Um serial killer que aterrorizou a Flórida com uma onda assassina que culminou na morte de 10 mulheres em 1984 foi executado ontem, 23 de maio, com uma injeção letal. Sua execução foi testemunhada por Lisa McVey Noland, que sobreviveu ao seu ataque e ajudou a capturá-lo. Ela tinha 17 anos na época.
Bobby Joe Long, 65, foi declarado morto às 18h55 após receber uma injeção letal na Prisão Estadual da Flórida. Long não disse uma palavra sequer e simplesmente fechou os olhos quando o procedimento começou, disseram testemunhas.
O assassino aterrorizou a área de Tampa Bay por oito meses em 1984. Os corpos começaram a aparecer em 27 de março de 1984 e, muitas vezes, eram deixados em poses horríveis. A maioria das vítimas era estrangulada, mas algumas tiveram as gargantas cortadas ou foram espancadas até a morte.
Por oito meses a polícia esteve às cegas até a adolescente Lisa McVey Noland ir até uma delegacia e afirmar que havia sido sequestrada e estuprada por um maníaco. Por algum motivo ele a deixou ir embora. Ela levou os policiais até o local onde ficou em cativeiro e em 16 de novembro de 1984 Bobby Long foi preso. Ele confessou vários assassinatos e recebeu 28 sentenças de prisão perpétua e uma sentença de morte pelo assassinato de Michelle Simms, 22.
Na fala aos repórteres após a execução, Lisa Noland revelou que sentou na sala de testemunhas de forma que Long a visse.
“Eu queria olhá-lo nos olhos. Eu queria ser a primeira pessoa que ele visse. Infelizmente, ele não abriu os olhos. Foi reconfortante saber que isso estava realmente acontecendo. Eu comecei a chorar depois que tudo estava acabado. A paz que veio sobre mim é um sentimento muito bom”.
Ser vítima de abuso não foi algo novo para Noland. No dia anterior ao seu sequestro, ela escreveu uma nota de suicídio, planejando acabar com a própria vida depois de anos de abuso sexual pelo namorado de sua avó. Sua vida poderia ter terminado pelas mãos de um serial killer, mas ele a deixou ir.
“Na época, ele colocou uma arma na minha cabeça, isso não foi uma novidade para mim“, disse ela à Associated Press.
“Eu tive que estudar esse cara. Eu tive que aprender quem ele era, o que o fez pensar. Se eu fizesse o movimento errado, isso poderia ter acabado com minha vida? Então, literalmente, na noite anterior eu havia escrito uma nota de suicídio e no dia seguinte eu estava em uma posição onde eu tinha que salvar a minha vida. Se eu pudesse falar a ele diria ‘Obrigado por me escolher e não outra garota de 17 anos de idade’. Outra garota de 17 anos provavelmente não seria capaz de lidar com isso da mesma forma que eu”.
Na entrevista para a Associated Press, Noland descreveu o ataque em detalhes excruciantes: a igreja onde Long a sequestrou, a arma que ele pressionou contra a sua cabeça, a luz brilhante que ela podia notar no painel do carro – mesmo que ela estivesse vendada. O carro dele, segundo ela, era um Dodge Magnum.
Ela estava menstruada e se certificou de deixar sangue no banco de trás do carro, como evidência para ajudar a polícia caso morresse. Esperta feito um animal, ela sabia até o caminho que o seu sequestrador estava tomando: indo ao norte de Tampa pela rodovia Interstate 275. Quando ela saiu do carro e subiu até o apartamento de Long, ela contou os degraus da escada e concluiu que havia chegado ao segundo andar. Quando ele a deixou ir ao banheiro, Lisa certificou-se de encher o lugar com impressões digitais.
Ela sabia que não podia deixá-lo com raiva. Quando ele a deixou lavar o cabelo após estuprá-la várias vezes, Lisa perguntou porque ele havia feito aquilo e o maníaco respondeu que havia se separado da mulher e por isso odiava mulheres. Ela disse que ele parecia ser uma pessoa boa e legal e talvez eles poderiam namorar. Ela, claro, não contaria nada a ninguém sobre este incidente.
Muito tempo depois, após se simpatizar com a adolescente cordial, Long deixou que Lisa se vestisse. Ela colocou a venda e os dois saíram. Quando ela desceu do carro, Long orientou que ela não tirasse a venda por cinco minutos. Ela esperou o que pareceu uma eternidade. Então tirou a venda. Ela estava de frente a uma árvore em um cemitério.
De West Virginia, Bobby Joe Long mudou-se para Miami ainda criança e foi criado por sua mãe, uma garçonete. Ele nasceu com um cromossomo X a mais, causando o aumento das mamas na puberdade, fazendo dele chacota entre os colegas. Em “The Psychopathology of Serial Murder: A Theory of Violence” (1996), o autor Stephen Giannangelo afirma que Long também sofreu vários ferimentos na cabeça quando criança. Ele teria dormido na cama da mãe até a adolescência e tinha ressentimentos dela devido aos seus relacionamentos que não duravam.
Após o colegial, ele se casou com sua namorada de infância, mas a relação se tornou violenta. A ex-mulher, Cindy Brown, disse à AP que ela temia por sua vida, já que os ataques pioraram, incluindo um dia em que ele a sufocou e a deixou inconsciente. Eles se separaram em 1980.
Investigadores deram ao serial killer o apelido de “O Estuprador do Anúncio de Classificado” enquanto tentavam solucionar dezenas de estupros. Long lia anúncios nos classificados e ia até a casa da pessoa ver os itens à venda. Se a mulher estivesse sozinha na casa, ele a estuprava.
Ele cometeu pelo menos 50 estupros do tipo a partir de 1971 em Fort Lauderdale, Ocala, Miami e no Condado Dade. Ele foi preso e acusado de estupro, mas as acusações foram desfeitas.
Ele se mudou para Long Beach, Califórnia, morando na quadra 2500 da Eucalyptus Avenue, onde alugou um quarto e continuou com sua onda de estupros. Tais crimes nunca foram investigados.
De volta à Flórida em 1983, ele alugou um apartamento em Tampa Bay e meses depois começou sua onda de assassinatos.
Em seu julgamento, Long confessou que tinha um prazer sádico em todo processo de caça: planejamento e execução do sequestro, estupro e o assassinato brutal.
Vítimas conhecidas
Vítima | Idade | Data da Morte |
---|---|---|
Artiss Ann Wick | 20 | 27 de Março de 1984 |
Ngeun Thi Long | 19 | 13 de Maio de 1984 |
Michelle Denise Simms | 22 | 27 de Maio de 1984 |
Elizabeth Loudenback | 22 | 8 de Junho de 1984 |
Vicky Marie Elliott | 21 | 7 de Setembro de 1984 |
Chanel Devoun Williams | 18 | 7 de Outubro de 1984 |
Karen Beth Dinsfriend | 28 | 14 de Outubro de 1984 |
Kimberly Kyle Hopps | 22 | 31 de Outubro de 1984 |
Lisa McVey | 17 | 3 de Novembro de 1984 [Obs.: Sobreviveu ao ataque] |
Virginia Lee Johnson | 18 | 6 de Novembro de 1984 |
Kim Marie Swann | 21 | 11 de Novembro de 1984 |
Time of death for Bobby Joe Long 6:55pm. As lethal injection administered he twitched a little, turned his head, pursed his lips, and almost seemed to be “snoring”. Long made no final statement. At the end family members of Long’s victims cried, hugged each other and smiled.
— Michael Paluska (@MichaelPaluska) 23 de maio de 2019
“A hora da morte para Bobby Joe Long veio às 18h55. Enquanto a injeção letal era administrada, ele se contraiu um pouco, virou a cabeça, franziu os lábios e parecia estar quase rocando. Long não fez nenhuma declaração final. No final, os familiares das vítimas choraram, se abraçaram e sorriram.”
[Michel Paluska, repórter da ABC Action News]
Vídeo: sobrevivendo a um serial killer – Lisa McVey
Fontes consultadas: [1] Serial killer who took the lives of 10 women executed by lethal injection in Florida – USA Today; [2] ‘Bobby Joe Long, Thank you’ | Survivor at peace after serial killer executed – ABC Action News;
Universo DarkSide – os melhores livros sobre serial killers e psicopatas
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