
O mistério da morte intriga o homem desde o início dos tempos e é difícil formular uma análise filosófica sobre o seu conceito. Porém, uma coisa é certa: não saber o dia de nossa morte nos permite viver em paz e sem pressa. Mas nem todas as pessoas tem esse privilégio.
Indivíduos condenados à morte tem data e hora marcadas para morrer, e isso definitivamente é um horror indescritível. Imagine passar os seus dias trancafiado a poucos metros de onde será executado, diariamente sentindo o cheiro da morte, olhando apenas para o calendário, sem poder fazer nada a respeito? É um massacre psicológico que não fazemos ideia.
O alemão Peter Kürten, responsável por uma série de crimes brutais na década de 1920, escreveu sobre isso em suas memórias. “Embora eu possa sofrer a pena de morte apenas uma vez, tenha certeza que suportar o tempo antes da execução é uma das muitas torturas desconhecidas. Eu já imaginei o momento dezenas de vezes”.
E por falar em assassinos em série condenados à pena capital, é curioso pensar em como eles enxergariam a morte, afinal, eles a levaram a tantas pessoas, muitas vezes fazendo-as sofrerem tormentos horríveis, então, como seriam seus comportamentos e, principalmente, suas últimas palavras quando estão prestes a receberem o mesmo destino que deram às suas vítimas?
Nesse sentido, os comportamentos e as palavras ditas nos segundos ou minutos antes de suas execuções são as mais variadas possíveis.
Há aqueles que se vão resignados, frustrados por não terem uma morte natural. “Meu coração ainda bate”, foram as últimas palavras de um. Já outros, torturados pela própria existência, ansiavam pelo dia em que deixariam este mundo. “Eu agradeço”, disse um assassino de mulheres ao seu carrasco, enquanto o homem o amarrava para aplicar a injeção letal.
Em um caso ocorrido na França, o psicopata advertiu os presentes sobre o que viria a seguir: “Isso não vai ser muito bonito”, disse antes de perder a cabeça na guilhotina. Já outro pediu para que aumentassem o volume do rádio, quem sabe para abafar o som da corda em seu pescoço.
Nas imagens abaixo seguem as últimas palavras de alguns serial killers segundos ou minutos antes de suas execuções.
Muitos assassinos em série comentaram sobre o trauma psicológico envolvendo o dualismo horror-paixão ao picar e esventrar suas vítimas, removendo a carne dos ossos, chafurdando-se no sangue — bestial, mas ao mesmo tempo apaixonante. Torturados por suas ações, alguns fizeram as pazes com seus destinos. Em um caso ocorrido na Alemanha na década de 1920, o assassino “açougueiro” aceitou a morte e a esperou pacientemente. Horas antes de ser executado, comentou que partiria feliz se pudesse fumar cigarros finos e tomar o melhor café brasileiro. Seu pedido foi atendido, então caminhou firme para fora de sua cela e disse suas últimas palavras, “não temo a morte”, antes de ser silenciado pela guilhotina.
Métodos brutais de execução, como a guilhotina, são um horror a mais para lidar. Se contemplar a morte soa insuportável, saber que irá partir deste mundo de uma forma nada agradável adiciona ainda mais desespero. Mas no momento final os exemplos nos mostram uma gama de comportamentos. Ao se sentar na cadeira elétrica, um famoso matador de criancinhas disse não saber o que estava fazendo ali. Ele tinha problemas psiquiátricos, mas conservava algum grau de lucidez, dado que entendia o que aquilo significava. “É um dia triste para mim”, foram suas últimas palavras.
Já uma assassina envenenadora da Flórida, a única mulher na história do estado a ser eletrocutada, ao ser questionada se tinha algo a dizer, de forma tranquila e serena respondeu: “Não, senhor”.
Mas nem todas as envenenadoras que se sentaram na cadeira elétrica foram tão zen. E um caso ocorrido no Alabama, em 1957, de tão tensa, a mulher não parou de recitar o Salmo 23 — mas pelo menos o carrasco a deixou completar a oração.
Vinte anos antes, a sensacional execução de outra envenenadora estampou os jornais, que não pouparam detalhes de seu desespero. Medicada após um ataque nervoso, a mulher pediu ajuda ao padre e aos espectadores enquanto era amarrada. Quando percebeu que ninguém o faria, começou a rezar o pai nosso. Mas não terminou.
A infeliz foi eletrocutada durante a oração.
Referências: [1] Confessed killer of 13 executed. Santa Cruz Sentinel. 6 dez. 1985. Pág. C20; [2] Cruz, Daniel. Serial Killers: Andrei Chikatilo, o estripador da floresta. OAV Crime. 2013; [3] Strange sequel to the Reading horrors. The Weekly Dispatch. 2 ago. 1896. Pág. 11; [4] Donnelley, Paul. 501 Crimes Mais Notórios. Larousse. 2010; [5] Cheers, Prayers: Bundy Is Put To Death. The Charlotte Observer. 25 jan. 1989. Pág. B1; [6] Aileen Carol Wuornos. Clark Prosecutor. 2002; [7] Berg, Karl. The Sadist. The Acorn Press. 1938; [8] Hoch, the wife murderer, expiates his crimes. The Piqua Leader-Dispatch. 23 fev. 1906. Pág 1; [9] Isn’t there anybody who will help me, Mrs. Hahn asked. The Cincinnati Enquirer. 8 dez. 1938. Pág. 2; [10] Ex-waitress dies quietly for murder. The Montgomery Advertiser. 11 out. 1957. Pág 1; [11] Execution. The Tampa Tribune. 31 mar. 1998. Pág 7; [12] Execution of Martha Needle. The Leader. 27 out. 1894. Pág. 18; [13] Landru Goes to Death As Crowd Watches On. The Sacramento Star. 25 fev. 1922. Pág. 1; [14] Haarmann Guillotined. Evening State Journal. 15 abr. 1925. Pág. 1; [15] Chair waits a forgotten killer-Fish. Daily News. 17 jan. 1936. Pág. 3.