
Stéphane Bourgoin, famoso especialista francês em casos de assassinos em série, confessou que a sua carreira se baseou em mentiras, depois de uma série de revelações divulgadas por um grupo no YouTube.
O francês de 67 anos construiu uma reputação como o principal especialista do país em casos de assassinos em série, escrevendo mais de 75 livros e produzindo dezenas de documentários. Bourgoin era frequentemente convidado para dar palestras a estagiários da academia nacional da Polícia Judiciária francesa e viajava regularmente pelo país para falar sobre as suas experiências.
No entanto, recorda a CNN, um grupo anônimo chamado “4e Oeil”, ou “quarto olho”, em português, divulgou, em janeiro, no YouTube, uma série de vídeos a acusar Bourgoin de mentir. A investigação rapidamente se tornou uma sensação na França. Desde então, os vídeos foram removidos do YouTube, mas permanecem no site oficial do coletivo.
Um porta-voz do “4e Oeil” disse à CNN que começou a investigar Bourgoin em agosto de 2019, depois de discutir o seu trabalho num grupo do Facebook dedicado a casos criminais. Os membros desse grupo suspeitavam que Bourgoin tivesse plagiado livros originalmente escritos em inglês e notaram datas que não correspondiam ou eram inconsistentes de um livro para outro.
“As entrevistas [de Bourgoin] na televisão convenceram-nos de que ele estava realmente a inventar tudo“, disseram membros daquele grupo à CNN.
Agora, o especialista francês confessou as mentiras, tanto à imprensa como na conta pessoal do Instagram. A CNN tentou entrar em contacto com os representantes de Bourgoin, mas não obteve resposta.
“Tenho vergonha de ter mentido, de ter ocultado coisas“, disse o francês em entrevista ao “Le Parisien”, no domingo. “É verdade que às vezes, quando estava aos olhos do público, embelezava, extrapolava, exagerava a minha importância, porque sempre tive a profunda sensação de não ser realmente amado“.
Uma das invenções de Bourgoin diz respeito a uma mulher que foi assassinada em 1976 em Los Angeles, nos Estados Unidos. O francês afirmou durante anos que foi a sua mulher que morreu, mas na verdade tratava-se de uma empregada de um bar que ele encontrara cinco ou seis vezes. “É completamente verdade que escondi voluntariamente a identidade dela“, admitiu.
Bourgoin também admitiu ter inventado uma suposta reunião com Charles Manson. “Isto pesou-me durante dois, três anos. Estranhamente, há o alívio de ter dito a verdade e, da vergonha, uma vontade de me redimir, de nunca mais dizer disparates como esse em público“, explicou o francês de 67 anos.
O porta-voz do “4e Oeil” disse à CNN que o grupo quer que Bourgoin pare de trabalhar na área. “Duvidamos sinceramente que as desculpas dele, mesmo que as tenha dito, sejam realmente sinceras“, apontaram os denunciantes.
O caso de Bourgoin lembra o do sueco Sture Bergwall, com a diferença de que Bergwall dizia ser um serial killer, enganando as autoridades do seu país durante décadas. Ele chegou a ser condenado por vários assassinatos e só foi desmascarado décadas depois quando um jornalista lançou um livro questionando as condenações sem provas, baseadas apenas em suas confissões mentirosas.
Fonte: Jornal de Notícias
Por:
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