Terry Rasmussen: quase 40 anos depois autoridades descobrem a identidade de três vítimas do serial killer

O primeiro barril foi descoberto em novembro de 1985. Ele estava deitado atrás de um grupo de árvores desfolhadas perto do Parque Estadual Bear Brook em Allenstown, no estado...
Procurador-Geral de New Hampshire Jeffrey Strelzin mostra um slide com as três vítimas identificadas, Marlyse Elizabet e suas duas filhas, Marie e Sarah, em uma coletiva de imprensa ontem, 6 de junho. Foto: Michael Pezone/Concord Monitor/AP.

Procurador-Geral de New Hampshire Jeffrey Strelzin mostra um slide com as três vítimas identificadas, Marlyse Elizabeth e suas duas filhas, Marie e Sarah, em uma coletiva de imprensa ontem, 6 de junho. Foto: Michael Pezone/Concord Monitor/AP.

O primeiro barril foi descoberto em novembro de 1985. Ele estava deitado atrás de um grupo de árvores desfolhadas perto do Parque Estadual Bear Brook em Allenstown, no estado de New Hampshire.

Dentro do receptáculo industrial, as autoridades descobriram algo terrível: os restos mortais de uma mulher e de uma criança do sexo feminino. Sem conseguir descobrir as identidades das vítimas ou quaisquer outras pistas sólidas, o caso ficou no limbo por 15 anos até eles novamente se depararem com outro barril, este de cor escura, encontrado na mesma área densamente arborizada em maio de 2000. Dentro havia os corpos de outras duas crianças que também nunca foram identificadas.

Por mais de três décadas, as autoridades americanas trabalharam não apenas para encontrar o responsável pela barbárie, mas também para identificar quem eram essas quatro pessoas. Em 2017, metade do mistério começou a ser resolvido quando Terrence “Terry” Peder Rasmussen foi apontado como suspeito de ser o “assassino dos barris”. E agora, com a ajuda de familiares e amigos de pessoas desaparecidas na época, testes de DNA, genealogia genética e uma bibliotecária, as autoridades de New Hampshire anunciaram ontem, 6 de junho, o nome de três das quatro vítimas.

Elas são Marlyse Elizabeth Honeychurch, 24, e suas duas filhas, Marie Elizabeth Vaughn, 6, e Sarah Lynn McWaters, 1. Rasmussen era namorado de Marlyse Elizabeth. Foi o que disse em uma coletiva de imprensa Jeffrey Strelzin, procurador-geral de New Hampshire.

O conhecido andarilho descrito por autoridades como um “camaleão”, desde 1981 é suspeito do desaparecimento de uma mulher de New Hampshire. Rasmussen supostamente era namorado da desaparecida. Em 2003, ele foi condenado por assassinar outra namorada na Califórnia. Acredita-se que ele espancava suas vítimas até a morte. Algumas delas foram desmembradas. Ele morreu em 2010, aos 62 anos, enquanto cumpria pena.

“Juntos fomos capazes de descobrir a identidade do assassino de Allenstown, um assassino que tentou apagar suas vítimas e se esconder, esconder quem ele era e o que ele fez, mas no final ele não teve sucesso. Nós sabemos o que ele era, nós sabemos o que ele fez e agora nós sabemos quem eram suas vítimas.”

[Jeffrey Strelzin]

Strelzin observou que os detetives ainda estão investigando a identidade da quarta criança. Testes de DNA indicaram que Rasmussen era o pai dela, mas essa criança sem nome não era parente de Marlyse Elizabeth ou de suas filhas.

Terry Rasmussen fichado em 1973 no Condado de Maricopa, Phoenix. Seu nome está envolvido em seis assassinatos, incluindo o de sua filha. Foto: Escritório do Xerife do Condado de Maricopa / Escritório do Procurador-Geral de Nova Hampshire via AP.

Marlyse Elizabeth foi vista pela última vez no Dia de Ação de Graças de 1978. Ela levou suas duas filhas para a casa de sua mãe em La Puente, Califórnia, uma cidade distante cerca de 32 quilômetros de Los Angeles. Quando apareceu na casa da mãe com as filhas, ela estava acompanhada de um homem, Terry Rasmussen.

Durante a visita, Marlyse Elizabeth discutiu com sua mãe “sobre um assunto trivial” e saiu com as duas meninas e Rasmussen, revelou Matthew Koehler, sargento da polícia estadual de New Hampshire.

Denise Beaudin.

Nenhum de seus familiares jamais as viu novamente, nem Rasmussen. A polícia acredita que o casal acabou em New Hampshire, onde Rasmussen adotou o nome de Bob Evans e trabalhou como eletricista chefe em uma fábrica na cidade de Manchester. Pelo menos dois documentos oficiais datados de 1980 listavam uma mulher chamada Elizabeth como sua esposa. Mas em 1981, Rasmussen, ou melhor, Bob Evans, parecia estar saindo com outra mulher, Denise Beaudin. Ela desapareceu naquele mesmo ano com sua filha de seis meses.

Décadas se passaram até o nome Rasmussen surgir novamente, desta vez na Califórnia. No verão de 2002, sua namorada, Eunsoon Jun, desapareceu e seu corpo foi encontrado enterrado sob o lixo de seu animal de estimação no porão de sua casa. O Los Angeles Times noticiou que Rasmussen foi preso e se declarou culpado. Condenado a 15 anos de prisão, ele morreu em 2010 de causas naturais.

Em janeiro de 2017, as autoridades de New Hampshire usaram o DNA para nomear Rasmussen como o responsável pelos assassinatos de Allenstown. Na época, ele ainda constava nos registros policiais do estado como Bob Evans.

Ainda em 2017, Rebekah Heath, uma bibliotecária de Connecticut, com um “hobby por pessoas desaparecidas”, acessou o fórum de um site de genealogia e leu a mensagem de uma pessoa que compartilhou um post sobre uma mulher chamada Marlyse McWaters e sua filha Sarah que estavam desaparecidas. Heath imediatamente postou uma resposta revelando que talvez as vítimas do barril fossem as pessoas que ela estava procurando.

Um ano depois, enquanto Heath ouvia um podcast da rádio pública de New Hampshire sobre os assassinatos, ela se lembrou do post e procurou a pessoa que publicou. Um parente disse que um tal de Bob Evans fora a última pessoa a ser vista com Marlyse Elizabeth. Na mesma época, um exame de DNA revelou que Bob Evans era Terry Rasmussen.

O parente não tinha conhecimento da história de Rasmussen, mas Rebekah Heath sim. Ela telefonou para as autoridades da Califórnia que haviam trabalhado no caso. Isso desencadeou uma série de investigações que envolveu autoridades dos dois estados, que começaram a procurar membros da família, que não apenas forneceram amostras de DNA, como também fotos e a história de vida de Marlyse. Barbara Rae-Venter, genealogista que trabalhou no caso do serial killer do Estado Dourado, foi uma das especialistas chamadas para ajudar na investigação.

O DNA tirado dos restos mortais foi testado e revelou uma relação familiar com a amostra tirada dos parentes. A pesquisa genealógica levou à confirmação final de que os corpos eram de Marlyse Elizabeth e suas filhas.

Em 1968, Rasmussen se casou com uma mulher no Havaí. Um ano depois sua esposa deu à luz a gêmeos. Na foto acima Rasmussen dá mamadeira a um dos bebês. A esposa o abandonou em 1973. Foto: Hearst Television, Inc.

Logo, a história de Marlyse Elizabeth e suas filhas passou a ser conhecida. Autoridades descobriram que ela, a segunda mais velha de cinco irmãs, nasceu em janeiro de 1954 em Connecticut. Ela se divorciou duas vezes antes de conhecer Rasmussen. Suas duas filhas, ambas nascidas na Califórnia, eram de pais diferentes.

As fotos mostradas durante a coletiva de ontem mostram Marlyse lambendo o globo de uma batedeira. Outra foto mostra sua filha mais velha, Marie, soprando velas em uma festa de aniversário.

“Isso restaura um nível de dignidade e respeito àqueles que perderam a voz há mais de 33 anos. Certamente nos dá um nível de apreciação de quem elas eram e como elas viviam”.

[Christopher Wagner, diretor da Polícia do Estado de New Hampshire]

Strelzin disse que as autoridades não conseguiram conectar Rasmussen a nenhum outro caso, mas acrescentou que pode haver mais vítimas.

“Aqui está um serial killer atípico. Este é alguém que forma relacionamentos e claramente tem ligações sociais. Pode haver uma variedade de mulheres que foram vítimas em potencial”.

Vídeo

Fonte consultada: [1] A serial killer ‘tried to erase his victims’. But three bodies hidden in barrels have now been identified – The Washington Post;

Universo DarkSide – os melhores livros sobre serial killers e psicopatas

http://www.darksidebooks.com.br/category/crime-scene/

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"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz." (Platão)
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