O assassino em massa é estereotipadamente definido como uma “bomba-relógio humana”. Embora tenha havido alguns homicidas em massa do sexo feminino, a grande maioria é de homens. Em geral, o assassino em massa é alguém cuja vida saiu dos trilhos – alguém que foi largado pela mulher, despedido do emprego ou que sofreu algum revés humilhante que o fez perder o controle. Tomado de uma fúria aniquiladora contra tudo que culpa pelo seu fracasso, explode em um surto de violência devastadora que manda pelos ares quem estiver por perto (um fenômeno que nos Estados Unidos deu origem à expressão “go postal”, um mórbido tributo ao grande número de carteiros que já cometeram atos do tipo sob a influência do estresse).
Se assassinato em série é, essencialmente, um crime sexual, o assassinato em massa é quase sempre um ato suicida. Em fúria cega, apocalíptica, o assassino em massa quer causar grande impacto ao morrer e levar o maior número possível de pessoas com ele. Quase sempre quando o banho de sangue acaba, ou o assassino põe fim à própria vida, ou provoca um tiroteio fatal com a polícia (o que se conhece como “suicídio por intervenção da polícia”).
“Um dia, antes de eu me matar, levarei algumas pessoas comigo”.
[Sylvia Seegrist, assassina em massa]
Como sua intenção é acabar com o maior número possível de pessoas, o assassino em massa quase sempre usa armas de fogo. Isso está em nítido contraste com a maioria dos assassinos em série, que – com notáveis exceções, como por exemplo David Berkowitz, o Assassino do Zodíaco e Tiago da Rocha – prefere o prazer perverso de usar as próprias mãos para esfaquear, estrangular, espancar e mutilar.
Um elemento-chave do assassinato em massa é que, por definição, ele ocorre em um único local. Aliás, é esse fator que contribui, mais que qualquer outra coisa, para a natureza devastadora do crime. O assassino em massa é alguém que – como um homem-bomba – explode sem aviso em um restaurante, playground, sala de aula, escritório ou até mesmo (como no caso de Larry Gene Ashbrook, em 1999) em uma igreja, transformando um ambiente seguro e familiar em cenário de chacina, com cadáveres espalhados por todos os lados.
Embora assassinos em massa não exerçam o mesmo fascínio mórbido dos serial killers – basicamente porque seus crimes são menos escandalosamente macabros e sexualmente pervertidos -, eles costumam fazer um número substancial de vítimas fatais. Nos Estados Unidos, por exemplo, Charles Whitman – o atirador da Torre do Texas que em 1º de agosto de 1966 se entrincheirou no mirante de observação da Universidade do Texas e abriu fogo contra pessoas aleatórias -, fez 14 vítimas fatais no decurso do massacre. Esse somatório sinistro foi superado 18 anos depois por James Huberty, um dos piores episódios de assassinato em massa daquele país.
Assassinatos em massa são eventos incomuns, mas devastadores quando ocorrem. Embora o risco absoluto de morrer nas mãos de um assassino em massa seja praticamente nulo, o medo generalizado de se tornar uma vítima pode deixar muitos paranoicos. E isso não é uma surpresa. Assassinatos em massa são, entre muitas outras coisas, uma tentativa consciente de desestabilizar a ordem social existente. É por isso que (diferentemente do assassinato em série) este tipo de crime é público; o assassino procura maximizar a atenção e raramente tenta escapar. Alguns dos motivos por trás deste tipo de crime são, obviamente, políticos – com a intenção de semear o medo e desestabilizar o governo (exemplo Timothy McVeigh). Mas a grande maioria não mostra um motivo explícito.
Definição
O termo “assassinato em massa” significa diferentes coisas para diferentes pessoas. O termo foi o mais usado ao longo da história moderna para designar assassinatos de múltiplas pessoas. O atirador Charles Whitman, os envenenamentos de Jonestown, os crimes de Jack, o Estripador, o desastre da indústria Bhopal, os ataques ao World Trade Center, a pratica da eutanásia e até a política para a liberação do aborto em alguns países foram chamados de assassinatos em massa. Isso mostra que as definições na criminologia, uma ciência empírica, muda com o tempo. Ao longo das décadas o conhecimento aumentou e evoluiu, e novos termos foram criados para designar tipos específicos de crimes (como o “assassinato em série” e o “assassinato relâmpago”). Ainda assim, não existe um consenso na definição de assassinato em massa. Para o FBI, assassinato em massa (quando cometido por um indivíduo solitário) é o assassinato de quatro ou mais pessoas durante um evento sem “período de resfriamento emocional” entre as mortes. Há quatro anos, entretanto, como resultado de um novo estatuto federal [28], o governo dos Estados Unidos definiu oficialmente o assassinato em massa como a morte de três ou mais pessoas assassinadas em um único evento.
Neste post, definimos assassinatos em massa como incidentes que ocorrem em locais públicos, envolvendo quatro ou mais mortes – não incluindo o perpetuador -, com o assassino escolhendo aleatoriamente e indiscriminadamente suas vítimas.
Abaixo segue uma lista dos 25 piores assassinos em massa da época moderna (em número de vítimas). É bom deixar claro que esta lista foca nos chamados assassinos em massa solitários, portanto, exclui assassinatos em massa cometidos por estados, ditadores e grupos terroristas.
1. Gameel Al-Batouti
Onde: Oceano Atlântico | Data: 31 de Outubro de 1999 | Vítimas: 216
Vingança: a palavra que está intimamente ligada aos assassinos em massa resume o pior crime deste tipo cometido por um indivíduo solitário da história moderna.
Em 31 de outubro de 1999, o voo 990 da companhia egípcia EgyptAir, que fazia a rota Nova York – Cairo, caiu no Oceano Atlântico matando as 217 pessoas que estavam dentro do avião. A desaceleração do avião rumo ao oceano foi tão grande que ele se despedaçou em pleno ar. Nas gravações de voz da cabine de comando, uma frase chamou a atenção dos investigadores: “Eu tenho fé em Deus”, disse o copiloto egípcio Gameel Al-Batouti, 59, enquanto desligava o piloto automático e baixava o elevador da cauda (que controla a altitude do nariz da aeronave). Soou um alarme na cabine e o piloto (que havia ido ao banheiro) voltou desesperado: “O que está acontecendo, Gameel? O que está acontecendo? Você desligou os controles? Me ajude aqui!”. Al-Batouti respondeu: “Eu confio em Deus”.
As caixas-pretas do avião indicaram que o piloto tentou estabilizar a aeronave, mas os elevadores da cauda estavam em posições opostas: o controlado pelo piloto apontava para cima, enquanto o controlado pelo copiloto suicida apontava para baixo. Para os investigadores essa é a prova definitiva de que um queria levantar a aeronave enquanto o outro queria jogá-la no mar. Nessa guerra entre a vida e a morte a segunda venceu.
Três anos depois, uma minuciosa investigação do acidente realizada pelos americanos indicou que o ato pode ter sido um ato de vingança de Gameel Al-Batouti. Ele havia sido proibido de fazer viagens para outros países devido à inúmeras queixas de assédio sexual de aeromoças, funcionárias da EgyptAir e de hotéis onde ele se hospedava. Aquela deveria ser a sua última viagem transcontinental. Sem a boa grana que a empresa pagava para quem fazia essas viagens, o assassino em massa decidiu dar um fim à própria vida mas sem antes levar o máximo de pessoas com ele.
2. Kim Dae-Han
Onde: Daegu, Coréia do Sul | Data: 18 de Fevereiro de 2003 | Vítimas: 192
Um inferno em chamas iniciou-se às 9h53 no metrô de Daegu, Coréia do Sul, em 18 de Fevereiro de 2003. Nesse minuto, a linha 1079 chegava na estação Jungango. Em dois minutos, o fogo se alastrou de tal forma que os seis vagões do trem foram completamente destruídos. Às 9h57, um segundo trem entrou na estação e também não escapou. As portas nem chegaram a abrir e todos os 79 passageiros morreram queimados. A estação, que não tinha sistema de combate a incêndio, foi completamente tomada pela fumaça tóxica e chamas, causando dificuldades extremas para a equipe de resgate. Três horas depois, o lugar ainda ardia em chamas.
Investigadores descobriram que a causa do incêndio foi um rastro de gasolina incendiado intencionalmente através de um cigarro por Kim Dae-han, 56 anos, um ex-motorista de táxi desempregado que tinha metade do corpo paralisado devido a um AVC. Ele já havia sido tratado em um hospital psiquiátrico que tentou incendiar. O motivo do crime nunca foi descoberto. Dae-Han foi condenado em agosto de 2003 à prisão perpétua. Familiares e o promotor do caso queriam a pena de morte, mas devido ao suposto arrependimento e à sua instabilidade mental no momento do ato, essa possibilidade foi descartada. Dae-Han faleceu um ano depois.
3. Timothy McVeigh
Onde: Oklahoma, Estados Unidos | Data: 19 de Abril de 1995 | Vítimas: 168
Timothy James McVeigh, ex-fuzileiro das forças armadas dos Estados Unidos, foi um excelente soldado, tendo ganho a medalha de bronze por seus feitos na Guerra do Golfo em 1990. Durante sua estadia no exército era notória sua disposição para aguentar a dor nos mais terríveis exercícios impostos por seus superiores; o que para os outros era uma tortura, para Timothy era um prazer.
Depois de deixar o exército, McVeigh começou a destilar sua raiva contra o governo americano que acusava de tirano. Escreveu cartas para jornais acusando o governo de roubar seu próprio povo através dos altos impostos.
“Impostos são uma piada. Independentemente do que um candidato político ‘prometa’, eles irão aumentar. Mais impostos são sempre a resposta para à má administração do governo. Eles fazem merda. Nós sofremos. Os impostos estão atingindo níveis cataclísmicos, sem desaceleração à vista. […] Há uma Guerra Civil iminente? Vamos ter que derramar sangue para reformar o sistema atual? Espero que isso não aconteça. Mas pode”.
[Timothy McVeigh – 6289 Campbell Boulevard]
– Trecho da primeira carta escrita por McVeigh e enviada ao Union-Sun & Journal, publicada em 11/02/1992.
Uma vez, disse a amigos que o Exército havia implantado um microchip em suas nádegas para que o governo pudesse rastreá-lo. Trabalhava por horas e se sentia raivoso por não poder comprar uma casa. Quando não estava remoendo seus pensamentos persecutórios, tentou namorar uma colega de trabalho, mas ela o rejeitou, o que piorou seu comportamento, passando à jogatina e perdendo o pouco dinheiro que tinha. Então começou a procurar um estado sem impostos pesados para morar, mas ficou enfurecido quando o governo o taxou em US$ 1.058,00 dólares por uma dívida no Exército. Ele escreveu uma carta para o governo:
“Vá em frente, tire tudo o que eu tenho; tire a minha dignidade. Me sinto bem que vocês cresçam gordos e ricos através do meu suor; sugando os impostos que pago e minha propriedade”.
“Um homem com nada a perder é um homem muito perigoso e sua energia/raiva pode ser focada em um objetivo comum e justo”, escreveu ele. Esse objetivo foi mostrado em 1995, quando ele arquitetou e executou um dos piores assassinatos em massa da história dos Estados Unidos, deixando um caminhão bomba em frente ao edifício federal Alfred P. Murrah na Cidade de Oklahoma.
A explosão matou 168 pessoas. Ele esperava, com esta ação, inspirar uma revolta contra o governo americano. Acusado de 11 crimes federais, McVeigh foi executado com uma injeção letal no dia 11 de junho de 2001, apenas quatro anos após receber a pena de morte.
4. Andreas Lubitz
Onde: Alpes Franceses, Vale de Aosta | Data: 24 de Março de 2015 | Vítimas: 149
Enquanto subiam para a altitude de cruzeiro, a conversa entre o piloto Patrick Sonderheimer e o copiloto Andreas Lubitz não passava dos assuntos banais que rolam em qualquer cabine de um voo comercial. “[Eles conversavam] de uma maneira que poderíamos chamar de brincadeira, como pilotos normais de um voo normal, nada fora do comum”, relatou um investigador.
O voo que eles comandavam, o 9525 da companhia alemã Germanwings, decolou de Barcelona, Espanha, rumo a Dusseldorf, Alemanha. Uma rota banal para o comandante Sonderheimer – mais de seis mil horas de voo – e com duração de apenas 1h30. Tão banal que com apenas 20 minutos de voo o comandante começou a discutir o pouso em território alemão com o copiloto. E foi a partir desse assunto que algo mudou.
Lubitz, 27 anos, começou a dar respostas secas ao comandante. Como já sabemos o final desta história, quando Sonderheimer passou a conversar sobre o pouso, Lubitz não tinha intenção de que isso acontecesse. Infelizmente, Sonderheimer não percebeu nada.
Tendo discutido o pouso e com o Airbus A320 em perfeito nivelamento, Sonderheimer decidiu dar uma ida ao banheiro. “Você tem o controle”, disse ele ao jovem copiloto alemão. Quando o experiente piloto deixou a cabine e fechou a porta, Lubitz apertou um botão no lado esquerdo do painel, trancando completamente a cabine (medida de segurança adotada após o 11 de Setembro). O destino dele e das 149 pessoas a bordo daquele voo estava selado.
Lubitz alterou a configuração do piloto automático, apertou um botão para colocar o avião em modo de descida e enveredou a aeronave para os Alpes Franceses a 700 km/h. Ao ver que a porta estava bloqueada, Sonderheimer usou uma chamada de vídeo exigindo que Lubitz o deixasse entrar. O copiloto podia ver o piloto em um monitor à sua frente, mas nem mesmo respondeu. Sonderheimer começou a bater na porta, novamente sem resposta. Enquanto isso, os controladores de tráfego aéreo franceses tentavam desesperadamente contato com a cabine, já que na tela do radar viram a inesperada descida da aeronave. Fizeram diversas tentativas, implorando para quem estivesse na cabine configurar o transponder para o código 7700, o que significa que eles poderiam confirmar a correta leitura da altitude. Outras aeronaves foram chamadas para tentar contato com o Airbus, nenhuma obteve resposta.
Enquanto Sonderheimer desesperado socava e chutava a porta da cabine, controladores de voo em terra e pilotos de outras aeronaves tentavam contato, e pessoas dentro do avião gritavam, o único som da cabine, captado pelo microfone do headphone, era o da respiração de Lubitz: calmo, “respirando normalmente”, como relatou Brice Robin, promotor francês.
Investigadores alemães descobriram na casa do assassino em massa uma carta amassada de um médico alemão indicando que Lubitz era incapaz para o trabalho. Aparentemente ele escondeu da empresa que sofria de problemas mentais. Também foi descoberto que Lubitz sofria de uma doença psicossomática e que pesquisara no Google termos como “formas de cometer suicídio” e “portas de cabine e sua segurança”. Nos meses que se seguiram, descobriu-se ainda que Lubitz fora diagnosticado com depressão psicótica e tendências suicidas e que por isso foi negado a ele uma licença de piloto nos Estados Unidos. Por cinco anos, ele sofreu de insônia por achar que estava ficando cego. Lubitz chegou a consultar 40 médicos que afirmaram que ele não tinha nada. Talvez motivado por essa falsa profecia (de que ficaria cego), ele começou a pesquisar maneiras de cometer suicídio, acabando por decidir derrubar um avião com 149 pessoas.
5. Lai Sanyang
Onde: Guangzhou, Mar da China | Data: 9 de Março de 1978 | Vítimas: 134
O pior acidente da história da marinha chinesa foi causado por um assassino em massa. Em 9 de março de 1978, no Mar da China, costa de Guangzhou, o marinheiro Lai Sanyang (Lai Laiyang em fontes chinesas) causou uma explosão dantesca no navio de guerra 160, provocando a morte dele e de outras 134 pessoas.
Deprimido pelo suicídio da namorada, Lai passou a chorar pelos cantos e ter ideias suicidas. Por fim, decidiu levar o navio inteiro com ele para o outro mundo. Ele fez um pequeno buraco no convés, de modo que a água do oceano se infiltrou lentamente, sem chamar atenção dos demais. Várias horas depois, todo o convés se encheu de água; sob forte pressão, uma das inúmeras bombas que o navio carregava explodiu.
Relatórios de época revelam o “mar de cadáveres” que se formou, alguns sendo içados por cordas e se desintegrando conforme eram puxados. Sites chineses que contam essa história, como o Military China, praticamente não citam o nome de Lai, focando apenas no imenso prejuízo da Marinha com a perda do navio e nos gastos do governo no resgate de partes do navio para serem reaproveitadas. Os motivos pelos quais o marinheiro desequilibrado mandou pelos ares um navio do porte do 160 matando mais de uma centena de pessoas pareceu não interessar aos chineses.
6. Zhang Pilin
Onde: Dalian Zhoushuizi, China | Data: 7 de Maio de 2002 | Vítimas: 111
Outro assassino em massa chinês que é pouco conhecido – este devido às restrições na divulgação de informações do caso pelo partido comunista chinês – é Zhang Pilin.
Pilin era um dos passageiros do voo 6136 da China Northern Airlines que ia da capital Beijing até Dalian, na província de Liaoning. O avião caiu no mar ao se aproximar da cidade, pouco depois do piloto reportar “fogo a bordo“.
A investigação oficial do governo chinês revelou que Pilin incendiou o banco em que estava com um litro de gasolina que levava na bagagem de mão. A investigação ainda revelou que o fogo em si não foi o causador do acidente, mas sim o momento crítico em que ele foi começado: quando o avião se preparava para pousar. O pânico tomou conta dos passageiros que saíram de seus assentos e correram do fogo, indo todos para o mesmo lugar, desestabilizando a aeronave, fazendo o piloto perder o controle. Cento e doze pessoas morreram, incluindo Pilin.
O motivo de tal ato permanece desconhecido, com algumas reportagens indicando que Pilin estava em dívida financeira e sofrendo de câncer.
7. Jin Ruchao
Onde: Shijiazhuang, China | Data: 16 de Março de 2001 | Vítimas: 108
Em 1988, Jin Ruchao foi condenado a 10 anos por estupro. Ao sair da cadeia passou a morar em um conjunto de apartamentos popular no norte da cidade de Shijiazhuang. Em 2001, ele decidiu explodir o lugar inteiro.
Com raiva do seu vizinho, sua ex-mulher, ex-sogra e uma namorada, Ruchao mandou pelos ares quatro prédios matando ao todo 108 pessoas. Um dos prédios era o local onde sua mãe tinha um apartamento. Após o falecimento dela, sua irmã vendeu o apartamento e lhe deu a parte que lhe cabia. Achando que a irmã o havia passado para trás, ele também explodiu o lugar.
Os explosivos foram feitos de nitrato de amônia – matéria prima preferida de grupos terroristas ao longo do globo. Timothy McVeigh também usou nitrato de amônia para fabricar as suas bombas.
Em 29 de abril de 2001, Ruchao foi condenado à morte. Ele foi executado no ano seguinte.
8. Tsu Way Ming
Onde: Sumatra, Indonésia | Data: 19 de Dezembro de 1997 | Vítimas: 103
Em 19 de dezembro de 1997, o voo 185 da companhia de Cingapura SilkAir espatifou-se na selva do Rio Musi, sudoeste da ilha indonésia de Sumatra, matando as 104 pessoas a bordo.
Durante três anos, a causa do acidente foi um completo mistério, até a NTSB – agência governamental independente norte-americana responsável por investigação de acidentes aéreos – revelar o seguinte:
“O exame de toda evidência factual é consistente com as seguintes conclusões: 1) nenhum mal funcionamento ou falha mecânica no avião causou ou contribuiu para o acidente, e 2) o acidente pode ser explicado por ação intencional do piloto. Especificamente, a) o perfil de voo do avião acidentado é consistente com a movimentação manual do nariz-para-baixo através de comandos de controle; b) a evidência sugere que o gravador de voz da cabine (CVR) foi intencionalmente desconectado; c) a recuperação [da queda] do avião era possível mas não foi tentada; d) é mais provável que os comandos para [colocar o] nariz do avião para baixo tenham sido feitos pelo piloto e não pelo copiloto”.
As turbinas do avião estavam em plena força no momento do impacto. No decorrer dos meses após a divulgação do relatório da NTSB, descobriu-se que o piloto, Tsu Way Ming, 41, tinha um histórico de comportamento errante em voos e havia sido considerado inapto para o trabalho.
Meses antes da tragédia, ele teria tentado pousar um avião em condições totalmente impróprias, quando viu que não conseguiria, começou a balança-lo de um lado para o outro. O copiloto, Lawrence Dittmar, interveio e estabilizou a aeronave. Três meses depois, Dittmar novamente teve problemas com Tsu. Após uma discussão, o piloto desligou o gravador de voz da cabine. O incidente foi relatado, mas a SilkAir não considerou que Tsu necessitasse de ajuda psicológica.
Tsu tinha dívidas de ações mal negociadas, dívidas altas de cartão de crédito e uma apólice de seguro de um milhão de dólares que beneficiava sua esposa.
9. Ma Hongqing
Onde: Vila de Mafang, China | Data: 16 de julho de 2001 | Vítimas: 89
Em dívida financeira e com diversos conflitos com seus vizinhos, Ma Hongqing, 51, decidiu vingar-se de todo mundo em julho de 2001.
“Ma Hongqing estava sob pressão extrema, seu humor era anormal e ele jurou a todos que se vingaria”, relatou na época uma autoridade chinesa. Ele também teria ciúmes do negócio de um vizinho: ele vendia explosivos ilegalmente.
Em 16 de julho de 2001, Ma uniu o útil ao agradável: explodiu a vila inteira, matando pelo menos 89 pessoas.
Dois meses depois o assassino em massa vingador foi executado pelo governo chinês.
10. Julio Gonzalez
Onde: Nova York, Estados Unidos | Data: 19 de Abril de 1995 | Vítimas: 87
“Agora ele está queimando no inferno”, escreveu o New York Daily News em setembro de 2016 ao noticiar a morte do assassino em massa cubano Julio González.
Em 25 de março de 1990, González colocou fogo na boate Happy Land em Nova York provocando a morte de 87 pessoas (7 eram da mesma família). Foi o pior incêndio na cidade em 80 anos e na época foi chamado de “o pior assassinato em massa da história” do país.
As vítimas aterrorizadas – metade delas com menos de 25 anos – ficaram presas no prédio de dois andares, gritando em desespero e chorando. A boate tinha apenas uma pequena janela e nenhuma saída de emergência.
“O demônio me fez fazer isso, o demônio me tomou“, revelou Gonzalez aos detetives. O ato foi provocado após Gonzalez brigar com sua namorada, que trabalhava na boate. “Você vai pagar por isso“, disse ele antes de sair e voltar com um galão de gasolina. Condenado à prisão perpétua, Gonzalez faleceu de ataque cardíaco em setembro de 2016, aos 61 anos.
11. Mohamed Lahouaiej-Bouhlel
Onde: Nice, França | Data: 14 de Julho de 2016 | Vítimas: 86
Mohamed Lahouaiej-Bouhlel nasceu em 1985 na cidade tunisiana de M’saken. Aos 20 anos, se mudou para Nice, França, onde trabalhou como motorista de caminhão. Ele gostava de treinar artes marciais, frequentar boates de salsa e tinha uma “vida sexual desregrada“. Casado e com três filhos, tinha brigas constantes com a esposa e passava por dificuldades financeiras. Devido ao seu comportamento errático, não conseguia se firmar em empregos.
Antes de se mudar para a França, a família de Lahouaiej-Bouhlel fez tudo o que podia para endireitar a vida do jovem que sofria de depressão, era viciado em álcool e usuário de drogas. Por anos frequentou consultórios de psicólogos tunisianos, principalmente após sofrer um colapso nervoso em 2004. Após mudar para a França, nunca mais falou com a família, nem mesmo enviando uma mensagem por celular ou carta. “Mentalmente instável“, como revelou o Times of India [22], Lahouaiej-Bouhlel gostava de usar aplicativos de celular e sites na Internet para marcar encontros sexuais, tanto com homem quanto com mulher, incluindo um homem idoso de 73 anos. Para piorar as coisas, descobriu as atrocidades que o Estado Islâmico cometia no Iraque e Síria, passando a consumir o grotesco conteúdo na Internet.
Em 14 de julho de 2016, Lahouaiej-Bouhlel cometeu um dos mais terríveis assassinatos em massa deste século ao acelerar um caminhão na avenida Promenade des Anglais, em Nice. A avenida estava abarrotada de pessoas que celebravam o Dia da Bastilha, 86 delas morreram na hora.
Morto por policiais, investigações subsequentes não ligaram o tunisiano a nenhum grupo terrorista.
12. Genghis Yunus-Rzayev
Onde: Chita, Rússia | Data: 18 de Maio de 1973 | Vítimas: 80
Na manhã do dia 18 de maio de 1973, camponeses que aravam suas terras na beira do rio Arsh, 97 quilômetros a oeste da cidade de Chita, ouviram uma explosão vinda do céu. Ao olharem para cima, viram cair destroços de uma aeronave e uma “chuva de pessoas“. Logo, os soviéticos identificaram o avião como sendo o Ty-104A, um avião comercial que operava em voos na Sibéria.
Imediatamente, helicópteros Mi-8 foram enviados ao local do acidente e ficou claro que o avião explodira no ar. Os corpos dos pilotos foram encontrados dentro da cabine; corpos dos passageiros foram encontrados em meio ao motor, em cima de colinas e ao longo do rio Arsh. No entanto, o corpo de um passageiro encontrado na encosta de uma colina chamou a atenção dos investigadores. Diferentemente dos outros passageiros, seu rosto estava desfigurado e ele havia tomado um tiro nas costas na altura do ombro. Seu nome era Genghis Yunus-Rzayev, 32 anos.
Concentrando-se neste passageiro, os soviéticos descobriram que ele se formara no ensino médio em Tbilisi, para onde seus pais mudaram para uma vida melhor. Após se formar, Rzayev tentou entrar na escola de diplomatas da União Soviética, mas a comissão de seleção sequer considerou sua entrada já que ele não falava nenhuma língua estrangeira, ele nem mesmo falava o russo corretamente. De origem humilde, a carreira de diplomata seria impossível para ele na Rússia soviética.
Rzayev tentou ainda o exército, sendo enviado até o Azerbaijão, onde viveu uma vida miserável como soldado. Mas sua vontade de ser um diplomata não o fez desistir. Eventualmente, seus colegas descobriram sobre o seu sonho e um deles comentou que na China, talvez, ele teria sucesso. Rzayev comprou a ideia e decidiu voar até a China. Ele comprou explosivos e fabricou uma bomba. Comprou uma passagem de avião de Chita a Moscou e em determinado momento do voo mostrou a bomba para as aeromoças, ordenando que o piloto do avião desviasse a rota em direção a China.
Naquela época, devido a um sequestro de avião na Turquia tempos antes, havia um agente da KGB em todo voo no território soviético. Não se sabe o que aconteceu a partir daí. Acredita-se que uma das aeromoças tenha delatado Rzayev ao oficial em voo (V.M. Ezhikov, na foto acima, à esquerda), que possivelmente foi até o homem, mostrou sua identificação e pediu-lhe para entregar a bomba. Como o corpo de Rzayev possuía um tiro nas costas (e a arma do agente da KGB foi encontrada sem uma bala do pente), é possível que o assassino em massa tenha negado o pedido, agredido o oficial e corrido com a bomba em direção a cabine. O agente da KGB sacou da pistola e atirou em suas costas, não o matando na hora, já que Rzayev teve tempo de pressionar o botão, explodindo o avião e matando as 80 pessoas a bordo.
O relatório oficial da KGB diz que Rzayev era mentalmente doente e provavelmente comprara a TNT de geólogos.
Como pode ser visto na imagem acima, ainda hoje destroços do avião podem ser encontrados na região.
13. Anders Behring Breivik
Onde: Oslo e Utøya, Noruega | Data: 22 de Julho de 2011 | Vítimas: 77
Em 22 de Julho de 2011, Anders Behring Breivik, 32 anos, aterrorizou a Noruega e o mundo com o seu ataque contra inocentes que vitimou 77 pessoas – a maioria adolescentes. Na época li as notícias do caso com a habitual tristeza que esses atos nos provocam, mas ao mesmo tempo eu tinha um ar de cansado: “mais um”.
Breivik é a encarnação do lobo solitário em fúria assassina. Ele não era membro de nenhuma organização terrorista; ele não atacou um grupo específico de pessoas e não conhecia suas vítimas; ele não tinha qualquer histórico de transgressão; a inteligência do seu país nunca sequer soube de sua existência. Sim, parece que seu objetivo era chamar atenção para sua própria versão de extremismo ideológico, mas e daí?
Até a carnificina, sua preparação e planejamento foram cuidadosamente escondidos pelo fato de que ele era uma pessoa isolada, sem amigos de qualquer tipo. Parece que ele veio do nada, sozinho, surgindo para matar seus conterrâneos, como um lobo solitário que, sem comida na floresta desmatada, muda para a selva urbana e saliva ao ver tantas ovelhas indefesas.
Breivik e tantos outros lobos solitários, como os descritos neste post, não tem posição social no mundo. Devido à inabilidade de construir relacionamentos com outras pessoas, eles são seduzidos pelo mal que habita o mundo. No caso de Breivik foram as ideologias extremistas. Na ausência das distrações sociais, casamentos, paqueras, happy hours, aniversários, noitadas etc, homens como Breivik estão livres para desenvolver planos grandiosos e mirabolantes para chamar a atenção. Sozinhos no porão da casa dos pais, em uma fazenda remota ou no quarto trancado, eles planejam e planejam. Tudo bem que ele foi considerado insano pelas autoridades, e obviamente que a doença mental contribuiu para o seu ato de loucura, mas lembremos que o número de doentes mentais que cometem crimes é tão irrisório que isso nem merece ser citado.
No final das contas, Breivik teve de cometer um assassinato em massa para finalmente ser levado a sério como indivíduo. Em sua mente, a sentença em seu julgamento não foi uma punição. Ele foi recompensado pelo julgamento, a atenção da mídia e seu espaço para defender a si mesmo. Isso deu a ele a atenção grandiosa que ele tanto ansiava.
14. Led Duc Tan
Onde: Phan Rang, Vietnã | Data: 15 de setembro de 1974 | Vítimas: 74
“Demorou cerca de um dia para levar os cadáveres para o necrotério do hospital Nguyen Van Hoc. Quando cheguei perto senti um cheiro terrível. Comparado com o odor de fezes humanas ou ratos mortos, o cheiro é muito pior […] era o cheiro de cadáveres queimados misturados com rajadas de chuva, no clima quente e úmido de setembro… Ao entrar no necrotério, em uma longa mesa de pedra havia uma pilha de carne, ossos pretos, horrível devido à confusão do que cada pedaço de carne era, metade vermelha, metade preta, crânio preto, pernas humanas…”
[Vụ Không Tặc tháng Chín ở Việt Nam. 24]
O relato acima é da tragédia do voo 706 da Air Vietnam que se espatifou em Phan Rang–Tháp Chàm, sul do Vietnã, em 15 de setembro de 1974.
O acidente foi causado por um soldado do Vietnã do Sul, Le Duc Tan, que havia sido rebaixado de capitão para tenente por ter roubado dois carros na cidade de Da Nang.
De alguma forma ele conseguiu passar pelos postos de segurança do aeroporto entrando em um Boeing 727 que ia de Da Nang até Saigon. Dentro do avião, ele ordenou que os pilotos desviassem o voo para a capital Hanói. Os pilotos não obedeceram às ordens do lunático e tentaram pousar em Phan Rang. Duc Tan, então, detonou duas granadas de mão, matando as 75 pessoas a bordo.
15. Dong Yangling
Onde: Fuzhou, China | Data: 13 de Dezembro de 1993 | Vítimas: 61
A primeira mulher desta lista, a chinesa Dong Yangling estava revoltada por ter sido demitida da fábrica onde trabalhava, a Gaofu Textiles Corporation, em Fuzhou, China. Ela havia sido pega roubando e os empregadores não pensaram duas vezes: demissão.
Na madrugada de 13 de dezembro de 1993, um par de mãos delicadas acendeu um fósforo em uma cortina preta e logo o fogo se espalhou para um dormitório onde cerca de 100 mulheres trabalhadoras da fábrica dormiam. Os bombeiros só ficaram sabendo do incêndio cinquenta minutos depois e quando chegaram o local ardia em chamas. Corajosos, os homens enfrentaram o fogo, correndo em meio às chamas e fumaça para resgatar 34 garotas. Mas, infelizmente, 61 outras perderam suas vidas, queimadas vivas.
A perícia logo mostrou que o incêndio foi criminoso e dias depois Yangling foi presa, confessando de imediato que ela era a causadora da barbárie. Uma vingança contra a empresa que a demitiu.
Em menos de um mês a assassina em massa foi julgada e executada.
16. Tan Zhixin
Onde: Shuangpai, Hunan, China | Data: 26 de Novembro de 1993 | Vítimas: 60
Foi um dia sangrento para os chineses e de preocupação para o ocidente. Às 16 horas do dia 26 de novembro de 1993, o mundo ficou em pânico com a notícia de uma enorme bola de fogo se elevando nos céus chineses. Os americanos logo estavam noticiando: a China havia testado com sucesso a sua bomba atômica!
Mas não foi bem assim. Em vez de engenheiros, químicos e cientistas diversos, o real causador da bola de fogo foi um assassino em massa.
A Fábrica Química de Nanling era uma empresa militar situada na província de Hunan que literalmente sumiu do mapa. Descrições chinesas citam o episódio como “terrível” e, na época, o caso foi abafado. Afinal, era 60 mortos e mais de 20 pessoas que ficaram entre a vida e a morte após uma explosão quase que cataclísmica.
Duas semanas depois, o governo chinês revelou que Tan Zhixin, 24, funcionário da fábrica, decidiu enviar pelos ares a instalação militar e seus ocupantes após seu chefe negar a ele uma transferência de cargo. Zhixin trabalhava na linha de produção, mas estava de olho em uma vaga de motorista. Ele morreu na explosão.
17. Stephen Paddock
Onde: Las Vegas, Estados Unidos | Data: 1 de Outubro de 2017 | Vítimas: 58
Na noite de 1 de Outubro de 2017, o cantor Jason Aldean começava sua apresentação no festival de música country Route 91 Harvest. Cerca de 22 mil pessoas assistiam ao show. E enquanto Jason e a multidão se aqueciam, no 32º andar de um hotel nas proximidades, um assassino em massa também se preparava.
Durante o show de Aldean, Stephen Paddock, 64, quebrou duas janelas de seu quarto no Mandalay Bay com um martelo, mirou suas armas na multidão e disparou. Muitas pessoas, inicialmente, não se deram conta de que os barulhos eram de armas, confundindo-se com fogos de artifício. O ataque durou cerca de 10 minutos, com pausas para o atirador carregar suas armas. No total, 58 pessoas morreram. Paddock se matou com um tiro quando policiais estavam prestes a invadir seu quarto.
Os motivos de um assassino em massa, por mais doentios e distorcidos que sejam, geralmente se tornam claros dentro de um dia ou dois. Uma nota de suicídio, um manifesto, uma série de posts em redes sociais, um telefonema, conversas com familiares ou amigos, até mesmo relatórios policiais e registros judiciais podem fornecer uma visão sobre o que leva uma mente doentia a cometer um ato tão violento.
Normalmente, alguém próximo o bastante sabe de algo ou percebe alguma coisa, em retrospectiva, eles veem os sinais mas não dão muita importância. Mas Stephen Paddock voava abaixo do radar. Ele parecia evitar contatos muito próximos (com exceção de uma namorada). De estranho que alguém lembrou era apenas o fato dele frequentemente passar noites em claro.
À medida que autoridades mergulham profundamente em seus computadores, estilo de vida e finanças das mais diversas, eles ainda não tem uma resposta.
Ninguém sabe por que Stephen Paddock matou 58 pessoas.
18. Nasra Yussef Mohammad al-Enezi
Onde: Al Jahra, Kuwait | Data: 15 de Agosto de 2009 | Vítimas: 57
“Em vista da pouca idade e falta de experiência, ela perdeu o controle quando sentiu um intenso ciúme ao experimentar o trauma de ver o seu marido casar com outra mulher.”
[Khidr al-Baroon, professor de psicologia na Universidade do Kwait]
É sabido que mulheres nos países árabes tem pouca ou nenhuma importância perante a sociedade machista e opressora. Existe uma falta de respeito generalizada e nenhum entendimento sobre o papel que elas desempenham na sociedade. Um exemplo é a recente liberação do governo da Arábia Saudita para que mulheres, pasmem, possam dirigir carros!
Em muitos desses países, um dos principais problemas sociais é a poligamia. É fácil para qualquer homem se casar com duas ou mais mulheres sem que ele tenha que prestar explicações.
E foi movida por um sentimento de ciúme e revolta que a kwaitiana Nasra Yussef Mohammad al-Enezi, então aos 23 anos, decidiu se vingar do marido e sua nova eposa.
Era agosto de 2009 quando o marido de Nasra, Zayed Zafiri, 36, programou uma grande festa para comemorar o casamento com sua segunda eposa. Nasra e Zayed tinham dois filhos de cinco e três anos e a primeira esposa não gostou nada do marido casar novamente.
Em 15 de agosto, enquanto mais de uma centena de pessoas comemoravam o casamento, Nasra jogou gasolina em uma tenda e acendeu um fósforo. Em menos de três minutos a tenda inteira ardeu em chamas e, como havia apenas uma saída, praticamente ninguém que estava dentro saiu com vida. Bombeiros calcularam que o calor dentro da tenda superou os 500 graus Celsius. O marido de Nasra e sua nova esposa não estavam dentro da tenda no momento e escaparam. A mesma sorte não teve 57 pessoas que pereceram queimadas vivas.
Condenada à pena de morte, muitos no Kuwait se solidarizaram com Nasra, e uma discussão sobre o abrandamento da pena dividiu o país. Mas mulheres não tem misericórdia por aqueles cantos e Nasra foi enforcada na prisão em 25 de janeiro de 2017.
19. Omar Mateen
Onde: Orlando, Estados Unidos | Data: 12 de Junho de 2016 | Vítimas: 49
Duas semanas antes de perpetuar o terceiro pior assassinato em massa cometido por um indivíduo solitário da história americana (ficando atrás apenas de Timothy McVeigh e Stephen Paddock), Omar Mateen, 29, comprou legalmente um rifle semi-automático e uma pistola 9mm. Em outra loja ele tentou comprar mais de mil balas em munição, mas o vendedor achou suspeito e negou a venda.
Às duas da manhã do dia 12 de junho, Mateen entrou na boate gay Pulse, em Orlando, e começou a atirar. Vinte e dois minutos depois, ele ligou para o 911 e disse ser fiel ao Estado Islâmico, citou Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev, os irmãos que plantaram bombas na Maratona de Boston, e também Moner Mohammad Abu Salha, um conhecido dele que se explodiu em um atentado terrorista na Síria em 2014. Quando a polícia chegou, ele fez reféns e trocou tiros com as forças especiais durante quase três horas até oito balas silenciarem de vez o coração sombrio de uma vida dedicada ao mal e que durou 29 anos. Naquela madrugada, Mateen matou 49 pessoas e feriu 53.
Após sua morte, pipocou histórias de que ele era um homossexual reprimido. Um colega da Universidade Indian River State relatou que ele e Mateen iam a boates gay. Frequentadores da Pulse afirmaram que o rapaz gostava de ir até o local e até deu em cima de um homem usando o aplicativo Jack’d, destinado ao público gay.
Sim ou não, ninguém deu uma explicação satisfatória sobre os motivos de Mateen para cometer tamanha atrocidade. Com ele morto, morreu também qualquer chance de saber o que levou esse jovem a atentar contra a vida de tantas pessoas. Mas uma coisa podemos afirmar: Omar Mateen era uma pessoa má, ruim. Ele nunca fez algo bom em sua vida, ao contrário, sua personalidade era voltada para a maleficência, ele apenas queria plantar, semear, colher e distribuir o mal. Crescendo em um ambiente igualmente ruim, sabendo que no mundo existiam outras pessoas como ele e tendo fácil acesso – através da internet – a atrocidades horrorosas, isso deu o combustível necessário para ele sair das sombras.
20. Chen Shuizong
Onde: Xiamen, Fujian, China | Data: 7 de Junho de 2013 | Vítimas: 46
Em 7 de junho de 2013, um ônibus explodiu de repente na cidade de Xiamen quando passava por um elevado perto da parada Jinshan. Quarenta e sete pessoas morreram na hora e 34 horas ficaram feridas, algumas gravemente.
Investigadores chineses descobriram que o fogo começou na parte traseira do ônibus e quando atingiu o tanque, houve a explosão. Apesar do ônibus ser abastecido com diesel, peritos descobriram vestígios de gasolina. Essa e outras descobertas levaram as autoridades a suspeitarem de que o fogo foi deliberadamente provocado por um passageiro.
Dias depois a polícia tinha o seu homem: Chen Shuizong, 59. O assassino em massa deixou uma nota de suicídio em sua casa revelando o quanto estava infeliz em sua vida. Membros da família confirmaram que ele tinha raiva da polícia e do governo, que recusou a corrigir um erro em seu documento de identidade, fazendo dele não apto a receber aposentadoria. Sem mais vontade de viver, Shuizong decidiu incendiar um ônibus com pessoas dentro para ter sua vingança.
21. Andrew Philip Kehoe
Onde: Bath Township, Estados Unidos | Data: 18 de Maio de 1927 | Vítimas: 44
Quando o adolescente Adam Lanza matou a mãe, 20 crianças e 8 outros adultos na escola primária de Sandy Hook em 2012, muitos acreditaram ser o pior assassinato da história americana cometido em uma escola. Mas não, quase 100 anos antes, um assassino em massa igualmente desequilibrado matou 38 crianças e 7 adultos ao explodir uma escola em Bath Township, Michigan, em 18 de maio de 1927.
O eletricista Andrew Philip Kehoe, 55, havia trabalhado na escola e por semanas instalou explosivos, um a um, nos prédios escolares recém inaugurados pela prefeitura. Alguns dos explosivos falharam, salvando dezenas de crianças. Após levantar pelos ares parte da escola, ele entrou dentro do seu carro e dirigiu por alguns quilômetros, acionou uma bomba e morreu na explosão (matando algumas pessoas que passavam na hora). Antes de se deslocar até a escola, Kehoe matou sua esposa e incendiou sua fazenda. O motivo de sua fúria assassina eram dívidas contraídas no seu negócio rural e impostos cobrados pelo município para pagar a conta da nova escola.
Na época a história foi capa de jornais, mas rapidamente desapareceu no tempo. Os americanos daquele tempo não quiseram falar sobre a história, talvez com medo das respostas que poderiam encontrar. Kehoe não se encaixava no estereótipo do bandido de olhos vermelhos e cuspindo fogo regente na época, ao contrário, era um homem casado, bem visto na cidade, trabalhador e de família conhecida.
22. Jack Gilbert Graham
Onde: Denver, Estados Unidos | Data: 1 de Novembro de 1955 | Vítimas: 44
Às 6h52 de primeiro de novembro de 1955, o vôo 629 da United Air Lines com 44 pessoas a bordo decolou do Aeroporto de Stapleton, em Denver, Colorado, com destino a Portland, Oregon. Onze minutos depois, os 39 passageiros e cinco tripulantes morreram instantaneamente quando o luxuoso avião caiu em uma fazenda de beterraba perto de Longmont, Colorado.
Um exame visual dos destroços do avião verificou que a cauda havia sido separada do resto da aeronave como se uma faca gigantesca tivesse caído naquele ponto. Seis dias depois, os investigadores já não tinham mais dúvidas: o avião não caiu por falha mecânica ou do piloto, mas por uma sabotagem. O FBI entrou no caso e uma investigação complexa e extensa foi feita em todas as direções – tripulantes, passageiros, familiares das vítimas, itens pessoais, testemunhas oculares etc. Logo, os investigadores concluíram que uma grande explosão ocorreu em pleno ar, separando a cauda do resto do avião. Um fragmento recuperado dos destroços com as letras “HO” revelou ser parte de uma bateria de seis volts usada para detonar a bomba (análises de cores de resíduos sólidos recuperados dos destroços consistiam predominantemente de carbonato de sódio, o que indicava que uma dinamite foi usada).
Investigando os passageiros, um chamou a atenção; uma senhora chamada Daisie E. King, 54, em cujos pertences foram encontrados reportagens de jornais falando de seu filho, Jack Gilbert Graham, um criminoso que já fora um dos mais procurados da cidade de Denver. Uma busca na casa de Jack Graham revelou uma apólice de seguro em nome da sua mãe no valor de trezentos e quarenta e três mil dólares (em valores atuais). A apólice foi feita no próprio aeroporto momentos antes do embarque de sua mãe.
“Eu percebi que havia cerca de 50 ou 60 pessoas entrando no avião, mas o número de pessoas a serem mortas não fazia diferença para mim; poderia ter sido mil. Quando chega a hora deles, não há nada que eles possam fazer.”
[Jack Graham]
Jack Graham planejou matar a mãe usando uma dinamite [que ele colocou em sua bagagem de mão] e não se importou de levar outras 43 junto com ela.
Condenado, o assassino em massa foi executado na câmara de gás em 11 de janeiro de 1957. Ele tinha apenas 24 anos.
23. Francisco Paula Gonzales
Onde: Contra Costa Ct, Estados Unidos | Data: 7 de Maio de 1964 | Vítimas: 43
Nas primeiras horas do dia 7 de maio de 1964, o voo 773 da Pacific Air Lines decolou de Reno, Nevada, em direção a São Francisco, Califórnia. O avião estava a poucos minutos de pousar quando de repente desceu em trajetória íngreme. Uma mensagem não muito clara foi ouvida no rádio sobre alguém com um revólver. O avião caiu em uma colina no Condado de Contra Costa matando todas as 44 pessoas a bordo. Nos destroços foi encontrado uma pistola Magnum .357 e ficou evidente que alguém a bordo provocou a tragédia ao atirar nos dois pilotos, cuja autópsia nos corpos identificou os tiros. A investigação voltou-se para um passageiro filipino de 27 anos chamado Francisco Paula Gonzales, que comprara 105 mil dólares em apólices de seguro no aeroporto um dia antes do acidente.
Membro da equipe de vela das Filipinas na Olimpíada de 1960, Gonzales sofreu inúmeras dificuldades financeiras após se mudar para a América. Nos dias que antecederam o acidente, ele falou várias vezes a amigos sobre a sua iminente morte. Após viajar para Reno, Gonzales passou a noite apostando antes de embarcar no voo que o levaria a São Francisco. Dentro do avião, ele atirou nos dois pilotos, mirou a arma para a cabeça e puxou o gatilho, não vivendo para experimentar o horrível acidente que causou. Foi devido a esta tragédia que tornou-se obrigatório manter a porta bloqueada durante os voos em território americano.
24. Younes Khayati
Onde: Agadir, Marrocos | Data: 21 de Agosto de 1994 | Vítimas: 43
“Ajuda, ajuda! O capitão está…” foram as últimas e aterrorizantes palavras ouvidas na cabine do Vôo 630 da companhia marroquina Royal Air. Em 21 de agosto de 1994, 10 minutos após levantar voo, o avião modelo ATR-42 se espatifou nas Montanhas Atlas, 32 quilômetros ao norte de Agadir. Entre os mortos estava o príncipe do Kuwait e sua esposa.
A investigação oficial revelou que o piloto Younes Khayati, 32, cometeu suicídio jogando o avião, à toda potência, no solo. “As razões para este ato louco repousa somente na vida romântica do piloto,” publicou a Associated Press na época. O relatório final citou que os dados da caixa preta indicavam que Khayati “desconectou o piloto automático e apontou a aeronave direto para o chão“, e finaliza dizendo que o acidente “deve-se à deliberada vontade do piloto que queria acabar com a sua própria vida.”
Na época a associação de pilotos do Marrocos questionou o documento, exigindo provas irredutíveis sobre a conclusão. A conversa na cabine entre o piloto e a co-piloto, Sofia Figugui, nunca foi divulgada, mas uma pequena parte foi posteriormente revelada para acabar com as especulações. Ao notar que o piloto realizava procedimentos estranhos, a co-piloto perguntou o que ele estava fazendo, no que Khayati respondeu:
“Morra, morra.”
A co-piloto, então, disse as últimas palavras de sua vida:
“Ajuda, ajuda, o capitão está…”
25. David A. Burke
Onde: Santa Lucia, Estados Unidos | Data: 7 de Dezembro de 1987 | Vítimas: 42
O britânico David A. Burke estava resignado. Seu patrão, Ray Thomson, o havia demitido por roubar US$ 69 dólares. Na verdade, Burke já havia sido repreendido várias outras vezes por episódios semelhantes. No emprego anterior, também em uma companhia aérea, foi demitido após descobrirem que usava os aviões da empresa para traficar drogas da Jamaica (ele era filho de pais jamaicanos). Aos 35 anos, tinha sete filhos, mas nenhuma esposa. Ele era violento.
Em 7 de dezembro de 1987, Burke foi até o aeroporto de Los Angeles tentar recuperar seu emprego de volta, mas Ray Thomson foi irredutível. Então, Burke comprou uma passagem no voo 1771, de Los Angeles a São Francisco, o mesmo voo que levaria o seu chefe Thomson para casa. Com suas credenciais, ele conseguiu subir no avião com uma pistola Magnum .44 comprada de um colega. Dentro do avião, ele escreveu um bilhete:
“Oi Ray. Eu acho meio irônico que nós vamos terminar assim. Eu pedi um pouco de leniência por minha família. Lembra-se? Bem, eu não tive nada e você não terá nada”.
Acredita-se que Burke levantou-se de sua poltrona e foi em direção ao seu ex-chefe e lhe entregou o bilhete. O gravador de voz da cabine (CVC) registrou o som de alguém entrando no banheiro. Investigações sugerem ter sido Burke, que foi até lá para carregar a arma, dando a Ray tempo para ler o bilhete. Então ele voltou e deu dois tiros no ex-chefe. O piloto escutou os barulhos dos tiros e reportou à torre de controle de que algo havia acontecido, mas não especificou o quê. O CVC mostrou que uma aeromoça, Deborah Neil, entrou na cabine e disse ao piloto: “Nós temos um problema!”. “Qual o problema”, questionou o piloto. Então, ouve-se um tiro, que posteriormente descobriu-se ser Burke matando a aeromoça. “Eu sou o problema”, diz Burke. Então, ele atirou no piloto e copiloto e empurrou o manche, fazendo o bico do avião apontar para baixo.
Um tiro final foi ouvido seguido de um silêncio. Acredita-se que Burke tenha matado Douglas Arthur, um piloto da mesma companhia (Pacific Southwest Airlines), que pode ter ido em direção à cabine após o avião embicar para baixo. Houve uma especulação de que Burke se suicidou antes do impacto, o que é improvável, já que um fragmento do dedo do assassino em massa foi encontrado no gatilho da arma, o que indica que ele estava com a pistola em mãos e com o dedo preparado para qualquer outra eventualidade.
O avião caiu nas Montanhas de Santa Lucia, perto de Paso Robles e Cayucos, matando todos a bordo, a uma velocidade de 1.240 km/h, explodindo e desintegrando completamente. O impacto foi tão forte que os corpos de 27 pessoas nunca puderam ser identificados.
Fontes consultadas: [1] Serial Killers – Anatomia do Mal. Harold Schechter. DarkSide Books; [2] Co-pilot ‘crashed EgyptAir jumbo as act of revenge’. The Telegraph, 17/03/2002; [3] Revenge drove pilot to crash plane, killing 217. The Guardian, 16/03/2002; [4] Letter from Timothy McVeigh to the Union-Sun & Journal – CNN; [5] Germanwings Airbus A320 tragedy: cockpit recordings reveal co-pilot Andreas Lubitz crashed plane deliberately – The Telegraph; [6] Os últimos minutos do voo da Germanwings – Revista Época; [7] American Terrorist – Michel, Herbeck. 2002; [8] Violence in the Skies: A History of Aircraft Hijacking and Bombing. Philip Baum. 2016; [9] 中国海军史上最严重事故:1978年160号驱逐舰爆炸(4). Military China; [10] Death crash pilot ‘unfit to command a plane’ – The Independent; [11] KOREA INFERNO HORROR Riders couldn’t stop man from firebombing trains. New York Daily News. 19/02/2003; [12] Victims’ families remember deadly Daegu subway fire. Korea Times; [13] S. Korean Man Gets Life for Fatal Subway Fire. People’s Daily; [14] 石家庄特大爆炸案终审宣判 元凶靳如超昨日伏法 – disponível em www.qingdaonews.com/content/2001-04/30/content_199127.htm; [15] Hatred, Revenge Motive for Fatal Shijiazhuang Explosions. People’s Daily. 26/03/2001; [16] Beijing Publishes Detailed Account of Bombings. New York Times. 28/03/2001; [17] Fire kills 87 people at the Happy Land Social Club in the Bronx in 1990. New York Daily News; [18] Arsonist who torched 87 people in horrific 1990 Happy Land fire dies after apparent heart attack in prison. New York Daily News; [19] Explosives killer executed in China. BBC News. 28/09/2001; [20] Two arrested over China mishaps. CNN. 6/08/2001; [21] Revenge Said to Be Motive for Explosion. Los Angeles Times. 06/08/2001; [22] How Nice attack butcher Bouhlel ‘took drugs and used dating sites to pick up men and women’. Times of India. 18/07/2016; [23] Летим в Китай, иначе я взорву самолет. Свободная Пресса. Disponível em: svpressa.ru/society/article/68246/; [24] Vụ Không Tặc tháng Chín ở Việt Nam. Lyhuong, disponível em www.lyhuong.net/uc/index.php/bandoc/3804-3804; [25] Why We Have Forgotten the Worst School Attack in U.S. History. Time; [26] Chilling echoes of Sandy Hook: Survivors of America’s deadliest school massacre in which 45 children and teachers died show solidarity with the people of Newtown. Daily Mail; [27] The Smile of Stockton. Disponível em check-six.com/Crash_Sites/PSA-1771_N450PS.htm; [28] Blair, J. P. and Schweit, K.W. 2014. A Study of Active Shooter Incidents in the United States Between 2000 and 2013. Texas State University and Federal Bureau of Investigation, U.S. Department of Justice, Washington D.C. ; [29] 1993年12月13日 福州一台资企业起火 死伤68人 – Sohu; [30] Debate continues in Kuwait over woman’s death sentence – Al-shorfa.com; [31] Kuwait wife sentenced to death for fatal wedding fire – BBC; [32] Jack Gilbert Graham – FBI.gov; [33] Pilot’s Death Wish Doomed Moroccan Plane; Romantic Problems Cited – AP; [34] Moroccan Pilot’s Failed Love Affair Blamed for Crash – LA Times;