Você terá que dar crédito para “The Town that Dreaded Sundown” do diretor Alfonso Gomes-Rejon. O filme de horror, fez sua estreia em 20 de Setembro no último Fantastic Fest em Austin, Texas, e mostra que tem ambição. Em um mar de remakes sem sal, este pelo menos se esforça para mostrar algo diferente.
Para quem não conhece, o original de 1976 foi um filme de terror de baixo orçamento baseado nos assassinatos reais do “Assassino Fantasma”, um serial killer desconhecido que espalhou o terror na pequena cidade de Texarkana, Arkansas, em 1946. Caçando pessoas à noite e usando uma máscara, o serial killer atacou oito pessoas, matando cinco.
O filme original sensacionalizou esses eventos, o que levou a ira dos moradores locais. Entretanto, deixou uma impressão duradoura como um filme protótipo-slasher. O fato de que o verdadeiro assassino nunca foi pego deu um sabor terrível à película.
O que faz essa versão de 2014 ser intrigante é o fato dos acontecimentos terem palco na Texarkana dos dias atuais. O filme começa com uma incrível tomada mostrando grande parte da população da cidade em um drive-in assistindo ao filme original. Um jovem casal (interpretado pelos atores Addison Timlin e Spencer Treat Clark) dão uma escapulida da sessão e são brutalmente atacados por uma figura parecida com o Assassino Fantasma, o mesmo que aterrorizou a cidade décadas antes.
Teria o serial killer voltado do seu período de “resfriamento emocional”? Se sim, como ele poderia estar tão ágil é ainda vivo? Ou seria um assassino copycat? Talvez uma força sobrenatural?
A narrativa do filme brinca com todas essas possibilidades, como pode ser visto pelos olhos de Jami (Addison Timlin) – ao contrário do namorado, a garota sobreviveu ao ataque. Assim, dando uma de detetive amadora, ela passa a investigar os assassinatos. Sua linha de investigação leva a vários e sinistros personagens masculinos, mostrando que qualquer um pode ser o novo ou o velho Fantasma.
É neste momento que o filme caminha um pouco para fora dos trilhos. É até uma ideia fascinante referenciar o filme original, bem como investigar os aspectos não resolvidos do caso da vida real, mas a história nunca se conecta efetivamente e se perde no centro lacônico que dificultou o original.
O tiro certeiro do filme são algumas partes realmente assustadoras. Gomez-Rejon (de “American Horror Story“) sabe como sacudir o público e há algumas sequências habilmente construídas (em particular, uma perseguição no milharal que é magistralmente trabalhada). O diretor de fotografia Michael Goi dá ao Assassino Fantasma mascarado uma luminosidade estranha, abençoando esse slasher de orçamento modesto com uma rica e brilhante textura.
Algumas escolhas são bizarras para um filme que descreve um crime da década de 1940. Embora seja ambientado nos dias de hoje, por que todos se vestem como se estivessem no filme de John Carpenter “Halloween” de 1978? A cidade parece ter congelado no tempo. As pessoas se comportam como se estivessem nos anos 70, os carros são antigos e nenhum adolescente usa celular (what?).
No fim, o meta-horror desvenda muito do suspense e isso acaba se revelando decepcionante. Esse remake deveria ter adotado o conceito original de um assassino nunca descoberto. Na vida real foi assim e apenas este detalhe faria dele muito mais assustador.
Independentemente disso, o fato de “The Town That Dreaded Sundown” pretender ser acima da média para um slasher é louvável. Ele pode não ser totalmente tragável, mas sua premissa é bem mais cerebral do que o gênero geralmente é capaz de mostrar.
Trailer
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