Celebridades Assassinas: OJ Simpson — Prestígio & Injustiça

Antes de Aaron Hernandez houve OJ Simpson. Esqueçam o garoto enigmático de Connecticut; antes dele, outro jogador de futebol já havia causado um estrago no sonho americano. Este, entretanto,...

Antes de Aaron Hernandez houve OJ Simpson. Esqueçam o garoto enigmático de Connecticut; antes dele, outro jogador de futebol já havia causado um estrago no sonho americano. Este, entretanto, de forma catastrófica. Seu nome é OJ Simpson — uma celebridade que traumatizou os EUA e elevou o interesse do público por crimes a um patamar nunca antes visto na história moderna.

Recordista da NFL, estrela máxima do Buffalo Bills nos anos 1970, astro de Hollywood na década seguinte e ícone da cultura pop oitentista, OJ tratorizou a pobreza e o racismo para viver o sonho americano. Mas existiu um obstáculo que ele jamais superou — ele mesmo.

Em 12 de junho de 1994, sua ex-esposa Nicole Brown, 33, e um amigo dela, Ron Goldman, 25, foram encontrados brutalmente assassinados na casa de Brown em Los Angeles. Os investigadores custaram a acreditar quando todas as evidências apontaram para OJ. Ao perceber que seria acusado, a celebridade decidiu fugir. A polícia descobriu e o que se seguiu foi a mais espetacular fuga já vista na história do crime. Durante uma hora e meia, dezenas de viaturas e helicópteros caçaram um dos maiores jogadores do futebol americano. A fuga foi transmitida via satélite para o mundo inteiro e emissoras de TV cortaram as transmissões da Copa do Mundo e das finais da NBA para acompanhar ao vivo.

Preso, OJ recebeu mais simpatia do que repulsa. Michael Kinsley, da Time, escreveu que a justiça não poderia condenar alguém como OJ à morte. Já o capelão do Senado americano, Richard Halverson, ofereceu sua prece: “Nossos corações vão até ele”. Na prisão, OJ recebeu mais de 300 mil cartas de fãs que não acreditavam em sua culpa. O país inteiro se curvou a um assassino covarde apenas porque ele era uma celebridade, alguém que o público se acostumou a ver na TV; era como se ele fosse da família. A mídia foi dominada por OJ e não havia uma palavra sequer sobre as vítimas.

Seu julgamento parou os EUA. O MP tinha tudo para condená-lo: DNA, fios de cabelo e pegadas, mas a América simplesmente não estava preparada para condenar OJ Simpson. Seus advogados brilharam, o caso acabou virando uma questão racial e ele foi inocentado de todas as acusações.

Escrever um texto curto sobre o caso OJ Simpson é uma engenharia hercúlea. É um crime que gerou dezenas de livros, filmes, séries e documentários. Apenas escrever sobre o seu julgamento daria uma “bíblia”.

A fama escondeu dos americanos o Simpson violento e mau. Ele foi bandido na adolescência, era dado a negócios escusos e dentro de casa espancava a esposa. (Se espancar estranhos, nos EUA, dá cadeia, espancar a esposa dá em psicoterapia de apoio). Mulherengo, Simpson largou a esposa quando conheceu a loira Nicole, de 18 anos. Seguiu-se mais violência no novo casamento até Nicole dar um basta e se separar, em 1992. Simpson tentou voltar, quando Nicole não aceitou, a matou brutalmente a facadas. Ao sair da cena do crime, topou com Ron Goldman, amigo de Nicole, que apareceu porque Nicole pediu para ele levar um óculos que ela havia esquecido no trabalho. Seguiu-se uma briga e Ron também foi morto.

O DNA de OJ foi encontrado na cena do crime, assim como o DNA (sangue) das vítimas em seu carro e em uma luva encontrada atrás de sua casa. Várias outras provas físicas foram descobertas e todas apontavam para a celebridade. OJ, entretanto, contratou o chamado “dream team” da advocacia dos EUA e a equipe de advogados, incrivelmente, o livrou da condenação certa.

Dois anos depois, um processo civil o reconheceu como assassino de Nicole e Ron, mas ele não foi preso. Em 2007, Simpson foi preso em Las Vegas, acusado de assalto a mão armada e sequestro. Ele foi condenado a 33 anos de prisão, mas foi solto em 2017 por bom comportamento.

OJ Simpson faleceu aos 76 anos de câncer na próstata, em 10 de abril de 2024.

Referências: [1] Toobin, Jeffrey. American Crime Story: O Povo Contra O. J. Simpson. DarkSide Books. 2016; [2] The Brentwood Slayings. Los Angeles Times. 27 jun. 1994. Páginas A24, A26, A27; [3] Senate Chaplain Offers Prayer for O.J. Simpson. Associated Press; [4] O.J. Simpson. Os Ídolos Também Matam. Manchete. Ed. 2203. Pág.24; [5] Escândalo do ano é julgado. Manchete. Ed. 2204. Pág. 94.

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Daniel Cruz
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"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz." (Platão)
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