“Não existe crime perfeito!”
Provavelmente vocês já devem ter ouvido essa frase vinda da boca de um delegado de polícia, policial, detetive… muitas vezes ao ano, seja em uma reportagem na televisão seja em um texto de algum crime na internet. Mas quem estuda e entende de criminologia sabe muito bem que isso é uma mentira deslavada! Talvez os criminólogos digam isso para não causar pânico na população. Imaginem se todos soubessem que isso é uma mentira? Que você pode sim cometer um crime e sair impune?
Vários são os exemplos ao longo da história e, talvez, o mais famoso dos últimos 124 anos seja Jack, O Estripador. Tão famoso, que mesmo 124 anos depois, criminólogos, pesquisadores e escritores tentam desvendar a verdadeira identidade do homem que nunca foi pego e que deixou para trás um rastro de corpos mutilados de prostitutas. O caso é tão emblemático que existe uma legião de verdadeiros especialistas no caso, são os chamados ripperologists, algo em português como estripadorologistas. Eles se reúnem todos os anos em uma espécie de convenção para debater as últimas descobertas sobre o caso.
Os estripadorologistas fazem um trabalho sério e competente, eles não brincam com o tema. Os comparo com os ufologistas. Os ufologistas odeiam quando alguém inventa uma história de avistamento de discos voadores, eles são os primeiros a desmascarar os farsantes. Agora, ao contrário desses especialistas, há os escritores. Meus dois pés ficam atrás com eles. Nada contra os escritores, mas convenhamos, quando você lança um livro, você quer vendê-lo. Quer ganhar dindin com ele, não é verdade? Sendo assim, quanto mais polêmico for assunto melhor. Lembro quando um escritor lançou anos atrás um livro dizendo que Hitler era um homossexual. Foi um rebuliço total, vendeu como água. O cara ficou milionário, e enquanto isso todos os inocentes acreditaram que Hitler era gay. Sinceramente, eu posso escrever um livro dizendo que quem matou John Kennedy foi Elvis Presley! Pode ter certeza que muita gente vai acreditar .
Bom, no caso de Jack, O Estripador, o que não faltam são livros dizendo sobre quem era o cara. Se na época a polícia não descobriu, 124 depois alguém lança um livro dizendo saber quem foi Jack, O Estripador? Sinceramente, isso engana apenas os desinformados. Mas tudo bem, todos tem o direito de escrever um livro e colocar suas opiniões, suas investigações e suas pesquisas. Mas advirto que o leitor deve ficar atento.
Recentemente o escritor John Norris (um advogado aposentado de 62 anos) lançou um livro e diz: Jack, O Estripador era uma mulher! O livro Jack The Ripper: The Hand Of A Woman (Jack O Estripador: A Mão de uma Mulher) é bem escrito e argumentado. Para Norris, Jack, O Estripador era Lizzie Williams (imagem abaixo), esposa do ginecologista da família real Sir John Williams, que também foi considerado suspeito de ser Jack, O Estripador em uma das teorias mais fantasiosas sobre o caso. Para o autor, presa em um casamento infeliz e sem filhos, Lizzie começou a matar prostitutas como vingança por não ter filhos, isso, segundo ele, explicaria os úteros removidos das prostitutas.
Lizzie Williams. Segundo John Norris, Lizzie começou a matar prostitutas por não poder ter filhos.
A teoria de Norris é apoiada pelos resultados de um cientista australiano que, em 2006, utilizou as supostas cartas que Jack, O Estripador enviou à polícia para extrair o seu DNA. Ele supostamente extraiu DNA da saliva do remetente das cartas na parte de trás dos selos. Porém, os resultados do cientista foram inconclusivos, mas mesmo assim ele construiu um perfil parcial e disse ser “possível” que o estripador fosse do sexo feminino.
A teoria não foi bem aceita pelos especialistas no caso e, quanto a isso, Norris disse:
“A teoria de uma mulher estripadora é arrasadora. Mas infelizmente ela não se encaixa bem na cara de crenças antigas. Não há nenhuma dúvida de que o Estripador era uma mulher. Mas porque todo mundo acredita que o assassino era um homem, todas as evidências que apontavam para uma mulher sempre foram ignoradas”, disse ele ao jornal Birmingham Mail.
O fato de que três das vítimas tiveram os úteros removidos é significativo para o escritor. Para ele, existem outras evidências que sugerem essa conclusão:
- Nenhuma das mulheres foi estuprada;
- Itens pessoais foram deixados aos pés de Anne Chapman (uma das vítimas) e, de acordo com reportagens da época, “um comportamento tipicamente feminino”;
- Três pequenos botões, no que acredita ser de roupa feminina, foram encontrados na poça de sangue ao lado do corpo de Catherine Eddowes;
- Restos de roupas femininas, uma capa, saia e chapéu, foram encontrados nas cinzas da lareira do quarto da quinta vítima, Mary Kelly;
O marido de Lizzie Williams, Sir. John Williams, médico da Família Real. Mais de 80 anos depois dos assassinatos o médico foi listado como um suspeito do caso. Mas a teoria é completamente descartada por especialistas.
O escritor acredita que há uma razão por Mary Kelly ser um alvo e, também, porque a matança supostamente terminou com sua morte. Segundo o escritor, o marido de Lizzie estaria tendo um caso com Mary, uma prostituta jovem e bonita e Lizzie teria tido um colapso nervoso logo após matar Kelly, impossibilitando-a de continuar com a série de crimes.
Ao longo das décadas, vemos que cada teoria sobre o estripador é sustentada por fatos picados que no final parecem dizer alguma coisa, entretanto, entre a maioria esmagadora dos estripadorologistas, nenhuma ainda inspirou consenso. Jack seria uma mulher? Acredite… se quiser.
Para quem não conhece a história do carniceiro de Whitechapel, ele assassinou (pelo menos) cinco mulheres em 1888. Os crimes começaram em Agosto e terminaram nem Novembro. Mary Ann Nichols, Annie Chapman, Elizabeth Stride, Catherine Eddowes e Mary Jane Kelly, eram todas prostitutas e três delas tiveram os úteros removidos.
Sua história completa está contada no link a seguir: Serial Killers: Jack, o Estripador
E vocês, o que acham?
