Na Paraíba, um menino de 13 anos assassinou a mãe e o irmão a tiros, e deixou o pai paraplégico. Na raiz de sua fúria homicida estava um dispositivo eletrônico: o smartphone. Viciado no uso do aparelho, o garoto ia mal na escola, então os pais o proibiram de usá-lo. Foi o suficiente para ele decidir matar toda a família.
Na localidade espanhola de Elche, um adolescente de 15 anos foi proibido pelos pais de acessar à Internet. Como no caso brasileiro, o rapaz estava com péssimas notas na escola. Ansioso por acessar o computador e o smartphone, o menino encontrou uma solução aterradora para o seu problema: aniquilar a família. Armado com uma escopeta, ele matou a mãe e o irmão. À noite, quando o pai chegou do trabalho, ele o alvejou fatalmente com um tiro no peito, então permaneceu três dias jogando e navegando na Internet ao lado dos cadáveres, antes de vizinhos descobrirem a tragédia.
Em 2012, na Arábia Saudita, uma criança de apenas quatro anos matou o pai, após a vítima se recusar a comprar um PlayStation.
Em 2007, no estado americano de Ohio, Mark Petric proibiu o seu filho de 16 anos, Daniel, de jogar “Halo”. Totalmente viciado, Daniel passava até 18 horas jogando sem parar. Seu pai confiscou o game e o guardou em um cofre, mas Daniel encontrou a chave e o recuperou. No cofre também havia uma pistola Taurus 9mm.
Armado, Daniel serpenteou por trás de seus pais e disse, “Vocês, fechem os olhos, pois tenho uma surpresa” — e atirou na cabeça de ambos. Para simular um crime do tipo homicídio-suicídio, ele colocou a arma na mão do pai. “Ei, pai, aqui está a sua arma. Pegue-a!”, disse. O pai sobreviveu. A mãe, não.
Ano passado, na Índia, uma menina de 13 anos, que ficava o dia inteiro no smartphone, teve o aparelho confiscado pelos pais. Dias depois, a mãe descobriu um pó estranho misturado ao açúcar. Era inseticida. A garota planejou matar mãe e pai.
Histórias como essas são cada vez mais comuns e parte de um grave problema social do novo século. O vício digital tem levado crianças e adolescentes a pularem no precipício, e é tão dilacerante que, em alguns casos, as faz, sem pestanejar, cometer o inimaginável: matar aqueles que os mais amam.
Choca nesses casos a tranquilidade e naturalidade com que estes jovens homicidas permaneceram, após seus crimes, perante as autoridades. Eles não eram vítimas de abusos ou vinham de lares desfigurados. Pelo contrário, eram filhos amados cujos pais estavam apenas procurando o melhor para eles, neste caso, proibindo-os de passar o dia inteiro no mundo vazio da Internet, para focarem nos estudos e melhorarem as notas.
A fúria desses adolescentes veio porque foram simplesmente proibidos de jogar ou usar o smartphone. O menino da Paraíba confessou naturalmente como matou mãe e irmão. O jovem espanhol, da mesma forma, chocou os investigadores ao dizer como o irmão mais novo tentou fugir após vê-lo matar a mãe, então o “caçou” pela casa. Já o pai foi morto porque ele iria “encher o seu saco” quando descobrisse sobre a esposa e o caçula. Ele ficou tranquilo na Internet enquanto sua família apodrecia em casa. Daniel Petric foi ao ponto de manipular a cena do crime, colocando a arma na mão de seu pai, para incriminá-lo.
Referências: [1] Ahmedabad: 13-year-old mobile addict plotted to kill mom who took away her phone. The Plain Dealer. 16 dez. 2008; [2] Judge expected to deliver verdict Monday in trial of boy accused of killing his mother. The Plain Dealer. 6 jan. 2009; [3] Saudi 4-yr-old kills father who ‘refused to buy PlayStation’. RT News. 23 abr. 2012; [4] La soledad que buscó el adolescente de 15 años tras matar a sus padres y su hermano en Elche. El Mundo. 15 fev. 2022; [5] Pai de menino que matou mãe e irmão, na PB, deixa hospital sem sentir as pernas. G1. 9 abr. 2022; [6] Ahmedabad: 13-year-old mobile addict plotted to kill mom who took away her phone. Times of India. 19 jun. 2023.