
Intrinsecamente ligada à nossa natureza, a maldade se molda aos avanços tecnológicos com uma rapidez de gelar a espinha. Quando o jornal impresso se tornou um produto de massa no século XIX, assassinos começaram a usá-lo para atrair vítimas. Em casos extremos, serial killers de ambos os sexos promoveram uma carnificina ao colocar anúncios em busca de namoros, casamentos ou prestação de serviços diversos. Hoje, na era da Internet, psicopatas e assassinos estão usando todo tipo de mídia social para fazer vítimas — do Facebook às salas de bate-papo, dos apps de namoro aos de mensagens instantâneas.
Em seu livro sobre predadores virtuais, RJ Parker diz assombrosamente que “qualquer pessoa pode acabar vítima de um assassino on-line”. A universitária norte-americana Donna Jou é um exemplo. Querendo ganhar um dinheiro extra nas férias, ela postou um anúncio no site Craiglist oferecendo aulas particulares de matemática. John Burgess, de 36 anos, respondeu ao anúncio, mas ele não estava interessado nos cálculos e sim em estuprar e estrangular a jovem. O corpo de Donna jamais foi encontrado e Burgess só confessou tê-la matado dois anos depois dela desaparecer.
GRUPO NO WHATSAPP
Burgess era um criminoso condenado, assim como o brasileiro Jonathan do Prado, 33, que em 2017 estava nas ruas após receber o benefício da “saidinha”. Emulando o assassino norte-americano, Jonathan se aproveitou das facilidades da tecnologia para cometer a sua atrocidade. Ele entrou em um grupo do WhatsApp chamado “Caronas Rio Preto – Itapagipe” e como um lobo farejou o melhor momento para se aproximar da ovelha. Quando Kelly Cadamuro, de 22 anos, ofereceu uma carona no grupo, para ajudar a custear as despesas da viagem, ele prontamente se interessou.
No meio da viagem, Jonathan atacou Kelly com um soco, a estuprou e a estrangulou com uma corda. Então, amarrou a corda no pescoço da vítima e a arrastou por três quilômetros mata adentro. No meio do caminho, Jonathan percebeu que Kelly ainda estava viva, então a estrangulou novamente. Para ter certeza de que ela não acordaria mais, mergulhou sua cabeça em um ribeirão. Kelly foi encontrada seminua e com a cabeça enfiada na água.
Kelly oferecia com frequência caronas pela Internet. Era um jeito de reduzir os custos da viagem que fazia até Minas Gerais para ver o namorado. Jonathan, que já respondia por oito crimes e estava nas ruas graças a um benefício da justiça (ele deveria voltar para a prisão, mas não o fez), entrou no grupo com objetivo de roubar. Kelly era a vítima perfeita para ele. Ele respondeu à mensagem mostrando interesse na carona e disse que ia junto com a esposa para Minas Gerais, mas, depois, avisou Kelly que a esposa tinha desistido e que iria sozinho.
Fontes consultadas: [1] Parker, RJ; Sate, JJ. Social Killers. Amigos Virtuais, Assassinos Reais.com. DarkSide Books. 2015; [2] ‘Pais ainda estão em choque’, diz parente de jovem morta após combinar carona pelo WhatsApp. G1; [3] Acusado de matar jovem após pegar carona combinada pelo WhatsApp é condenado em MG. G1; [4] Jovem morta por homem a quem deu carona juntava dinheiro para se casar, diz namorado. G1; [5] Suspeito confessou ter entrado em grupo de WhatsApp para roubar e matar jovem, diz polícia. G1; [6] Wolak J, Finkelhor D, Mitchell KJ, Ybarra ML. Online “predators” and their victims: Myths, realities, and implications for prevention and treatment. Am Psychol. 2008;63(2):111-28.
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