Sessenta e sete anos antes de Tracy Edwards escapar do apartamento dos horrores de Jeff Dahmer, parar uma viatura na rua e dizer que “um louco” tentara matá-lo, o polonês Vincent Olivier fez o mesmo. A diferença é que a polícia não acreditou na história de Olivier.
Quando Olivier começou a gritar no meio da rua Stawowa, em Ziębice, pouco antes do Natal de 1924, a polícia foi chamada. Quando os homens da lei chegaram, toparam com um homem histérico, ensanguentado e segurando uma picareta. Ele contou uma história maluca: foi atraído pelo velho da casa de número 10, que tentou matá-lo com a picareta, mas ele tomou o objeto e fugiu. Ninguém acreditou. “Papa Denke”, como era conhecido o dono da casa 10, era um velho barbudo e prestativo, muito conhecido na região. Os vizinhos de Denke se voltaram contra Olivier e a polícia o levou preso, acreditando que ele tentara roubar o velho homem.
No dia seguinte, porém, Olivier foi tão convincente que o juiz do caso pediu para o delegado tomar o depoimento de Denke. Levado à delegacia, Denke, de 64 anos, foi colocado em uma cela. Minutos depois foi encontrado morto. Ele havia se enforcado. Por que diabos ele faria isso?
CASA DO HORROR
Por mais de 20 anos, Karl Denke viveu imperturbável entre as paredes de sua casa. O fato dele esvaziar regularmente baldes cheios de sangue no jardim nunca pareceu suspeito. Vizinhos acreditavam que ele matava cães, algo comum naqueles anos de fome do pós-guerra. Os ruídos noturnos de serra também não incomodavam.
Após seu estranho suicídio, a polícia decidiu dar uma espiada em sua casa. No galpão, encontraram seus troféus: centenas de ossos e dentes humanos. Vestígios de sangue podiam ser vistos por toda parte. Havia carne humana curada e suspensórios de pele humana. Outros objetos também foram confeccionados com as peles.
Denke convidava homens pobres e esfomeados, os alimentava com carne humana e os matava com a picareta. Então os desossava, limpava e guardava os ossos, comia suas carnes e as vendia no mercado.
Este macabro e esquecido homicida levou para o túmulo a maioria de seus segredos diabólicos, mas permanece na história como exemplo de comportamento violento extremo.
Como curiosidade, e aproveitando o último post publicado, o caso Karl Denke também levou inocentes para a prisão. Em 1910, o açougueiro Eduard Trautmann foi preso e acusado de assassinato. O erro só foi descoberto 14 anos depois, após o suicídio de Denke, pois o velho assassino em série tinha o hábito de escrever em uma lista os nomes de suas vítimas, e em sua lista constava o nome da vítima morta em 1910 e que acreditava-se ter sido assassinada por Trautmann. (Outra curiosidade: na lista de Denke constava o nome de quatro mulheres, então, acredita-se que dentre suas dezenas de vítimas há quatro do sexo feminino). Sua forma de matar se assemelhava à da família Bender — distraía a vítima, então vinha por trás com a picareta (os Bender usavam um machado) e a acertava na cabeça.
Referências: [1] Kannibalismus in Deutschland. Welt Blatt. 30 dez. 1924. Pág. 3; [2] Der Kannibale von Münsterberg. Illustrierte Kronen Zeitung. 30 dez. 1924. Pág. 5; [3] Ein Menschenfresser. Das Interessante Blatt. 8 jan. 1925. Pág 5; [4] Der Menschenfresser von Münsterberg. Der Spiegel; [5] „Papa Denke“: Der Menschenfresser von Münsterberg. National Geographic.
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