Um policial russo aposentado, que estuprou e matou pelo menos 22 mulheres sob o pretexto de limpar sua cidade siberiana de prostitutas, foi sentenciado à prisão perpétua em 14 de janeiro deste ano, após um julgamento a portas fechadas.
Mikhail Popkov, 50 anos, que trabalhava como policial na época da maioria dos assassinatos, estuprou e esfaqueou duas dúzias de mulheres na cidade de Angarsk após oferecer-lhes carona em sua viatura, disseram os investigadores.
Duas mulheres conseguiram sobreviver aos ataques de Popkov, mas sofreram sérios ferimentos.
“Os investigadores conseguiram coletar evidências ligando Popkov a 22 assassinatos e duas tentativas de homicídio contra mulheres”, afirmou o Comitê Investigativo em uma declaração após o veredito.
Os corpos das vítimas foram encontrados abandonados em matagais, em beira de estradas e em um cemitério.
Entre as vítimas incluem uma professora e uma vendedora, bem como várias prostitutas, informou a imprensa russa.
Apelidado de “O Lobisomem”, por causa da brutalidade de seus crimes, Popkov enganou a polícia por duas décadas, se aproveitando do fato de seus colegas policiais ignorarem evidências de que o misterioso assassino fosse um deles.
A polícia afirmou que das 29 mulheres cujas mortes ele é suspeito, 25 tinham entre 19 e 28 anos de idade, e quatro tinham entre 35 e 40 anos.
“Ele decapitou pelo menos uma mulher e arrancou o coração de outra.
Popkov alegou que parou subitamente de matar após ter ‘ficado impotente’, sugerindo uma motivação sexual para sua onda de assassinatos. Tipicamente, suas vítimas estavam levemente embriagadas quando ele as atraía para a morte.
Ele as abordava após elas saírem de bares ou festas. Suspeita-se que ele desejava se vingar de sua mãe, que era alcoólatra e supostamente abusou dele em sua infância.”
[Siberian Times]
Os investigadores determinaram que sua onda de matança durou de 1992 até pelo menos o ano 2000, mas foram incapazes de provar qualquer assassinato após este ano.
Popkov foi preso em junho de 2012, depois de aproximadamente 3.500 policiais, na ativa e aposentados, terem sido obrigados a fazer testes de DNA.
Ele disse aos oficiais: “eu simplesmente sentia que queria matar a mulher para quem desse carona no meu carro.”
O Siberian Times relatou que: “ele matou mulheres usando forcas, facas, sovelas, chaves de fenda ou um machado que usou mais de 17 vezes em algumas vítimas.”
Uma das vítimas, identificada apenas como Svetlana M, sobreviveu ao seu ataque brutal quando ele a abandonou, nua sobre a neve do inverno, acreditando que ela estivesse morta.
Ela contou como um policial em uma viatura havia lhe dado carona e depois a levou para a floresta, onde a forçou a se despir antes de bater sua cabeça contra o tronco de uma árvore.
De início, a polícia descartou o envolvimento de Popkov após Elena, esposa do acusado, hoje com 47 anos, alegar que ele era um pai e um marido perfeitos e lhe fornecer um álibi. Até hoje, mesmo após sua confissão, a esposa continua ao lado do marido assassino.
Ela também serviu na polícia, e o casal tem uma filha chamada Ekaterina, atualmente uma professora de 26 anos.
O policial aposentado Nikolai Kitaev, que criticou a condução do caso, afirmou que Svetlana M viu uma foto de Popkov “e claramente confirmou que era ele”, mas os investigadores preferiram acreditar na esposa de Popkov.
Kitaev está convencido de que há pelo menos mais uma dúzia de casos nos arquivos policiais que provavelmente correspondem a vítimas de Popkov. Muitos dos detalhes das cenas dos crimes combinam com o seu modus operandi, afirmou ele.
Após deixar a força policial Popkov se tornou segurança, mas também comprava e revendia carros e frequentemente viajava para Vladivostok, na costa russa do Pacífico.
“Ele teve várias oportunidades para cometer outros assassinatos, mas isso não foi verificado pela polícia”, disse uma fonte.
Antes, enquanto a polícia se debatia para encontrar o assassino, um detetive previu que eles deviam estar lidando com alguém que era “charmoso e sociável. As mulheres gostam dele, mas por dentro ele é um monstro, e é sempre difícil lutar contra um lobisomem.”
Tatiana (Tanya) Martynova, 20 anos, foi encontrada morta junto com sua amiga Yulia Kuprikova, 19 anos, em 29 de outubro de 1998 no subúrbio de Angarsk.
“Aconteceu há 15 anos, mas a dor não vai embora – fui eu quem dei a Tanya um ingresso para um show, e ela foi assassinada depois de assisti-lo”, disse a irmã dela, Viktoria Chagaeva, 46 anos, que possui um salão de beleza em Angarsk.
Tanya era casada e tinha um filho, e estava aproveitando uma das raras noites em que saía. Os corpos foram encontrados por um pastor de ovelhas.
“Era 1 da manhã quando o marido de Tanya, Igor, e eu fomos a polícia. Igor estava absolutamente devastado e repetia apenas ‘ela foi morta, ela foi morta’. Eu estava em choque também, mas simplesmente não podia acreditar naquilo e respondia ‘do que você está falando?’. Mais tarde nos disseram que os corpos delas foram encontrados lado a lado, ambas tinham sido estupradas, cortadas e mutiladas.”
Popkov também é acusado de violar os cadáveres de suas vítimas.
Chagaeva acrescentou: “os especialistas nos disseram que primeiro elas foram mortas, e depois estupradas. Meu irmão mais velho, Oleg, foi ao necrotério identificar o corpo de Tanya. Ele imediatamente pegou um voo de Moscou. Ele passou mal quando viu o corpo, ela estava tão mutilada. Ele estava quase verde quando saiu de lá – não conseguia dizer uma palavra sequer. Eu nem ousei entrar para ver.”
Depois do show, as duas mulheres saíram para beber. Como a maior parte das vítimas, ele selecionava mulheres que haviam ingerido álcool.
A mãe delas, Lubov, morreu cedo, em 2007, aos 66 anos, incapaz de superar o trauma, afirmou Chagaeva.
“Ela sentia como se tivesse morrido com Tanya, a vida se tornou inútil para ela. Ela sobrevivia apenas porque estava visitando vários médiuns, um por um, procurando pelo assassino e gastando o dinheiro dela. Ninguém lhe dava nenhuma informação importante, mas ela continuava fazendo aquilo.”
Depois da prisão de Popkov, no ano passado, Viktoria percebeu que conhecia de vista o assassino. Ambos haviam praticado biatlo no mesmo clube.
“Eu fiquei horrorizada quando vi a foto daquele maníaco nos jornais e na internet”, disse ela. “O assassino da minha irmã estava olhando nos meus olhos. Eu imediatamente tive a impressão de que o conhecia de algum lugar. Eu mal conseguia respirar ao olhar para ele. Alguns minutos depois eu olhei novamente e pensei ‘oh, meu Deus, eu o conheço’. Eu estava tão chocada que até peguei uma faca e rasguei seu rosto no jornal, eu precisava arrancar aquele horror de mim. Eu me lembro dele, um homem alto e esguio, ele sempre estava sozinho, com um olhar safado e dissimulado.”
Dmitry, um ex-colega de Popkov nos tempos de polícia, afirmou: “quando li sobre ele nos jornais eu literalmente fiquei engasgado, porque eu costumava trabalhar com ele e achava que o conhecia. Ele era um homem absolutamente normal… ele gostava de biatlo… uma vez ele baleou um estuprador, durante uma prisão em serviço. Houve uma investigação e ele não foi punido, o comando considerou que ele havia agido legalmente.”
O psiquiatra Alexander Grishin, de Angarsk, afirmou: “O fato de apenas mulheres bêbadas o atraírem pode ser resultado dos seus problemas na infância e suas associações – a mãe dele costumava beber e frequentemente abusava dele. Talvez durante sua infância outras mulheres bêbadas tenham abusado dele também, e posteriormente tudo isso afetou seu comportamento na vida adulta e o levou a essas consequências tão terríveis.”
Aos investigadores, o acusado argumentou que mulheres deviam permanecer em casa à noite com suas famílias – marido e filhos – e não andar pela cidade à noite ou aceitar caronas de estranhos.
Popkov é um serial killer missionário, tais assassinos acreditam que é seu dever remover de nossa sociedade tipos indesejáveis (uma breve pesquisa aqui no blog mostrará que este é um tipo bastante comum). Para Popkov, mulheres que saíam a noite e gostavam de beber eram prostitutas desprezíveis e por isso mereciam morrer.
Entre as outras vítimas de Popkov estavam Maria Molotkova, 20 anos, que trabalhava numa estação de bombeamento de água em Angarsk. Ela foi encontrada morta na floresta depois de desaparecer em 17 de agosto de 1999.
Com informações: Daily Mail, Siberian Times.
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