Luka Magnotta baseou-se em elementos do suspense erótico “Instinto Selvagem”, de 1992, usando não apenas o nome da personagem principal do filme, mas também pegando emprestadas características do crime cometido por ela quando assassinou Jun Lin. Isso é o que afirma a promotoria.
A promotoria sugeriu que Magnotta pintou na cor prata a chave de fenda preta que usou para perfurar repetidamente o corpo de Lin, de modo que ela se parecesse com o picador de gelo usado pela personagem interpretada por Sharon Stone, Catherine Tramell, para matar um de seus amantes.
O título do vídeo editado que mostra trechos do assassinato de Lin e que Magnotta postou online – “1 Lunatic 1 Ice Pick” (“1 Lunático 1 Picador de Gelo”) – também menciona um picador de gelo.
A promotoria afirma que as semelhanças não param aí.
O noivo do personagem fictício de Sharon Stone, que não aparece no filme, chama-se Manny Vasquez – o mesmo prenome de um homem que Magnotta afirma ter sido seu cliente na época em que trabalhava como garoto de programa.
Magnotta confessou a psiquiatras que o entrevistaram que “Manny” estava em seu apartamento incentivando a matar Jun Lin. No entanto, a versão dos eventos que ele recontou à psiquiatra Marie-Frederique Allard, contratada pela defesa para avaliar a potencial imputabilidade criminal do réu, Magnotta não mencionou a presença de Manny.
Allard, que esteve presente no segundo dia de oitivas da promotoria, reconheceu que poderia notar semelhanças entre o personagem cinematográfico Manny e o Manny de Magnotta, explicando que passou um longo tempo ponderando se Manny era real ou simplesmente parte das “ideias delirantes” do acusado.
Ela concluiu que ele pode ter tido um cliente chamado Manuel Lopez, mas que os atos que Magnotta atribui a Manny podem ter sido afetados pelo estado psicótico dele.
Magnotta usou o nome “Kirk Tramell” seguidamente pela Europa nos dias anteriores à sua prisão, e escolheu “Catherine” como seu nome de usuário virtual, relatou a promotoria, em homenagem a “Instinto Selvagem”.
O promotor Louis Bouthillier frequentemente retornou a questões do relatório de 127 páginas de Allard sobre o estado mental de Magnotta, tentando apontar falhas nos argumentos.
Ele perguntou por que Magnotta pagou por nove dias de hospedagem em um hotel de Paris, particularmente quando esperava ficar com um parisiense que havia conhecido online, mas então, abruptamente, foi embora para Berlim.
Allard respondeu que isso não era uma questão de lógica, e que era difícil impor uma lógica às ações de alguém que, afirmava ela, estava em um estado psicótico na época.
“Não era uma questão de lógica – a menos que ele estivesse fugindo da polícia”, respondeu o promotor.
Em resposta às perguntas insistentes do promotor a respeito de detalhes contraditórios na história de Magnotta, Allard admitiu que às vezes a versão do acusado era incoerente.
Mas a psiquiatra forense sustentou que está claro para ela que Magnotta sofre de esquizofrenia, e que a doença e suas alucinações são responsáveis por suas ações em 25 de maio de 2012.
Allard disse ao tribunal que mesmo se desconsiderasse a versão dele para o crime, “ainda existem vários indícios que me mostram que ele estava psicótico”.
A psiquiatra mencionou o longo histórico médico de Magnotta, e o fato de que ele não estava tomando medicação antipsicótica desde 2010.
Ela indicou duas visitas a hospitais durante a época em que ele estava sem medicação para provar que, sem tratamento regular, o estado mental dele estava se degradando.
Allard também declarou durante o seu testemunho que um assassinato pode ser premeditado mesmo um paciente estando em estado psicótico.
Magnotta se declarou inocente das cinco acusações contra ele, mas admitiu ter praticado os atos tipificados, incluindo o assassinato do estudante da Concordia University Jun Lin e a profanação de seu corpo.
A promotoria afirma que o homicídio foi premeditado.
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- A história completa de Luka Magnotta pode ser lida no post 1 Lunático 1 Picador de Gelo.
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Fonte: CBC
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