Linda a Dorothy Stratten em seu aniversário de 20 aninhos, não?
O que? Você não conhece Dorothy Stratten? Estranho, pois essa bela mulher da foto teve um impacto significativo no cinema, na música…
O ser humano não gosta de histórias boas, ao contrário, o ser humano gosta de ouvir, de ler, de viver histórias trágicas, macabras. Mas não se envergonhe, isso parece ser algo bastante natural. É curioso ver como a nossa vida, nossa cultura, em geral, parece nascer, viver de tragédias. Quantos povos e nações mundo afora não surgiram das cinzas de uma guerra? Sem contar que uma das maiores religiões do mundo nasceu da horrenda morte de um homem crucificado.
E talvez quem mais lucre com as tragédias da vida real sejam as artes. Das cruzadas cristãs e sua influencia na literatura, passando pela morte de Jean-Paul Marat eternizado num quadro do pintor Jacques-Louis David até os filmes de Hollywood que retratam dramas da vida real. Aliás, vocês sabiam que os filmes de terror que vocês assistem hoje só existem por causa de um serial killer esquizofrênico que colecionava cabeças em sua fazenda na década de 1950? (leia aqui).
E Dorothy Stratten foi mais uma pessoa com um fim trágico que serviu de inspiração para futuros artistas. Um dos grandes filmes dos anos 80, Star 80 é sobre ela. A ótima atriz Jamie Lee Curtis também contou a sua história em Death of a Centerfold, de 1981. Na música, ela foi inspiração para duas músicas do ótimo cantor canadense Bryan Adams. Em 1999, a banda de rock Red Hot Chilli Peppers lançava o melhor e mais bem sucedido álbum da história da banda: Californication. E lá nesse álbum havia uma tal música chamada Californication. Em quem vocês acham que o vocalista Anthony Kiedis estava pensando quando escreveu os versos First born unicorn, hard core soft porn?
Dorothy Hoogstratten tinha tudo o que o showbusiness procurava (e ainda procura): talento, beleza inteligência, e uma encantadora personalidade. Como muitas mulheres lindas que chegam ao estrelato, ela vinha de uma origem pobre e humilde. A canadense moradora de Vancouver, trabalhava em uma sorveteria da cidade quando sua beleza chamou imediatamente à atenção de Paul Snider. Pronto. Naquele momento, Dorothy celava o seu destino. Paul Snider era um ex-garoto de programa que trabalhava como cafetão de prostitutas em Vancouver. Deve ter sido fácil para Paul fazer a cabeça da inocente adolescente que desejava um lugar ao sol.
Paul Snider a convenceu a posar nua para fotos, falsificou a assinatura da mãe de Dorothy (ela era menor) e enviou as fotos para a revista Playboy. A beleza de 1,75m impressionou a revista e em agosto de 1979 Dorothy chegava onde nunca pensou em chegar: ela era capa da mais famosa revista de nudez feminina do mundo.
Sua vida não poderia estar melhor. Em julho ela se casara com Paul. Um mês depois estava na capa da Playboy. Poucos meses depois a linda canadense já estava em Hollywood, onde estrelaria pequenos papéis nos filmes Skatetown USA, Americathon e Autumn Born. Ela também apareceu na famosa série Fantasy Island. Abaixo podemos vé-la em ação. (Dorothy é a primeira mulher a aparecer no vídeo, usando um vestido vermelho.)
O sucesso parecia vir como um raio para a ex-garçonete.
No fim de 1979 ela apareceu num especial de fim de ano da rede ABC ao lado de outras playmates dançando junto com um dos ícones da disco músic: O Village People. Ela aparece em vários momentos da festa, mais explicitamente a partir dos 5:49 minutos. Veja no vídeo abaixo!
1980 parecia ser o seu grande ano. Foi escolhida a coelhinha do ano e estrelou o seu primeiro filme como protagonista: Galaxina. A sexy robô interpretada por Dorothy deixou marmanjos em todos os Estados Unidos com água na boca.
Sua vida profissional crescia aceleradamente rumo ao topo, mas o mesmo não podia-se dizer sobre sua vida pessoal. As brigas com seu marido, Paul Snider, eram constantes. Paul tinha um ciúme doentio de Dorothy.
Executivos da Playboy, dentre eles Hugh Hefner, a aconselharam a cortar todos os laços com o ciumento e paranóico Snider. A playboy havia ganho bastante dinheiro com ela e o seu sucesso também era o sucesso da revista. A playboy buscava anciosamente por uma estrela e essa parecia ser Dorothy. O dono da playboy chegou a chamar Paul Snider de “vigarista e cafetão”, mas Dorothy ressentia-se em deixá-lo pois o achava parcialmente responsável por seu sucesso.
Em meados de 1980, ela finalmente tomou coragem e largou seu marido. “Perdi o meu foguete para a lua”, teria dito Paul Snider para amigos.
As 23h horas do dia 14 de agosto de 1980, um detetive particular contratado por Snider para seguir Dorothy, entrou na casa onde o casal vivera em Los Angeles. Durante todo o dia ele ligara para Paul e este não retornara suas ligações. Ao entrar no quarto, ele teve a chocante cena: dois corpos nus com as cabeças espatifadas mergulhados em poças de sangue estavam caídos no chão. Era o fim de Dorothy Stratten.
A polícia acredita que Paul tenha chamado Dorothy para conversar sobre o divórcio. Ele a espancou e a estuprou repetidamente. Com uma espingarda calibre .12, deu um tiro em seu rosto que praticamente a deixou sem cabeça. Ele ainda praticou necrofilia com o cadáver antes de dar um tiro na própria cabeça.
Uma estrela que teve o seu brilho apagado precocemente. Uma jovem mulher que teve tirada de si tudo o que um dia ela poderia conquistar: amigos, filhos, fama, admiração… Mais uma história trágica que fez brotar filmes, músicas…
Uma reportagem completa (em inglês) sobre o caso pode ser vista no link a seguir: Death of a Playmate.
Abaixo uma rara entrevista com a belíssima Dorothy quatro meses antes de sua morte:
Trailer do filme Galaxina
“Minha família é importante para mim. Trabalho desde os 13 anos de idade. Nunca tive um pai, era somente minha mãe e eu”.
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