“Rostov-on-Don, Rússia, outubro de 1982. Uma Força Tarefa especial está desesperadamente procurando por um serial killer. A investigação começara quatro meses antes, quando o corpo de uma adolescente de 13 anos foi encontrado em uma desolada floresta. Ela havia sido esfaqueada repetidamente, os olhos removidos.”
Assim começa o ótimo programa do canal a cabo Biography Channel sobre um dos piores serial killers de todos os tempos. Ele mesmo, o ucraniano Andrei Romanovich Chikatilo. Pertencente à rede de TV A&E, o Biography Channel fez sua primeira transmissão em 1999 e é especializado em trazer biografias de grandes personagens de nossa história, até mesmo aqueles que, como Chikatilo, entraram para a história da pior forma possível.
Andrei Chikatilo foi um dos mais notórios e bárbaros serial killers da história. Nascido em 1936, numa pequena vila ucraniana, ele teve sua infância marcada pela devastação do país devido e Segunda Guerra Mundial. Foi assombrado também por histórias de sua mãe sobre seu irmão mais velho Stepan que, aos 10 anos, foi assassinado e comido por pessoas esfomeadas durante o Holodomor, período compreendido entre 1932 e 1933, e caracterizado por uma grande escassez de alimentos na Ucrânia.
Embora Chikatilo fosse um jovem bonito, alto (1.93m) e atraente, ele era extremamente tímido e com uma baixíssima auto-estima. Para piorar, ele não conseguia ter ereção, ou seja, era impotente. E podemos dizer que sua impotência foi, ao mesmo tempo, sua glória e sua desgraça. Glória porque ele tentou compensar esse problema mergulhando nos estudos. Se ele não podia fazer sexo, podia ler e estudar. E assim ele se tornou um homem muito culto para o seu tempo. Fez várias faculdades e chegou a ter uma enorme influência dentro do Partido Comunista soviético. Em suma, se tornou um homem respeitado numa época em que os homens russos apenas se importavam em beber e bater em suas mulheres. E a impotência também foi sua desgraça pois, devido a ela, ele se tornou um dos piores serial killers que se tem notícia. Ao matar uma menina em 1978, ele descobriu que, durante o ato de mutilação, poderia ter ereção e ejacular através do contato com o sangue da vítima. E para ter sua satisfação sexual, ele não pararia de matar. Sua história completa pode ser lida neste link.
Em 2004, o Biography Channel levou ao ar o seu programa sobre Andrei Romanovich Chikatilo. Devido ao tempo, 44 minutos, o programa não traz muitos detalhes sobre sua vida ou assassinatos, entretanto, é muito bem conduzido e explicado. Mais interessante ainda é ver quem o programa buscou para contar essa terrível história.
O programa começa com depoimentos do lendário Viktor Burakov, detetive que durante anos investigou e caçou Andrei Chikatilo, e cujo trabalho de captura se tornou uma obsessão em sua vida. Segundo Burakov, até 1984, eles já tinham encontrado 24 corpos, e muitos deles ainda estavam “frescos”, o que deu aos investigadores um bom retrato dos ferimentos e do comportamento do assassino na cena do crime. Junto aos depoimentos de Burakov, o programa intercala depoimentos de outros especialistas no caso, como o escritor Richard Lourie, autor do livro Hunting the Devil, e da lenda Roy Hazelwood, ex-agente do FBI e um dos primeiros especialistas do mundo a trabalhar na criação e desenvolvimento de perfis de assassinos sexuais. Destaque também para a participação de Robert Cullen, autor do livro The Killer Department, livro o qual originou, em 1995, o melhor filme já feito sobre Andrei Chikatilo, Citizen X.
Os primeiros doze minutos do programa mostram os esforços da polícia em identificar o terrível serial killer que deixava corpos mutilados por florestas. O programa comete um erro ao dizer que o corpo de Svetlana Korostik, a última vítima de Chikatilo, e morta nos arredores da estação de Donleskhoz, foi encontrado um dia após ele ter sido parado pelo policial Igor Rybakov na mesma estação. Na verdade, o corpo de Svetlana foi encontrado seis dias depois. O estranho é que até mesmo Burakov diz no programa que o corpo foi descoberto um dia após Chikatilo ter sido detido na plataforma. Fica a dúvida. Outro erro é quando o narrador diz que Chikatilo foi preso em um mercado de Rostov, o que não é verdade, Chikatilo foi preso em Novocherkassk, nos arredores de um parque. Outro ponto que levanta dúvidas é quando o narrador diz que a camiseta usada por Chikatilo durante o seu julgamento foi dada ao réu pelo Tribunal. Em uma entrevista em 2008, o filho de Chikatilo, Yuri, diz que a camiseta foi comprada pelo próprio pai durante os Jogos Olímpicos de Moscou, em 1980.
Tais erros, entretanto, não desmerecem o programa. Após a introdução inicial falando sobre a caça ao serial killer, o programa continua com detalhes sobre a vida de Chikatilo e termina com as bizarras cenas do seu julgamento.
“Ele falou sobre algumas de suas motivações, mas ainda hoje, quando você tenta dar alguma explicação, nunca será o suficiente para explicar os hediondos crimes que este homem cometeu”, diz Richard Lourie ao final do programa.
Pra quem já leu o post O Estripador da Floresta, o programa parecerá simplório demais, e realmente é. Como todo produto para TV, o programa é mais entretenimento do que informação, mas mesmo assim, certamente, vale a pena ser visto, principalmente por causa das cenas de sua prisão e julgamento e pelas opiniões dos especialistas. E para vocês, leitores do blog, trago abaixo o programa legendado. Veja e divirta-se! Ah… e não esqueça de compartilhar e deixar o seu comentário!
Biografia: Andrei Chikatilo, O Açougueiro de Rostov
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