Anatoly Slivko: o fetichista da morte

Ambulâncias fora do tribunal atendiam parentes das vítimas. O réu, abatido e envergonhado apenas escutava sem reação o discurso da promotora. Ele sabia o que a justiça de seu...

Ambulâncias fora do tribunal atendiam parentes das vítimas. O réu, abatido e envergonhado apenas escutava sem reação o discurso da promotora. Ele sabia o que a justiça de seu país lhe reservava. Meses antes escreveu uma carta de despedida à esposa em que pediu desculpas, que ela cuidasse dos filhos e afirmou que sua doentia patologia era congênita. Ao juiz expressou receio pelas filmagens de seus crimes que ele mesmo fez. “Tenho medo de que as pessoas assistam”, disse.

Os crimes de Anatoly Slivko chocaram a sociedade de Nevinnomyssk, tanto que a secretária local do Partido Comunista suicidou-se. É que Slivko era um deles, respeitadíssimo, com títulos de honra dados pela própria secretária. No mundo dos serial killers ele é único — uma mente tão obscura quanto exótica.

O PROFESSOR


Pedófilo, necrófilo, sádico, fetichista e piromaníaco, Slivko foi capaz de forjar uma vida exitosa enquanto secretamente arquitetou e executou um intrincado plano de perversão sexual cujas vítimas eram garotos. Ele nunca quis matar, mas quando isto aconteceu, uma nova forma de prazer surgiu.

Sua vida mudou aos 23 anos quando testemunhou um acidente em que vários garotos foram atropelados por um motociclista. Um menino morreu no local. Ele vestia gravata vermelha e sapatos pretos. O cheiro de gasolina, o princípio de incêndio, o corpo ensanguentado e a vestimenta da vítima fizeram Slivko ejacular ali mesmo. Ele nunca sentiu tanto prazer em sua vida. Tal experiência o marcou profundamente.

Dois anos depois Slivko criou um grupo de escoteiros que só aceitava rapazes na idade da vítima atropelada. O uniforme? Gravata vermelha e sapato preto. Em dado momento Slivko decidiu recriar a cena sexy do atropelamento levando meninos até a floresta para asfixiá-los. Mas ele não os matava. Ele fez isso 36 vezes. Em sete outras ocasiões as vítimas morreram e foram serradas ou cortadas com uma machadinha, e os pedaços incendiados com gasolina. O fogo e o cheiro do combustível e carne queimada lhe faziam lembrar do acidente, então ele se masturbava. Como troféu, ele ficava com os sapatos.

Camuflado na sociedade, as autoridades levaram 21 anos para desmascarar este fetichista da morte.

Anatoly Slivko nunca foi um ser humano normal. Quando criança gostava de matar e esfolar coelhos. Para piorar, testemunhou assassinatos nos anos de guerra. Uma de suas lembranças mais tenras é de um nazista matando um adolescente que tentava proteger o seu cão. A visão do nazista limpando o sangue de suas botas pretas brilhantes nunca foi embora. Homossexual, casou-se com uma mulher apenas para manter a fachada perante a sociedade. Apesar da vida sexual praticamente nula com a esposa, teve dois filhos e se tornou professor por motivos óbvios: era pedófilo. Por duas décadas ele comandou um famoso grupo de escoteiros.

Para atrair as vítimas, ele os chamava até a floresta para um “experimento”. Ele explicava ao menino que o enforcaria, mas o ressuscitaria em seguida. Tal experimento era para o garoto crescer “mais rápido”. Slivko gravava todo o processo. Ele estudou metodicamente manuais médicos sobre asfixia, de modo a não matar a vítima, mas em 1964 ele exagerou no “experimento” e Kolya Dobryshev, de 15 anos, morreu. Slivko desmembrou o corpo e jogou os restos mortais em um rio. A segunda vítima (esta assassinada de forma consciente) veio 9 anos depois, Sasha Nesmeyanov, também de 15 anos. Em 1975, a terceira vítima foi assassinada e depois mais quatro.

Aficionado por câmeras, Slivko gravou todos os crimes. Algumas vítimas foram serradas ainda vivas. Sapatos cortados encontrados em sua casa apontavam que ele os serrava juntamente com os pés das vítimas.

E pensar que as filmagens de Slivko, que ele acreditava que ninguém nunca assistiria, já foram vistas por milhões de pessoas. Nós mesmo, dez anos atrás, fizemos uma montagem com trechos de suas gravações, e elas incluem imagens despretensiosas das aventuras do professor e seus alunos, até seus medonhos experimentos e, pior, Slivko picando suas vítimas e incendiando os pedaços. O vídeo pode ser visto abaixo.

VÍDEO


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Referências: [1] «Эти убийства не смыть, не забыть» Любимец советских пионеров стал маньяком. Он вешал учеников и снимал об этом фильмы. Lenta. 2019; [2] Newton, Michael. Iron Curtain Killers: Serial Murder in Soviet Russia. RJ Parker Publishing. Edição do Kindle.

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Por:


Daniel Cruz
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