De sua cela na prisão, Ted Kaczynski – o Unabomber, que aterrorizou os Estados Unidos na década de 1980 e início de 1990, manteve notáveis correspondências com milhares de pessoas ao redor do mundo. Com a proximidade do vigésimo aniversário de sua prisão, o OAV Crime reproduzirá uma série de artigos publicados pelo Yahoo! News com base em suas cartas e outros textos, armazenados em um arquivo da Universidade de Michigan. Eles lançam uma luz sem precedentes sobre a mente de Kaczynski — gênio, louco e assassino.
Foi um dia que começou como qualquer outro. Mas a maioria dos dias são iguais para Theodore John Kaczynski, que cumpre oito penas de prisão perpétua sem possibilidade de condicional na penitenciária mais segura e isolada dos Estados Unidos.
Em 11 de setembro de 2001, Kaczynski acordou por volta da alvorada em sua cela de 3,5 x 2 m, onde passa 23 horas por dia, na ala mais segura da ADX Florence [cujo nome em inglês é United States Penitentiary, Administrative Maximum Facility] em Florence, Colorado, lar dos criminosos mais perigosos do país.
Como “Unabomber”, apelido atribuído pela mídia com base na investigação do caso UNABOM (University and Airline Bomber) pelo FBI, Kaczynski havia aterrorizado o país, enganado e desafiado autoridades federais de 1978 a 1995 com uma série de cartas e pacotes-bomba, numa cruzada motivada pelo seu ódio à sociedade tecnológica moderna. Em sua cela, possuía uma TV de 12 polegadas e um rádio, recompensas por seu bom comportamento. Ele gostava de escutar música clássica numa estação de rádio pública das imediações de Colorado Springs, para onde uma vez enviou um pedido de música que foi ignorado. Mas em 11 de setembro, ao ligar o rádio, não estava tocando Vivaldi ou qualquer outro de seus compositores favoritos. Havia noticiários descrevendo em tom alarmante como aviões de passageiros haviam sido sequestrados e atirados contra as Torres Gêmeas em Nova Iorque e sobre o Pentágono em Washington, matando aproximadamente três mil pessoas no ar e em solo.
Kaczynski sabia algumas coisas sobre tentar derrubar um avião. Em 1979, ele quase derrubou um da American Airlines que partira de Chicago, despachando uma bomba construída para explodir dentro do compartimento de carga. Mas em vez disso, uma fiação malfeita causou um incêndio durante o voo, resultando em alguns danos, que por pouco não acabaram em um desastre maior. “Infelizmente, o avião não foi destruído”, escreveu Kaczynski em um diário apreendido pelo FBI mais tarde. “Bomba muito fraca”.
Em sua cela minúscula, Kaczynski sentou-se e ouviu no rádio o dramático desenrolar dos eventos de 11 de setembro. O acontecimento o fascinou, de acordo com cartas que ele trocou com amigos ao longo dos meses seguintes. Ele buscou informações sobre Osama bin Laden e o radicalismo islâmico e deu opiniões sobre as motivações e estratégias da Al Qaeda para aqueles que lhe escreveram.
Mas, diferente de muitos americanos que acompanharam vividamente os horrores do 11 de setembro pela televisão, Kaczynski escolheu apenas imaginar a dimensão da catástrofe. Ele não viu imagens dos aviões atingindo os edifícios, da fumaça negra subindo lentamente pelo céu de Nova Iorque enquanto os dois ícones do mundo financeiro ardiam, ou da nuvem de poeira acre que sufocou a Baixa Manhattan. Kaczynski não apenas detestava a mídia, mas também via a televisão como um dos males da sociedade tecnológica contra a qual havia lutado longamente. Assim, na manhã de 11 de setembro de 2001, ele decidiu não ligar a TV. Era uma questão de princípios — e os princípios na vida de Ted Kaczynski sempre foram mais importantes do que emoções humanas comuns, como curiosidade, amor por sua família ou compaixão por suas vítimas.
Quase duas décadas após sua prisão como um dos criminosos mais notórios da América, Kaczynski continua sendo uma figura complicada e pouco compreendida. Um prodígio e gênio da matemática, abandonou uma promissora carreira acadêmica para viver praticamente recluso em uma pequena cabana sem água encanada ou eletricidade numa remota área florestal em Montana. Apesar de divulgar um manifesto de 35 mil palavras delineando sua filosofia, ele jamais falou publicamente sobre o que o levou a se tornar um assassino. Ele rejeitou a avaliação de um psiquiatra designado pela justiça, que o diagnosticou como esquizofrênico durante seu breve julgamento em 1998. Trancado numa prisão construída para “os piores entre os piores”, Kaczynski, hoje com 73 anos, negou a maioria dos pedidos de entrevista e desapareceu do imaginário do público e da mídia.
Mas ele não permaneceu calado — longe disso. Desde os seus primeiros dias atrás das grades, Kaczynski manteve vasta correspondência manuscrita com centenas de amigos, fãs, curiosos e excêntricos com vários níveis de sanidade. Ele escreveu pelo menos 12 ensaios sobre os perigos da sociedade industrial e a necessidade de uma revolução contra a tecnologia, que ele acredita estar arruinando a raça humana. E quase todas as cartas que ele escreveu e recebeu — de cartas de amor ou ódio a tristes contatos de sua família — e seus textos, que variam entre polêmicas antigoverno a anotações às margens de notícias de jornal, são mantidos em um extraordinário arquivo que atualmente preenche mais de 90 caixas na Coleção Labadie [a maior coleção de artigos públicos de pesquisa do mundo], na Biblioteca da Universidade de Michigan em Ann Arbor. Ter suas cartas catalogadas em uma prestigiada universidade é um luxo que poucos maníacos homicidas podem se gabar de ter, e algo que Kaczynski poderia jamais ter conseguido se tivesse prosseguido em sua carreira acadêmica como matemático. Os papéis oferecem perspectivas extraordinárias sobre a mente brilhante do homem que aterrorizou uma nação por mais de uma década. Eles o mostram como alguém ímpar entre os criminosos — um psicótico que matou três pessoas e feriu mais de duas dezenas não por poder ou satisfação sexual, mas guiado por uma ideologia completamente pensada e articulada, com algum apelo e uma plausibilidade superficial, embora inequívoca e terrivelmente louca.
Ao longo das próximas semanas, uma série de posts irá mostrar a evolução dos pensamentos de Kaczynski sobre a tecnologia, sua vida atrás das grades e seu relacionamento com sua família, sua equipe de advogados e uma mulher que se apaixonou por ele através de suas cartas.
A coleção de cartas remonta a abril de 1996, apenas alguns dias depois de Kaczynski ser preso em sua cabana isolada por agentes federais levados por uma dica do irmão dele. David Kaczynski contatou as autoridades depois de notar semelhanças entre o linguajar usado no Manifesto Unabomber (publicado, por exigência do terrorista, pelo The New York Times e pelo The Washington Post) e nas cartas enormes que recebia de seu recluso irmão mais velho. Com exceção de duas cartas furiosas que Ted enviou a David após descobrir que ele o havia denunciado, o Unabomber jamais falou novamente com o irmão mais novo que antes o idolatrava, e repetidamente ignorou as tentativas desesperadas de contato de sua mãe, Wanda, que lhe escrevia constantemente até falecer em 2011.
Mas mesmo tendo esnobado sua família, Kaczynski construiu inúmeras relações com pessoas ao redor do mundo, através de suas cartas. Algumas amizades datam da época de sua prisão, e várias são pessoas que ele jamais encontrou pessoalmente ou falou por telefone. As cartas mostram um lado de Kaczynski jamais visto — um homem com senso de humor, que é criativo e consegue ser gentil, sensível e afetuoso com completos estranhos. E elas lançam uma luz sobre os mistérios dos distúrbios mentais, nos quais atos tão absurdos e terríveis como tentar explodir um avião com o intuito de reverter a Revolução Industrial podem coexistir com análises sérias e racionais sobre o complicado relacionamento da sociedade com a tecnologia e outras questões mais urgentes.
“Ted poderia aparecer de forma muito, muito racional, fazendo argumentos convincentes, e você pensaria ‘como alguém tão racional pode ser louco?'”, afirmou seu irmão David numa entrevista. “Mas é bastante complexo. Só porque ele parece racional, não quer dizer que sua mente não seja perturbada”.
Como seria de se esperar de um ex-acadêmico, Kaczynski mantém o meticuloso e incomum arquivo de sua cela na ADX. A Coleção Labadie, uma divisão especial da Universidade de Michigan que documenta a história dos movimentos de protesto social, chegou até Kaczysnki pouco depois de sua prisão, para descobrir se ele estaria interessado em doar seus textos (Kaczynski conhecia bem a instituição. Ele obteve seu doutorado em matemática na Universidade de Michigan em 1967, e em 1985 enviou uma bomba a um professor de psicologia de lá, ferindo gravemente seu assistente de pesquisa).
De acordo com Julie Herrada, a curadora da coletânea, a biblioteca esperava obter cópias do manifesto Unabomber ou dos diários encontrados em sua cabana em Montana. Mas ela foi tomada de surpresa quando Kaczynski começou a enviar centenas de cartas, passando a compartilhar seus papéis com a biblioteca em 1998. “Foi uma completa surpresa para mim que houvesse tantas cartas”, disse Herrada. “Parece que ele foi bombardeado com cartas de fãs praticamente desde o momento em que foi preso”.
No curso de alguns meses, Kaczynski encaminha para a biblioteca as cartas que recebe e, como não possui acesso a uma máquina copiadora, ele transcreve o que descreve como “cópias carbono” das cartas que envia para os outros — bilhetes que às vezes possuem mais de 20 páginas. Não se sabe se todas as cartas que ele recebe estão na biblioteca, mas aparentemente é algo perto disso. Há cartas de fãs de sua ideologia antitecnologia datadas de 5 de abril de 1996, dois dias após sua prisão. Também existem centenas de páginas de solicitações da mídia e cartas de indivíduos que lhe escreveram sobre temas tão variados como jardinagem, conselhos sentimentais, dicas sobre como ganhar na loteria e se ele poderia ser o infame Assassino Zodíaco (“maluco”, rabiscou Kaczynski em uma carta relacionada ao assassino em série).
Também há várias cartas de ódio. Em vez de jogá-las fora, Kaczynski parece não somente tê-las lido, mas as guardado para que outros as vissem. No cabeçalho de várias cartas que recebeu ao longo dos últimos 20 anos ele anotou as datas em que foram recebidas e local em que foram postadas.
Kaczynski não respondeu a uma carta do Yahoo! News que indagava os motivos de ele manter este arquivo e torná-lo disponível ao público. Mas numa carta enviada a um correspondente em 2001, ele escreveu que aquela decisão não era acadêmica, mas pessoal.
“Eu não espero em especial que acadêmicos aprendam algo comigo. A principal razão para eu doar meus papéis à Universidade de Michigan é de ordem pessoal. Não estou nada feliz com as besteiras que a mídia tem propagado a meu respeito, e eu quero que a verdade seja registrada. A verdade, ou a principal parte dela, está contida nos documentos”.
A coleção oferece novas perspectivas sobre a conturbada relação de Kaczynski com sua equipe de advogados, incluindo a famosa Judy Clarke, que ele claramente adorava. Numa das cartas mais impressionantes da coleção, Kaczynski, que durante muitos anos após se declarar culpado recusou-se a admitir que realmente era o Unabomber, escreveu para ela tentando explicar o porquê de ter se tornado um assassino.
“Você perguntou como alguém como eu, que parece ser sensível aos sentimentos dos outros e não perverso ou predatório, pôde ter feito o que eu fiz”, escreveu Kaczynski na carta de dezembro de 1996, que ele classificou como “MUITO SENSÍVEL”.
“Provavelmente a maior razão para você achar minhas ações incompreensíveis é que você jamais experimentou ódio e frustração intensos o suficiente, durante um longo período de tempo. Você não sabe como é carregar um fardo imenso ou raiva frustrada, e como isso pode tornar alguém rancoroso”.
Mas Kaczynski mais tarde teria uma desavença com Clarke e o resto de sua equipe de advogados após descobrir que eles pretendiam sustentar uma defesa baseada na insanidade para livrá-lo da pena de morte. Ele não só discordou veementemente de estar mentalmente doente como, mais do que qualquer coisa, acreditava que adotar tal linha de defesa faria com que o público rejeitasse suas ideias antitecnologia. De acordo com cartas à sua advogada, ele preferia morrer a ver o mundo acreditar que estava louco.
De certa forma, Kaczynski parece ter experimentado algum grau de crescimento pessoal na prisão. Enquanto seus diários confiscados pelo FBI confessavam que seu maior arrependimento no mundo lá fora era jamais ter mantido um relacionamento amoroso, ele se apaixonou por uma de suas primeiras correspondentes, Joy Richards, uma californiana a quem ele se refere como sua “amada”. As cartas sugerem que Kaczynski e Richards consideraram a ideia de se casar, mas ela foi diagnosticada com câncer e morreu no final de 2006. Algumas das cartas mais angustiadas da coleção tratam da dor e da impotência que Kaczynski sentia em relação à doença e morte dela. “Minha amiga sofreu mais do que alguém mereceria sofrer. E não posso fazer nada para ajudá-la”, ele escreveu a um conhecido em 2006 — isto vindo de um homem que plantou uma bomba que incapacitou permanentemente um piloto da Força Aérea que sonhava em se tornar um astronauta. Em um diário apresentado no tribunal federal, Kaczynski escreveu que tinha “rido” da pontinha de remorso inicial que havia sentido pela mutilação.
O mundo ao redor de sua cela mudou drasticamente nos 20 anos desde que ele foi preso, e Kaczynski se valeu de sua rede de correspondentes para se manter a par dos avanços tecnológicos, incluindo a ascensão da internet e das mídias sociais. Apesar de permanecer firmemente avesso à tecnologia e não ter permissão para acessar a internet, ele solicita endereços de e-mail de correspondentes para compartilhar com outros amigos como parte de seu esforço para criar um movimento antitecnologia. E ele pede livros àqueles que desejam presenteá-lo — frequentemente indicando-lhes a Amazon.com, onde podem encontrar os títulos que ele quer por um bom preço.
Ele trocou inúmeras cartas com estudantes universitários e professores que estudam sua ideologia. Em 2010, ele sustentou uma longa conversação com um calouro da Huntingdon College em Montgomery, Alabama, na qual opinava sobre o poder do Facebook e como figuras como Julian Assange, da WikiLeaks, e o falecido comentarista conservador Andrew Breitbart utilizaram a internet para ganhar influência. Mas ele admitiu que não sabia o que era o YouTube ou o que significava se tornar “viral”.
E apesar de ter acesso limitado ao mundo exterior, Kaczynski se mantinha atualizado em relação aos eventos correntes, incluindo política e assuntos exteriores. Ele falava sobre tudo, das eleições presidenciais ao impeachment de Clinton. “Se Bill Clinton fosse condenado e preso, acho que… eles não o poriam aqui”, escreveu Kaczynski a um amigo em 1999. “Em vez disso, eles construiriam uma prisão especial só para ele. Seria mais ou menos como a réplica exata de um hotel de luxo, completo com campo de golfe, piscina etc — e, claro, garotas”.
Em 2008, Kaczynski, que não tem direito de votar, disse a um amigo que preferia Hillary Clinton a Barack Obama nas primárias presidenciais do Partido Democrata. Na eleição geral, ele apoiou Obama.
“Quer dizer, não acho que qualquer um dos nossos políticos valha porcaria alguma, então quando eu digo que ‘prefiro’ tal político isto significa apenas que acho que ele ou ela é o menos pior entre os disponíveis… eu percebi que um presidente democrata tem maior probabilidade de nomear juízes que possuam algum respeito pelos direitos humanos do que um republicano… eu sei o quanto isso é importante!”.
Após os ataques de 11 de setembro, Kaczynski, como muitos americanos, demonstrou estar chocado, dizendo a um correspondente em outubro de 2001 que não esperava por aquilo. “Me pegou de surpresa”, escreveu.
Nas semanas que se seguiram aos ataques, o terrorista confesso, como vários compatriotas, tentou saber mais sobre os autores. Mas sem acesso à internet e com sua recusa a assistir televisão, Kaczynski tinha que pesquisar à moda antiga. Em sua minúscula cela em Florence, ele leu artigos sobre os ataques em jornais e revistas, incluindo a New Yorker, da qual era assinante, e escreveu a amigos pedindo que lhe contassem mais sobre as origens da Al Qaeda e seu misterioso líder, Bin Laden. Ele pediu que seus correspondessem sugerissem ou mesmo lhe enviassem livros sobre o assunto que pudesse ler — mas não muitos, porque sua cela já estava atulhada de documentos judiciais e livros.
“Como muitas pessoas, eu tenho pensado (e não apenas desde 11 de setembro) sobre o significado da militância islâmica”, escreveu Kaczynski a um professor anônimo da Inglaterra (muitos dos nomes nas cartas foram apagados). “É um assunto no qual eu tenho que admitir que sou ignorante”.
Qual seria a teoria operacional da Al Qaeda? O que exatamente Bin Laden queria? Seria Bin Laden como Kaczynski, afastando-se de um mundo de tecnologia moderna, ou seria apenas outro político?
“Osama Bin Laden tem sido pintado como um opositor da modernidade”, escreveu Kaczynski em dezembro de 2001.
“Se ele fosse simplesmente isso, eu estaria inclinado a apoiá-lo, mas meu palpite é que seu motivo é menos uma oposição à modernidade do que um desejo de criar uma ‘grande potência’ islâmica que seria capaz de competir em pé de igualdade com as outras grandes potências do mundo. Se isto for verdade, então ele é apenas mais um político desumano e sedento por poder, e não me serve de nada”.
Teoricamente, Kaczynski poderia ter feito suas perguntas sobre extremismo islâmico ao detento que em dado momento viveu numa cela ao lado da sua: Ramzi Yousef, condenado pelo atentado a bomba ao World Trade Center em 1993 e cujo tio, Khalid Sheikh Mohammed, foi considerado um dos mentores dos ataques de 11 de setembro. Mas Yousef, ex-parceiro de exercícios (junto com Timothy McVeigh, autor do atentado a bomba na cidade de Oklahoma) de Kaczynski que o havia incentivado a estudar o Islã, foi transferido para uma cela mais segura e posto sob restrições mais severas após o 11 de setembro, limitando suas interações com os outros detentos.
Logo Kaczynski estaria lendo o Alcorão para compreender melhor a cultura islâmica e oferecer comentários sobre a “estratégia aparentemente estúpida” da Al Qaeda àqueles que lhe escreviam.
“Se o objetivo da Al Qaeda for o que eles fingem que é, supostamente a ruína dos Estados Unidos, ou talvez do ocidente como um todo, sua estratégia parece inexplicavelmente obtusa. Eles deviam ter percebido que ao se proclamarem inimigos da América e se dedicarem indiscriminadamente a assassinatos em massa de americanos, conseguiriam apenas atrair o ódio de todos os americanos e uni-los atrás de seus próprios líderes”.
O grupo terrorista, argumentou Unabomber, teria sido “bem mais efetivo” se tivesse declarado sua amizade pelo povo americano e incitado a guerra apenas “contra o sistema existente” e os “membros da elite americana”.
“Deste modo a Al Qaeda poderia ter conquistado a simpatia de alguns americanos (especialmente aqueles que se encontram marginalizados no sistema existente aqui). Esta é a antiga estratégia de dividir para conquistar”.
Um assassino analisando friamente as táticas de outro, dissecando-as com a racionalidade que sempre foi uma de suas características mais marcantes. Kaczynski, em suas cartas, nos dá um vislumbre arrepiante das duas metades de sua personalidade: o mal e o brilhantismo, atadas inseparavelmente.
Série as Cartas do Unabomber:
- Abrindo o Arquivo Unabomber
- A história de dois irmãos
- A amada do Unabomber
- Kaczynski e seus advogados
- Unabomber: perdido no cyberespaço
- A vida atrás das grades
- A estratégia de mídia do Unabomber
- Leia também: Os Maiores Terroristas do Século XX