“Você me conhece, você conhece minha família. Você conhece meu sobrenome. Eu faço o que minha família faz.”
O loirinho da imagem é um australiano, seu nome é Matthew Milat, tem hoje 21 anos e posso dizer que o cara tem pedigree. Como assim pedigree ?
O tio desse rapaz é simplesmente Ivan Milat, o mais famoso serial killer australiano.
Conhecido como o “Assassino de Mochileiros”, Ivan Milat sequestrava suas vítimas e descartava os corpos em Belanglo, uma floresta a sudoeste de Sydney. A maioria das vítimas eram turistas de outros países que iam fazer trilhas na floresta. Ivan Milat gostava de realizar jogos com suas vítimas deixando-as fugirem para caçá-las com armas e facas. Uma turista alemã teve sua cabeça decepada com uma espada. Os dois primeiros corpos encontrados na floresta foram de um casal do País de Gales. Um ano depois um homem encontrou um crânio. A polícia fez uma busca na floresta e outros cinco corpos foram encontrados. Após a descoberta dos sete corpos uma caçada nacional foi realizada pela polícia australiana levando à prisão de Ivan em 1994.
Tal tio tal sobrinho
Mais de 20 anos após os crimes do serial killer, a família Milat novamente teve seu nome estampado nas manchetes dos jornais mundo afora. E, mais uma vez, não com boas notícias.
Em 21 de Novembro de 2010, o sobrinho do serial killer, Matthew Milat, disse a amigos:
“Matei alguém ontem à noite. Em um estágio, o machado ficou preso, então eu tive que chutar a parte de trás da cabeça para tirá-lo.”
Um dia antes, Matthew Milat, resolveu passear pela mesma floresta onde, há 20 anos, o tio assassinou com crueldade sete pessoas. Matthew não estava sozinho, estava acompanhado de três amigos de infância: David Auchterloine, 17 anos, Cohen Klein, 17 anos e Chase Day.
Era aniversário de 17 anos de David e os amigos resolveram ir até a floresta Belanglo fumar maconha e beber cerveja. Mas a intenção de Matthew era outra. De acordo com relatórios da polícia australiana, um vídeo do encontro dos quatro adolescentes foi gravado pelo celular de Cohen Klein.
O vídeo mostra David enrolando um cigarro de maconha no banco da frente quando Milat chama por ele. David sai do carro e é ai que ele é surpreendido com um machado de dois lados, estilo medieval, empunhado pelo sobrinho do serial killer. O seguinte diálogo é travado:
– Matthew Milat – “Diga às pessoas sobre a porra do meu negócio e você vai acabar mal. Pelo que eu ouvi, você é o único por aí que diz para as pessoas sobre o dinheiro que eu roubei da casa da minha mãe.”
– David Auchterloine – “Eu juro por Deus que não!”
– Matthew Milat – “Cala a merda dessa boca!”
Matthew Milat joga David no chão com o rosto pra baixo. Por mais de 10 minutos ele ameaça a vítima.
– Matthew Milat – “Se você se mover vou cortar sua cabeça fora!”
De acordo com o relatório da polícia australiana, o telefone em seguida grava o som do machado atravessando a cabeça da vítima.
“Enquanto a vítima estava deitada com a cabeça no chão, o acusado pegou o machado e acertou o falecido na parte de trás da cabeça, ficando o machado alojado. David morreu instantaneamente e o som que sai do seu corpo também é capturado na gravação.”, disse o relatório.
Matthew Milat puxou o machado da cabeça de Davi e arrastou o corpo por toda a estrada. Ele e outro adolescente, Cohen Klein, cobriram o corpo com galhos antes dos três deixarem a floresta no veículo.
Após o assassinato, Milat disse: “Isso foi como uma descarga de adrenalina”, e Klein respondeu: “Eu disse que você está indo pelo mesmo caminho que o seu tio.”
“O som da vítima chorando em agonia é arrepiante ao extremo. Ele estava totalmente submisso durante todo o tempo. Esse caso claramente cai na pior categoria de um caso de assassinato. Ele tirou a vida de um jovem inocente que foi infeliz o suficiente para ser seu amigo. Tirou sua vida de forma brutal para seu próprio prazer.”, disse o Juiz durante o julgamento de Matthew Milat e Cohen Klein em Junho de 2012. O outro adolescente, Chase Day, não foi acusado pela promotoria.
Para o promotor, o local do assassinato foi significativo: “foi onde Ivan Milat atraiu pessoas e os assassinou.”
Durante o julgamento, o promotor mostrou uma série de poemas que Matthew Milat escreveu durante o tempo em que ficou aguardando julgamento.
“Eu não estou perturbado por sangue ou grito, nada que faça assombrar meus sonhos… Nuvens rolam sob luz de céus azuis/Como a escuridão nos olhos de um assassino. Ouvi o rangido de folhas e pés, senti seu coração bater em uma batida, você ia fugir? Nenhuma esperança garoto, este é o seu dia, o dia que você será achado a sete palmos.”
Matthew Milat foi condenado a 43 anos de prisão por ter assassinado seu amigo de infância David Auchterloine. Cohen Klein foi condenado a 32 anos.
“Ele ainda pode sair e viver um pouco de sua vida, algo que Davi nunca poderá fazer. Ele não deveria sair até que esteja frio e cinzento dentro de um saco assim como meu filho quando ele saiu da floresta,” disse Donna Locke, mãe de David.
É, parece que nessa família a maldade está na genética.
Matthew Milat perde apelação
Em 12 de Setembro último, Matthew Milat perdeu uma batalha no Supremo Tribunal da Austrália devido à sua sentença de 43 anos de prisão pelo assassinato de David Auchterlonie.
Advogados do assassino alegaram perante o grupo de juízes do Supremo Tribunal que o tempo atrás das grades de Milat deveria ser reduzido. Ele foi condenado a 43 anos e só poderá pedir liberdade condicional daqui a 30 anos. Os advogados de Milat queriam que esse tempo de 30 anos fosse reduzido. Eles utilizaram como argumento o fato de o cúmplice de Milat, Cohen Klein, ter conseguido que seu tempo para pedir liberdade condicional fosse reduzido de 20 para dois anos.
Mas os juízes recusaram que Milat continuasse com os procedimentos de seu apelo.
A mãe da vítima disse que “Eles mereciam prisão perpétua, para não ser solto nunca mais, mas obviamente não podemos conseguir isso. Eles devem aceitar suas sentenças, assim como nós tivemos que aceitar o que aconteceu.”.
Matthew Milat não sairá da cadeia até 2040, no mínimo.
“A justiça prevaleceu”, disse o avô de David Auchterloine sobre a decisão do Supremo Tribunal australiano. Veja no vídeo abaixo.
Com informações: The Sydney Morning Herald
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