Pode ser que para Luka Magnotta, “no final, gatos não eram o bastante”. Foi o que disse o psiquiatra forense Dr. Gilles Chamberland.
O psiquiatra explicou no tribunal o porquê de acreditar que Magnotta pode ser, entre outras coisas, um sádico sexual. O médico também deu suas explicações do porquê o réu deixou de matar gatos para matar uma pessoa.
“Se isso era uma emoção forte… no final… para conseguir a mesma satisfação e poder, você precisa ir além.”, disse Chamberland.
O psiquiatra contou ao juiz Guy Cournoyer e aos jurados que: “Mesmo que matar gatos não pareça algo sexual… isso pode se tornar algo nesse sentido”.
O mundo de Magnotta, ele observou, era um universo inundado de sexo e sexualidade – ele era um ex-ator pornô que se tornou garoto de programa e visitava sites de horror destinados a pessoas que se excitam assistindo violência explícita.
“Sadismo sexual é possível”, afirmou Chamberland, e para alguém como Magnotta, que necessitava tanto de atenção quanto os outros precisam de ar, a notoriedade que ele conseguiu com os vídeos onde matava gatos pode ter funcionado como uma droga.
Magnotta pode ter adquirido uma “tolerância”, afirmou psiquiatra. “Depois de três vídeos com gatos, você precisa mudar para outra coisa”.
E o próprio Magnotta afirmou isso, notou o Dr. Chamberlain, mencionando um e-mail que Magnotta enviou a um jornalista britânico cerca de seis meses antes do homicídio, no qual ele se gabava de que seu próximo “filme” não teria “gatinhos”, mas seres humanos.
No decorrer do julgamento, os jurados já haviam ouvido falar sobre os três vídeos em que gatos foram mortos, feitos em intervalos de seis meses, entre 2010 e 2011, em duas cidades diferentes.
Na época, Magnotta negou ser o assassino de gatos – da mesma forma que havia negado ter começado o rumor de que estaria namorando a serial killer Karla Homolka – mas após sua prisão pela morte de Lin, em 2012, ele admitiu tudo para o psiquiatra da defesa, o Dr. Joel Watts.
Em sua defesa, Magnotta alegou que um misterioso homem – que pode nem sequer existir -, um tal Manny Lopez, o havia forçado a fazer os vídeos. Ele também alegou adorar animais.
Os vídeos com gatos possuem características em comum, afirmou o Dr. Chamberland, principalmente uma preocupação de Magnotta com o que pode ser chamado de “técnicas de produção”.
Todos começam com alguém “brincando suavemente” com os gatos, como tantos vídeos contendo gatos são. “A diferença aqui é a maneira trágica como os vídeos terminam para os gatos”, disse o psiquiatra O choque é o abismo entre o início, “onde alguém está brincando com aqueles belos gatinhos”, e o final terrível, onde eles são sufocados, afogados ou viram comida para uma píton.
“Magnotta está se divertindo [em todos os vídeos]”, afirmou o Dr. Chamberland. “Aparentemente, ele está sozinho. Em um deles, ele fuma um cigarro. Ele está segurando a câmera com uma mão; não há tremor em sua mão, não há medo”.
Todos os vídeos obviamente foram editados, com trilha sonora adicionada posteriormente.
“Um esquizofrênico desorganizado não agiria com tal cuidado”, afirmou categoricamente o médico, referindo-se ao principal diagnóstico feito pelos especialistas da defesa.
Sua teoria é que as ações de Magnotta são difíceis de serem explicadas com um diagnóstico de esquizofrenia, ao contrário, explicar seu comportamento através de um transtorno de personalidade seria algo tão simples como tirar doce de criança, já que transtornos de personalidade não são doenças mentais, mas características intrínsecas da personalidade.
Magnotta, 32, natural de Toronto, há muito tempo admitiu através de seu advogado ter cometido “os atos físicos” em 25 de Maio de 2012, a morte e desmembramento de Jun Lin, a postagem online de um vídeo explícito do desmembramento e as profanações que cometeu com o corpo da vítima, bem como o descarte de suas partes esquartejadas.
Mas Magnotta alega inocência, ou inimputabilidade criminal, em razão de sua suposta esquizofrenia: seu estado mental no momento do homicídio é a única questão real para os jurados.
Uma vez que Magnotta recusou-se a ser entrevistado pelo Dr. Chamberland, privando-o dessa forma de ferramenta mais útil a um psiquiatra num diagnóstico mental, o especialista reviu os longos registros médicos e relatórios dos especialistas da defesa.
E o Dr. Chamberland acredita que Magnotta está fazendo uma encenação, ou simulando uma doença, deliberadamente fingindo ou exagerando sintomas.
É evidente na psiquiatria forense que a simulação de uma doença deve ser vista com desconfiança em qualquer aspecto legal, nos quais os pacientes tentam evitar a cadeia, eximir-se da responsabilidade ou ganhar algo com isso.
O segundo maior critério é uma visível discrepância entre o suposto estresse ou sintomas e as conclusões objetivas.
Este é certamente o caso de Magnotta, que várias vezes afirmou aos psiquiatras da defesa que ouvia vozes ou estava recebendo ordens na noite do homicídio ou que “Manny” lhe disse que Lin era um agente do governo enviado para machucá-lo.
No entanto, a evidência objetiva – vídeos de vigilância – sugere que ele estava calmo e não paranoico, da noite do assassinato até sua partida para Paris e Berlim, onde ele foi finalmente preso em um cibercafé enquanto lia notícias a seu próprio respeito.
“Em minha opinião”, disse o Dr. Chamberland, “a simulação de sintomas deveria estar sob forte suspeita, e eu creio que isto está bastante evidente nesse caso”.
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- A história completa de Luka Magnotta pode ser lida no post 1 Lunático 1 Picador de Gelo.
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Fonte: National Post
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