Eu escapei de um serial killer

Sem dizer uma palavra, ele tirou um pedaço de corda, lançou e amarrou todo em volta do meu pescoço. Eu pensei: é o fim.
Eu escapei de um serial killer - William Bonin
Gary Calton. "A polícia disse que eu havia tido um encontro com o Assassino da Rodovia". Foto: Gary Calton para The Guardian.

Gary Calton. “A polícia disse que eu havia tido um encontro com o Assassino da Rodovia”. Foto: Gary Calton para The Guardian.

Texto escrito por Gary Calton

Sem dizer uma palavra, ele tirou um pedaço de corda, lançou e amarrou todo em volta do meu pescoço. Eu pensei: é o fim.

Depois de deixar as Midlands Ocidentais para seguir uma vida de aventuras, encontrei-me viajando pelos Estados Unidos nos idos da década de 1980. Tinha 28 anos na época. Chegando em São Francisco, tive que tomar uma clara decisão, ou mantinha os poucos dólares que ainda possuía ou achava um lugar para dormir. Por sorte achei uma pequena pousada e decidi ficar por alguns dias.

Uma semana antes, mudei-me para Los Angeles onde me ofereceram um emprego como motorista de uma van de sorvete para uma companhia chamada Mr. Jumbo. No meu primeiro dia de trabalho eu peguei a van e me foi dado o Condado de Watts como parada. Não sabia muito sobre a área, a não ser sobre as manifestações raciais de 1965.

Meu primeiro turno estava correndo bem até eu ficar sem bananas – já que bananas split eram as únicas coisas que eu estava conseguindo vender o dia todo. Então eu saí da van para pegar mais em uma loja de bebidas e quando voltei, encontrei-me na calçada com um cacho de bananas e nenhuma van.

Eu liguei para a companhia e eles não ficaram felizes. Decidi então que não tinha outra opção a não ser ir à pé, e fiz meu caminho até o Boulevard de Santa Monica com vistas a voltar à cidade.

Mais ou menos trinta minutos depois, um Ford Pinto vermelho parou pra mim. Eu abri a porta e entrei. O motorista não disse nada e apenas assentiu quando disse que queria ir ao centro. Ele não era fisicamente imponente, mas tinha uma postura atarracada e era bem definido. Ele era barbeado com cabelo curto – era um sujeito moreno. Não havia nenhum odor reconhecível no carro, mas a má impressão que este homem me deu era quase poderosa.

Uma milha ou mais da viagem, o homem começou a murmurar baixinho, amaldiçoando a Palestina e Israel. Ele não parecia ter notado que eu estava ali.

Eu falei para ele que eu não precisava ir mais longe, e o carro arrastou para o lado da congestionada rodovia e parou. De repente, sem uma palavra, ele tirou um pedaço de corda, lançou e amarrou todo em volta do meu pescoço. Eu pensei: “é o fim, estou morto”.

De alguma forma, eu consegui colocar os meus dedos embaixo da corda para pará-lo de apertar. Ele era forte, mas através do desespero eu pude afastá-lo. Me virei no assento e o chutei para fora, acertando bem na virilha. Ele retrocedeu e começou a gritar. De alguma forma eu abri a porta do carro e eu caí fora.

Eu deitei na beira da grama enquanto ele partia, o carro rapidamente desaparecendo. Depois de alguns momentos, eu vi uma viatura da polícia e sinalizei para pararem. Eu sentei no banco de trás, contei o que havia ocorrido e mostrei a marca da fricção da corda no meu pescoço. Eu estava em choque ao descobrir que eles sabiam de três ou quatro pessoas à solta que estavam matando viajantes que pediam carona. A polícia me pediu para descrever o atacante e me disseram que provavelmente eu tinha cruzado com um homem chamado William Bonin, também conhecido como o Assassino da Rodovia.

Depois de descrever o carro que eu estava e em qual direção ele tinha ido, a polícia me pediu para deixar a viatura e saíram atrás dele. Foi a última coisa que ouvi da polícia sobre o incidente.

Fui deixado em estado choque no acostamento da rodovia. A ideia de pedir carona de novo me deixou enojado, mas eu não tinha dinheiro e tive que pegar outra carona de volta para a cidade. Eu imediatamente deixei Los Angeles depois disso, viajando de carona de volta pelo país. 

Depois da experiência, quando as pessoas paravam para mim, me oferecendo uma carona, eu conversava com elas primeiro. Bonin foi o único encontro assustador que eu tive nos meses que eu viajei de carona, então eu decidi que aquelas eram, de certa forma, boas probabilidades.

Ele foi capturado dez dias depois da minha escapada. Eu ouvi as notícias na rádio e pensei: “graças a Deus eles o pegaram”. Bonin depois foi condenado por matar quatorze pessoas.

Até onde eu sei, sou a única vítima sobrevivente. Anos depois, eu ainda acordo no meio da noite, por relembrar aquele momento. Quando eu finalmente me dou conta de onde estou, sempre fico dominado por completo pela gratidão de estar acordado, milhas distante daquela rodovia.

William BoninNota do Aprendiz: Entre 1972 e 1980 44 homens jovens foram assassinados e estuprados, boa parte deles estrangulada com a própria camiseta. O culpado era o Assassino da Rodovia. Em muitos desses casos os corpos haviam sido mutilados com uma faca. William George Bonin foi primeiramente preso em 1974 pelo estupro de David McVicker, 14. Quando saiu da prisão em 1978 os ataques voltaram a ocorrer nas autoestradas. Em 28 de maio de 1979 Bonin estuprou, castrou e estrangulou Thomas Lundgren, 14 anos. Nos sete meses seguintes outros sete adolescentes morreram. Por ter sido preso anteriormente por estuprar um caronista, Bonin foi colocado na lista de suspeitos e passou a ser vigiado pela polícia. Em 11 de junho de 1980 ele foi preso quando atacava um garoto de 15 anos. Ele foi condenado por vários assassinatos e executado em 1996 com uma injeção letal. Bonin foi apenas mais um dentre vários outros assassinos de autoestradas a atuar na década de 1970 dando carona a jovens na Califórnia para depois matá-los. Um desses casos você pode ler em nosso post:

Fonte: Experience: I escaped from a serial killer; The Guardian.

Com colaboração de:

Gustavo Saraiva

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"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz." (Platão)
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