Um policial parisiense, um conselheiro educacional francês e um investigador da polícia de Montreal estavam entre as últimas testemunhas de defesa no julgamento de Luka Magnotta.
As últimas testemunhas deram depoimentos breves – uma mudança na estratégia da defesa, que em sua maioria foi dominada por psiquiatras que passaram vários dias no banco das testemunhas, descrevendo em detalhes seus respectivos relatórios sobre o estado mental de Magnotta.
Desde os seus vinte e poucos anos, Magnotta ouvia vozes como um rádio em sua cabeça, e sentia como se houvesse câmeras o observando e pessoas o espiando, afirmaram os médicos no tribunal. Um tema recorrente era o medo de o governo o estar perseguindo.
A questão da responsabilidade criminal
O ponto central do argumento da defesa foram os testemunhos da Dra. Marie Frédérique Allard e do Dr. Joel Watts, ambos psiquiatras forenses contratados pela defesa após a prisão de Magnotta para avaliar se ele era legalmente responsável pelos crimes que admitiu ter cometido.
Após terem encontros seguidos com o acusado e se debruçarem sobre pilhas de evidências e registros médicos, tanto Allard quanto Watts chegaram à mesma conclusão – que Magnotta estava em estado psicótico quando matou e desmembrou Jun Lin, 33 anos, e não sabia que o que estava fazendo era errado.
Magnotta contou a ambos os psiquiatras que durante a noite do assassinato estava muito ansioso e que tinha certeza de que Lin era um espião do governo enviado para atacá-lo.
Testemunhas afirmaram que, na época, Magnotta não estava tomando medicação antipsicótica há dois anos.
Mas existem diferenças no que Magnotta contou a cada médico sobre o que aconteceu na noite em que matou Lin: um homem chamado Manny desempenhou um papel fundamental na versão dada a Watts, mas o mesmo Manny fez apenas uma breve aparição na história que Magnotta contou a Allard.
Tanto Allard quanto Watts acreditam que Manny pode ser uma pessoa real que Magnotta conheceu em algum momento, mas que se tornou parte das suas alucinações.
Os psiquiatras explicaram que essa e outras inconsistências se devem ao fato de Magnotta ter controlado sua psicose após tratamento na prisão. Ele se encontrou com Allard muito tempo depois de ter respondido as perguntas de Watts, ou seja, era outra pessoa após estar com a mente tratada e sob controle.
Problemas de memória
As lembranças de Magnotta sobre a noite do assassinato e os dias subsequentes estão crivadas de lapsos, e isso fez os psiquiatras serem bombardeados pela promotoria com perguntas que haviam falhado em responder em seus relatórios.
Os especialistas responderam que muitos pacientes suprimem memórias traumáticas para evitar a angústia de reviver um evento perturbador, com Watts acrescentando que ele acredita que Magnotta não relembra certos detalhes para não lhe causar dor.
A despeito dos lapsos de memória e das inconsistências, os psiquiatras que testemunham em favor da defesa rejeitaram a ideia de que Magnotta esteja fingindo ou simulando sintomas psicóticos.
A defesa também se valeu do psiquiatra alemão que tratou Magnotta por uma semana numa prisão em Berlim.
O Dr. Thomas Barth, que voou de Berlim para testemunhar no tribunal de Montreal, afirmou que crê que Magnotta estava em um estado psicótico, mas explicou que não teve tempo suficiente com o paciente para confirmar seu diagnóstico.
O psiquiatra que tratou o acusado no centro de detenção em Rivière-des-Prairies também declarou que era extremamente difícil diagnosticar Magnotta, apesar do seu histórico de problemas psiquiátricos e o fato de ter demonstrado sintomas associados à esquizofrenia.
Pai conta história de uma infância difícil
O advogado de defesa Luc Leclair também passou algum tempo mostrando aos jurados exemplos da vida pregressa de Magnotta, com detalhes de suas primeiras visitas a um hospital no final de sua adolescência, quando ele começou a reclamar de alucinações auditivas e depressão.
O pai de Magnotta, a primeira testemunha de defesa, pintou um quadro desesperador da infância de seu filho. Ele disse no tribunal que Magnotta era “confuso” e isolado dos outros garotos da sua idade por causa da decisão de sua mãe de educar seus dois filhos em casa.
O pai, cujo nome foi mantido em sigilo, também falou sobre o seu próprio diagnóstico de esquizofrenia paranoide, quando Magnotta tinha 11 ou 12 anos, e o efeito que o seu alcoolismo teve sobre a família.
Magnotta mais tarde se mudaria para a casa de sua avó para escapar dos abusos sofridos de seu padrasto, disse o pai ao jurados.
Com o fim dos trabalhos da defesa, agora é a vez da promotoria convocar psiquiatras para refutar esses argumentos.
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- A história completa de Luka Magnotta pode ser lida no post 1 Lunático 1 Picador de Gelo.
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Fonte: CBC
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