Julgamento de Luka Magnotta: Luka Magnotta encontra um bode expiatório no misterioso Manny Lopez 

Não foram simplesmente dois gatos de rua que Luka Magnotta matou cerca de sete meses antes do assassinato de Jun Lin, mas seus próprios animais de estimação. Ele havia...


Na foto: Luka Magnotta e seu cãozinho de estimação. O cachorrinho foi encontrado morto no mesmo dia em que pedaços do corpo de Jun Lin foram descobertos dentro de uma mala. Créditos: Handout.

Na foto: Luka Magnotta e seu cãozinho de estimação. O cachorrinho foi encontrado morto no mesmo dia em que pedaços do corpo de Jun Lin foram descobertos dentro de uma mala. Créditos: Handout.

Não foram simplesmente dois gatos de rua que Luka Magnotta matou cerca de sete meses antes do assassinato de Jun Lin, mas seus próprios animais de estimação.

Ele havia adotado um gato em julho de 2011 e conseguiu outro de graça em outubro daquele ano, disse Joel Watts, um psiquiatra forense que testemunha a favor da defesa, ao juiz da Corte Superior de Quebec Guy Cournoyer. 

“Ele até mesmo os batizou”, disse o Dr. Watts. “Kenny e Jasmin”. 

Magnotta mais tarde disse ao psiquiatra ter matado os gatos por causa do seu suposto distúrbio. 

O primeiro gato ele deu para que a píton de um amigo comesse, e o segundo afogou no dia seguinte em uma banheira no seu apartamento. 

Apesar de o Dr. Watts afirmar que Magnotta lhe disse, usando a voz passiva de uma terceira pessoa, que “não faz sentido que os vídeos tenham sido postados online”, ambos os incidentes foram filmados e postados na Internet. 

Ambos os incidentes, bem como a filmagem anterior da morte de um gato que ele sufocou em 2010 com um aspirador de pó a vácuo enquanto vivia em Nova Iorque, são atribuídos por Magnotta a um misterioso Manny Lopez, supostamente um ex-cliente de seus serviços sexuais. 

Lopez pode ou não existir – os jurados ainda não viram um fragmento de evidência de que ele exista, e aparentemente ninguém mais viu – mas certamente ele tem funcionado como um bode expiatório para grande parte das piores condutas que Magnotta admitiu. 

De forma interessante, tanto o Dr. Watts quanto a Dra. Marie-Frédérique Allard, que também testemunhou a favor da defesa, acreditam que Manny é ou pode ser real. 

Como pontua o Dr. Watts, ele “talvez seja uma pessoa real”, mas em algum momento, diz ele, é possível que “as experiências de Magnotta com Manny deixaram de se basear na realidade, e as experiências [do réu] na verdade foram alucinações… eu passei algum tempo ponderando e tentando entender se e até que ponto Manny é real”. 

“É difícil para mim saber o quanto Manny é baseado na realidade”, disse o psiquiatra, entretanto, Watts concluiu que ele pode ser uma pessoa real. 

Magnotta também disse ao psiquiatra que Manny era o verdadeiro culpado pelo que aconteceu na noite de 25 de Maio de 2012, quando ele cortou a garganta de Lin, desmembrou seu corpo e praticou vários atos pervertidos contra ele. 

Como dito no relatório de mais de 100 páginas do Dr. Watts, foi Manny quem Magnotta alegou tê-lo conduzido do começo ao fim naquela noite, primeiro dizendo-lhe para recrutar um homem para um ménage, depois dizendo que, talvez, Lin fosse um agente do governo e, finalmente, ordenando que descartasse o corpo desmembrado da vítima, e assim Magnotta o fez.

Magnotta, através de seu advogado, Luc Leclair, admitiu a “autoria física” das cinco acusações, incluindo homicídio em primeiro grau. Ele confessou a morte de Lin, mas alega inocência por motivo de insanidade; no seu caso, uma psicose secundária à sua esquizofrenia crônica.

O Dr. Watts parece não se incomodar com o que parece absurdamente óbvio para um leigo: que Magnotta pode ter encontrado uma maneira conveniente de minimizar sua responsabilidade por suas ações (Manny o ordenou que fizesse). 

De maneira similar, a única evidência contemporânea do assassinato de Lin – o vídeo de vigilância mostrando Magnotta enquanto se empenhava na grotesca tarefa de descartar as partes do corpo – o mostra calmo e sereno. 

Leclair reproduziu vários trechos do vídeo do prédio de Magnotta, durante os quais, nas primeiras horas de 25 de Maio, Magnotta fez inúmeras viagens ao depósito de lixo no andar térreo, descartando várias sacolas ensanguentadas de maneira geralmente metódica, arrumando o lixo em duas enormes latas e fazendo poses diante de espelhos no banheiro do térreo ou no lobby do prédio. 

A cada trecho, Leclair perguntava ao Dr. Watts como aquilo se encaixava na sua análise de Magnotta e no seu posterior diagnóstico de que ele estava sofrendo de psicose no momento do homicídio. 

Invariavelmente, o psiquiatra respondia que Magnotta “parece relativamente calmo e normal”, que ele “tem uma expressão bastante neutra”, que “nenhum comportamento parece estranho ou anormal”, que ele “aparentava estar bastante preocupado com sua aparência porque ele tinha uma autoestima relativamente baixa” e que ele parecia checar o próprio bumbum. Magnotta confidenciou ao psiquiatra que, às vezes, “até mesmo punha enchimento na região do bumbum” para aumentá-lo. 

Em um trecho às 4h22 da manhã daquele dia, quando Magnotta estava enfiando travesseiros no fundo das latas de lixo, o Dr. Watts disse que “o comportamento é contemporâneo à hora do assassinato de Lin”, de modo que ele estava tentando ver se algo que havia feito argumentava “contra ou a favor” do seu estado mental. 

Ele notou que Magnotta era organizado, que ao colocar o lixo por cima poder-se-ia argumentar que ele “estava tentando esconder” o que estava depositando, e que ele “não parece visivelmente estranho”. 

Mas, rapidamente acrescentou, “ao mesmo tempo, conheço indivíduos que possuem mania de perseguição e que não necessariamente têm um comportamento desorganizado”. 

Um pouco mais tarde naquele dia, às 4h36min, Magnotta deixou o prédio com seu cãozinho preto e branco, aparentemente para levá-lo para fazer xixi. O cãozinho, obviamente, acabou morto e, como os gatinhos, foi parar em um vídeo, que no caso do cãozinho foi o vídeo do desmembramento que Magnotta postou online. 

Ele admitiu ao psiquiatra que havia provocado os ativistas defensores de animais que estavam furiosos com os vídeos dos gatos. Mas Magnotta confessou que estava “aborrecido” porque os ativistas “estavam vindo com tudo para cima de mim, eu precisava responder”.

Ele matou os gatos e mesmo assim ficou irritado quando foi criticado por isso, mesmo que com razão. Do mesmo modo, o psiquiatra afirma em seu relatório que Magnotta não tinha uma boa relação com seu irmão porque, como ele lhe havia contado, ele “não é honesto, não guarda segredos e ele prejudica os outros”. Além disso, disse Magnotta, “ele dizia coisas homofóbicas”. 

Não ser honesto, não guardar segredos, prejudicar os outros, dizer coisas homofóbicas, no mundo de Magnotta, é revoltante. Mas matar e desmembrar um homem, afogar alguns gatos, filmar o esquartejamento de um cachorro não, ou melhor, para isso ele tem Manny Lopez.

Continuaremos acompanhando o julgamento. Não deixe de nos acompanhar no Facebook e Twitter.

Fonte: National Post

Esta matéria teve colaboração de:

Tradução por:

marcus

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"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz." (Platão)
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