Uma TV, um video-cassete, um gerador a diesel e uma fita VHS pirata. Mais umas cadeirinhas para o pessoal sentar e pronto: esse era o cinema de Gana nos anos 80. A tecnologia do video-cassete tornou possível que entusiastas de cinema pudessem viajar de cidade em cidade criando “salas de exibição” em vilas e aldeias do país africano. Os filmes eram um sucesso total. Muitos dos habitantes do país nunca haviam visto nada igual: Pessoas dentro de uma caixa (no caso a televisão).
Para promover as sessões, artistas eram contratados para pintar grandes cartazes (geralmente em sacos de farinha) dos filmes. E eles tinham toda liberdade artística para pintar os cartazes da maneira que eles desejassem. Muitas das vezes eles pintavam os cartazes com elementos totalmente diferentes dos filmes reais, e muitas das vezes também, eles nunca tinham visto o filme. Quando os cartazes eram terminados, eles eram enrolados e levados juntamente com todo o aparato para montar o cinema das aldeias.
Esse cinema “móvel” e popular em Gana começou a desaparecer em meados dos anos 90, devido à maior disponibilidade de aparelhos televisores para a população. Com isso, os cartazes dos filmes foram substituidos por cartazes muito mais elaborados e feitos em papel fotocopiado.
A liberdade artística que esses artistas tiveram para criar os cartazes desses filmes, resultou em desenhos interessantíssimos e muitos deles bastante bizarros também. O roteirista hollywoodiano Walter Hill, que trabalhou em filmes como Alien, Ruas de Fogo e 48 Horas, chegou a dizer que “os cartazes eram mais interessantes do que os filmes.”
E para a nossa alegria alguns desses cartazes chegaram até nós. Em março de 2001, um trio de ganeses lançou o livro Extreme Canvas: Movie Poster Paintings from Ghana com ilustrações dos vários cartazes desenvolvidos pelos artistas ganeses nos anos 80. Veja abaixo essas obras-primas: