Assassinos em série que enganaram psicólogos e psiquiatras

Já repararam o quão fácil é enganar alguém? O inverso também é válido: somos facilmente enganados. Quem nunca foi enganado ou manipulado que atire a primeira pedra! E não...

Já repararam o quão fácil é enganar alguém? O inverso também é válido: somos facilmente enganados. Quem nunca foi enganado ou manipulado que atire a primeira pedra! E não se sinta mal, somos seres empáticos e altruístas, nós simplesmente tendemos a confiar nos outros. E se serve de consolo, até mesmo especialistas da mente podem ser passados para trás. No mundo do crime existem casos famosos de serial killers que foram soltos após enganarem psicólogos e psiquiatras. Já outros frequentavam o divã ao mesmo tempo em que cometiam suas atrocidades.

Segue alguns exemplos:

1️⃣ Edmund Kemper: muito inteligente, aprendeu tudo sobre testes psicológicos enquanto esteve preso num hospital psiquiátrico por matar os avós. A aprendizagem permitiu a ele manipular os psiquiatras. Solto por não representar mais um “risco à sociedade”, Kemper matou inúmeras estudantes e a própria mãe, e só parou por vontade própria.

2️⃣ Rodney Alcala: diagnosticado como psicopata desde o exército, Alcala foi condenado por estuprar brutalmente uma criança, mas foi solto após um laudo psicológico afirmar que ele não representava mais um risco à sociedade. Nos anos seguintes matou um sem número de mulheres.

3️⃣ Carroll Cole: por várias vezes procurou ajuda psiquiátrica antes de começar a matar. Médicos até perceberam o quão perigoso ele era, mas Cole sempre era solto por apresentar “melhora” em seu quadro clínico. Cansado de ser negligenciado e não ajudado, decidiu que viveria o horror de suas fantasias que o perseguiam desde criança, e isso o levou a uma onda de homicídios contra mulheres que durou anos e anos.

4️⃣ Arthur Shawcross: assassino em série condenado, Shawcross passou 14 anos na prisão por matar duas crianças, então foi colocado em liberdade por um laudo psicológico que afirmava que ele era um homem recuperado. Uma vez nas ruas matou 11 mulheres.

5️⃣ Ian Brady: o assassino em série de crianças se cansou após anos preso em um hospital psiquiátrico, então pediu transferência para uma prisão comum. A junta médica negou, afirmando que ele sofria de uma doença mental, mas Brady disse que era tudo fingimento. Para enganar os psiquiatras, ele afirmou usar as técnicas de atuação do mago russo do teatro Constantin Stanislavski.

6️⃣ Jeffrey Dahmer: por 12 anos Dahmer frequentou consultórios de psicólogos e psiquiatras que nunca sequer suspeitaram da possibilidade dele ser um indivíduo perigoso. Ele foi capaz de enganar ao mesmo tempo um psiquiatra e sua agente de condicional enquanto matava e desossava pessoas em seu apartamento. Dahmer não enganou apenas psicólogos e psiquiatras, mas também um juiz e policiais, e uma vez até levou dois deles até o seu apartamento abarrotado de pedaços de corpos.

7️⃣ Fortunato Neto: em 1984, preso na Casa de Custódia de Taubaté, Neto foi analisado por peritos do estado. Os especialistas da psiquiatria concluíram que os ataques de violência estavam ligados ao fato dele não suportar a prisão. Eles recomendaram a sua soltura, afirmando que “sua periculosidade é muito pequena. Pode receber os benefícios da prisão domiciliar que pleiteia”. Uma vez solto, Neto se tornou um assassino em série impiedoso e sádico, ceifando a vida de mais de uma dezena de homens gays entre 1986 e 1989.

Acredito eu que nenhum dos exemplos do post anterior se compara a um ocorrido na Suécia (mesmo sendo no sentido oposto). Em 1992, um paciente de um hospício de Säter deixou psiquiatras e autoridades abismadas com o que contou. Não demorou e os jornais, em choque, publicariam as histórias do “pior serial killer da história da Suécia.”

Seu nome era Sture Bergwall, mas ele utilizava seu alter ego Thomas Quick. Assassinatos, estupros, estripamentos, esquartejamentos, canibalismo etc. Quick começou a confessar os seus crimes, um a um, com detalhes que fizeram todos não duvidarem de suas palavras. Em sua conta jazia mais de 30 vítimas. Quick se tornou uma sensação midiática, e ele adorou a fama. A imprensa passou a chamá-lo de “O Canibal”; Thomas Quick se tornou o próprio Hannibal Lecter da Suécia. Passado o frenesi, pouco a pouco, o perturbado homicida foi sendo esquecido, e ele próprio decidiu se recolher.

Vinte anos depois o impensável aconteceu. Sture Bergwall não passava de um impostor. O homem que durante décadas ficou conhecido como um dos piores assassinos escandinavos, na verdade, nunca havia matado ninguém.

O caso gerou um dos maiores escândalos da história sueca e colocou a justiça do país no limbo. Mas a pergunta que até hoje perturba a todos: Como um desequilibrado conseguiu enganar todo um país? Psiquiatras, psicólogos, médicos, investigadores de polícia, promotores e juízes?

Em um livro sobre o caso, o autor Hannes Rastam conta minuciosamente como Bergwall foi capaz de obter junto a psiquiatras, policiais e advogados as principais informações relativas a cada caso, antes de transformar depoimentos desconexos e confusos em uma narrativa coesa, capaz de se “sustentar” num tribunal. Mas por quê ele faria isso? Segue suas próprias palavras:

“Eu era uma pessoa muito solitária quando isso tudo começou. Estava num lugar com criminosos violentos e notei que quanto pior, mais violento ou mais sério fosse um crime, mais interesse recebia do pessoal psiquiátrico. Eu também queria pertencer a esse grupo, ser uma pessoa interessante aqui.”

Sture Bergwall, o homem doente e carente que enganou toda uma nação fingindo ser um serial killer.

“Era como um círculo vicioso. Quanto mais eu contava, mais atenção eu recebia dos terapeutas, da polícia e dos especialistas em memória, e isso significava que eu também recebia mais drogas.”

– Sture Bergwall –

“Essa é a parte mais difícil de explicar. Havia uma consciência de que eram mentiras. Ao mesmo tempo eu estava vivendo nesse papel como Thomas Quick, e nesse papel eu podia esquecer essa consciência.”

– Sture Bergwall –

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Daniel Cruz
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