixeira nos fundos de seu prédio. Ele enrolou os pés e as mãos em papel de seda rosa e enviou-as pelo correio em quatro pacotes separados, que incluíam bilhetes escritos à mão, para os partidos Conservador e Liberal e para duas escolas em Vancouver. Ele deixou a cabeça no Parque Angrignon.
Leclair, por meio do testemunho de quatro psiquiatras, três médicos familiares e do pai esquizofrênico de Magnotta, tentou convencer o júri de que seu cliente estava tão mentalmente doente no momento do crime que não tinha consciência do que estava fazendo.
Entretanto, quando chegou o momento de resumir as evidências, Leclair pulou de tópico em tópico, e mal tocou no material apresentado durante as últimas semanas de julgamento.
“Não há lugar para simpatia nesse caso”, disse ele às oito mulheres e seis homens. “Vocês podem ter seus sentimentos, mas eles não podem interferir. Se vocês chorarem, choraram”.
Então, Leclair mostrou-lhes alguns trechos dos vídeos das câmeras de vigilância do prédio de Magnotta na Décarie Blvd., onde Lin foi assassinado num intervalo de horas entre 24 e 25 de Maio de 2012. Magnotta deixa o prédio após o assassinato e parece normal. O assassino aparece no térreo do prédio, despejando lixo em enormes latas de metal.
“Vocês não precisam de um especialista para assistir isso”, disse Leclair. “Vejam três, quatro, cinco vezes se precisarem. Fiquem calmos, relaxem e assistam os vídeos, esta é a prova, liguem os pontos”.
Leclair lembrou ao júri que alguns meses antes de matar Lin, Magnotta se encontrou com um homem que o havia contatado em um site de encontros online, um tal “Manny Lopez”, que abusou e influenciou Magnotta em seus atos hediondos. A real existência dele não foi comprovada.
“Magnotta era capaz de trabalhar como garoto de programa, mas esqueceu de levar comida para seu cachorro”, disse Leclair.
O promotor Louis Bouthillier fez suas considerações finais ontem, quinta-feira (11). O juiz da Corte Superior Guy Cournoyer dará instruções ao júri nesta sexta-feira (12) e eles serão confinados em um hotel logo depois, para começarem as deliberações.
Dois dos 14 membros – que viram todas as provas, mas eram suplentes – serão dispensados, deixando a quantidade normal de 12 jurados para deliberarem.
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- A história completa de Luka Magnotta pode ser lida no post 1 Lunático 1 Picador de Gelo.
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Fonte: Montreal Gazette
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