Navegando pela internet, nesta sexta-feira, 21 de março de 2014, me deparei com a surpreendente notícia: Após 35 anos, Kate Bush anuncia turnê! Desde 1979, Kate Bush, uma das cantoras de maior sucesso do Reino Unido, raramente era vista ao vivo. Logo, a notícia originalmente publicada em seu web site foi divulgada pelos quatro cantos do mundo. O que faz ser notícia uma cantora que há 35 anos não realiza uma turnê e que raramente grava? A resposta é simples: Kate Bush tem talento e canta (de verdade).
As gerações Y e Z obviamente não a conhecem, mas deveriam, até porque a boa música é imortal e merece sempre ser revisitada. Se numa época em que mulheres mostram os corpos para fazer sucesso são chamadas de Rainhas (não, não estou cutucando Shakira, Rihanna e afins, ou estou?), Kate Bush, então, é Deusa. Como bem disse Tom Petty: “Diferentemente de hoje, para você lançar um álbum nos anos 70, você realmente deveria ser bom.” Portanto, para quem não a conhece, apresento-lhes: Kate Bush.
Descoberta ainda adolescente, em meados dos anos 70, pelo Pink Floyd David Gilmour que, impressionado com a qualidade musical e literária de seu trabalho, a levou à gravadora EMI. Logo, os executivos da gravadora viriam nela um talento raríssimo (convenhamos, alguém do porte de David Gilmour não levaria qualquer coisa até os seus chefões) e que deveria ser lapidado.
Antes de lançá-la oficialmente, eles a convenceram a fazer cursos de dança, mímica e expressão corporal. Em 1978, com apenas 19 anos, Kate Bush já entrava para a história. Lançada em Janeiro de 1978, com o hit Wuthering Heights – uma música baseada na novela de Emily Bronte -, ela se tornou a primeira mulher do Reino Unido a ter uma música de composição própria no número 1. Seu estilo musical eclético e sua idiossincrática voz fizeram dela uma das mais bem sucedidas artistas femininas do Reino Unido. Com um alcance vocal de soprano, suas canções abrangiam gêneros tão diversos como rock, pop, alternativo e art-rock.
Embora belíssima, seu sucesso não dependeu de sua aparência – original, Kate é autora de todas as suas músicas, lançadas em álbuns de surpreendente qualidade. A cantora foi sucesso na Inglaterra e em toda a Europa, embora nos EUA continuasse ignorada. Kate foi uma sensação até 1982, enquanto gravou regularmente. Depois, tornou-se bissexta, vivendo reclusa, longe da mídia e raramente gravando. Nunca realizou uma turnê mundial, e teorias para explicar sua ausência do showbiz incluem um suposto medo de avião, perfeccionismo e a morte de seu diretor de iluminação, Bill Duffield, em um acidente durante o seu show no Poole Arts Centre, em 2 de Abril de 1979. Mas mais provável mesmo é que a compositora, conhecida por gostar de assumir o controle criativo dos seus projetos, não conseguiu recriar sua visão artística enquanto esteve na estrada.
“Em seu coração, turnês expõem um enigma estético. Bush é essencialmente uma filha do estúdio, preferindo trabalhar ao longo do tempo em seus impulsos criativos, cercada de silêncio e solidão. Como uma autora, suas conexões com o público ocorrem privadamente, conduzidas como uma conversa, ao invés de uma declaração em massa. Os resultados são fascinantes e, em uma carreira de abundância de picos criativos e elogios da crítica, sua relutância em se apresentar ao vivo continua a ser uma fonte de profundo pesar. Uma grande perda para o mundo. Como uma estrela que morre cedo.”. (Jon Kelly, coprodutor dos três primeiros álbuns de Kate Bush).
Mas o surpreendente anúncio veio na manhã desta sexta-feira. Após 35 anos, Kate Bush, hoje aos 55 anos, fará 15 shows em Londres nos meses de agosto e setembro de 2014. Uma oportunidade única para ver uma das grandes cantoras do Reino Unido do século passado. A notícia de sua volta causou tanta excitação que seu nome virou trending topic no Twitter. Todos estão se perguntando: Após os shows em Londres, Bush fará uma turnê mundial? Até agora, certo mesmo são seus shows na terra da Rainha.
Cantoras como Kate Bush são atemporais e, mesmo com seu talento reconhecido pela crítica, sua volta é bastante ajudada por uma época em que a música é deixada em segundo plano. Hoje não é preciso talento, basta atitude e um corpo bonito. E parece que o mundo sente a falta de músicos de verdade; não fosse assim, a volta de Kate não seria tão comemorada, afinal, só sentimos falta daquilo que não existe mais.
A conferir também o excelente dueto dela com Peter Gabriel.
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