Mindhunter: os serial killers da vida real que aparecem na série da Netflix

“Pessoas como eu não vêm de filmes. Os filmes é que vêm de pessoas como eu”. Mindhunter, a nova série da Netflix, é baseada...
Mindhunter - serial killers da vida real

Mindhunter - série netflix

“Pessoas como eu não vêm de filmes. Os filmes é que vêm de pessoas como eu”.

[David James Harker, assassino canibal]

Mindhunter, a nova série da Netflix, é baseada no livro de mesmo nome de John Douglas, ex-agente do FBI, e Mark Olshaker, escritor e cineasta. Douglas, juntamente com Robert Ressler, Howard Teten, Pat Mullany, dentre outros, foi um dos pioneiros no estudo de mentes de assassinos psicopatas, ajudando a criar o chamado perfil psicológico – ele entrava na mente de serial killers e tentava pensar como eles. Douglas foi o primeiro a apresentar um perfil psicológico do Unabomber. Além do Unabomber, Douglas estudou a fundo e esteve frente a frente com os mais famosos psicopatas assassinos do século passado, incluindo Ed Kemper, Jeffrey Dahmer, Ted Bundy, Robert Hansen, dentre outros.

Se você sentir que Mindhunter evoca a atmosfera de O Silêncio dos Inocentes, isto é porque John Douglas serviu de inspiração [mas há controvérsias] para Jack Crawford, o personagem chefe da Unidade de Ciência do Comportamento do FBI no livro, interpretado no cinema por Scott Glenn, e um dos protagonistas do romance de Thomas Harris. Em Mindhunter, o personagem Holden Ford, interpretado por Jonathan Groff, é baseado em Douglas. Ele e seu parceiro, Bill Tench (Holt McCallany), entrevistam e trocam figurinhas com assassinos em série, incluindo os abaixo. Sim, aqueles assassinos da série Mindhunter foram todos tirados da vida real.

Edmund Emil Kemper – O Assassino de Colegiais


Em Mindhunter: Ed Kemper (Cameron Britton) é o primeiro serial killer entrevistado por Ford e Tench. Os agentes centram sua investigação em torno de seus sentimentos de humilhação em relação à sua mãe – um relacionamento tenso que eles descobrem ser um traço comum entre serial killers. Ford é hipnotizado pela forma genial como Kemper descreve seus assassinatos, um erro que cria um momento aterrorizante ao final da temporada.

Na Vida Real: O mais assustador serial killer mostrado na série, Ed Kemper foi um psicopata que nasceu na Califórnia em 18 de dezembro de 1948. Ele começou sua carreira homicida matando os avós aos 15 anos. Considerado louco, foi enviado para um hospital psiquiátrico e, após enganar os psiquiatras com sua lábia afiada, foi solto aos 21 anos. Três anos depois, ele começou uma onda de matança que culminou no assassinato de cinco universitárias, uma colegial, sua mãe e a melhor amiga dela. Ele decapitava os corpos e praticava sexo oral com as cabeças. Ele manteve algumas mãos de suas vítimas mulheres de uma forma que a polícia descreveu como um “quebra-cabeça macabro“. Ele mesmo se entregou para a polícia porque “emocionalmente, eu não poderia aguentar muito tempo.” A mais recente audiência de condicional aconteceu em 2017 e, como sempre faz desde 1985, Kemper renunciou ao direito de ser elegível para sair da prisão. O agente Ford da vida real, John Douglas, disse que Kemper é, de longe, o mais brilhante psicopata que ele entrevistou. Registros atestam que Kemper possui um QI de 145, o que o coloca como “gênio” – nada mais bizarro, não? 

Jerry Brudos - Mindhunter

Jerome Henry “Jerry” Brudos – O Assassino Fetichista


Em Mindhunter: Os detetives desenvolvem a estratégia do “sapato” enquanto trabalham com Brudos, uma técnica que lhes permite obter, posteriormente, uma confissão de Darrel “Gene” Devier. Brudos impressiona por nunca admitir a culpa por seus crimes, falando na terceira pessoa sobre o assassino. Ele chega a se masturbar na frente dos detetives após ganhar como presente seu objeto-fetiche preferido: um sapato de salto feminino. “O rei dos souvenirs“, diz a psicóloga Wendy Carr (Anna Torv).

Na Vida Real: Jerry Brudos se tornou manchete nos Estados Unidos quando foi preso pelo sequestro e assassinato de quatro jovens mulheres. Brudos tinha fetiche por sapatos e pés femininos, além disso ele se vestia com roupas femininas. Mindhunter brevemente discute se o comportamento cross dressing do serial killer tem a ver com sua psicopatia ou atos criminais. Em alguns casos, Brudos se vestia de mulher quando atacava suas vítimas, que eram levadas para o porão de sua casa onde ele as matava. De uma cortou o pé esquerdo, de outra removeu os seios, de outra removeu novamente os seios e fez um molde com resina. Às vezes ele mantinha os cadáveres durante dias no porão, dependurados pelo pescoço, os vestia com várias roupas diferentes e fazia sexo com eles. Manchetes da época o chamaram de “doente“, e a mídia o apelidou de “O Assassino Fetiche”, provocando um grande problema para os homens que tinham fetiches por pés femininos. Ao ser preso, ele usava uma calcinha. Brudos morreu na prisão, de câncer, em 2006.

Richard Speck - Mindhunter

Richard Benjamin Speck


Em Mindhunter: Ford vai muito longe ao entrevistar Speck, tentando usar linguagem inflamatória e sexista para que o assassino se abra. Quando Speck percebe que ele está sendo usado, ele mata o pássaro que vem alimentando com as próprias mãos e apresenta uma queixa contra Ford. Ele também mostra remorso por seus crimes e diz aos detetives que estuprou e matou suas vítimas porque “não era a noite delas“.

Na Vida Real: Em 1966, Richard Speck espancou e torturou oito estudantes de enfermagem em Chicago, matando todas. Corazon Amurao, que inicialmente abriu a porta do apartamento, conseguiu escapar e alertar a polícia, levando à prisão de Speck. Os crimes de Speck o caracterizam como um assassino em massa e ele tinha no braço tatuado a frase “Nascido para Criar Problemas”. Em Mindhunter, Ford cuidadosamente pergunta para ver a tatuagem, dizendo a Tench o quanto ela é famosa. Speck morreu em 1991 de ataque cardíaco. Em 1996, um vídeo de duas horas gravado em 1988 na prisão mostrava prisioneiros consumindo drogas abertamente e Speck fazendo sexo oral em outro prisioneiro. A fita também o exibia cheirando cocaína, usando meias de nylon e exibindo seios desenvolvidos pelo consumo de comprimidos de hormônio feminino contrabandeado para a detenção. Speck disse para a câmera: “Se eles soubessem como estou me divertindo, me soltariam“.

Dennis Rader - Mindhunter

Dennis Lynn Rader – Assassino BTK


Em Mindhunter: Raider é apresentado bem antes de começar seus estranhos assassinatos que facilmente o colocaram entre os mais infames serial killers da história. Ele aparece, sem ter seu nome citado, na abertura de cada episódio, aprendendo a dar nós, expressando sua profunda raiva em seu apartamento e queimando desenhos de mulheres amarradas. Ao final da temporada, Ford e Tench ainda não tinham conhecimento da existência deste bizarro psicopata (que só seria capturado décadas depois).

Na Vida Real: Veterano da Força Aérea, líder escoteiro e com diploma na área do Direito, Dennis Rader era um pai de família que frequentava a igreja ao mesmo tempo em que planejava e executava o extermínio de pessoas. Ele matou oito mulheres e dois homens no Kansas entre 1974 e 1991, amarrando-os com sacos de plástico, cordas, cintos e meias de nylon. Ele foi preso em 2005 com a ajuda dos profilers da vida real, como Douglas, que desenvolverem um perfil psicológico do assassino. Rader escrevia poemas para suas vítimas e se vestia com as roupas das vítimas femininas para tirar sinistras fotografias de si mesmo mostrando seu fetiche bondage. Atualmente ele cumpre 10 prisões perpétuas no Kansas.

Montie Ralph Rissell - Mindhunter

Montie Ralph Rissell


Em Mindhunter: Rissell concorda em deixar Ford e Tench entrevistá-lo, embora ele pareça desgostoso e agitado por todo o processo. Ele também culpa sua mãe por seus crimes, insistindo que, se ela apenas o deixasse viver com seu pai, ele não teria estuprado nem assassinado ninguém. Rissell, inconscientemente, ajuda Ford e Tench a entender o perfil de assassinos em série sexualmente violentos quando admite que sua primeira vítima o enfureceu ao ceder aos seus avanços sexuais. Para psicopatas como Rissell, os agentes percebem que mulheres que expressam desejos sexuais podem ser uma ameaça ou um gatilho.

Na Vida Real: Rissell é um dos assassinos em série menos conhecidos do público a ser mencionado no livro de Douglas e Olshaker. Ele começou a estuprar mulheres muito jovem, aos 14 anos. Foram 12 estupros e cinco assassinatos antes de ser preso aos 19 anos. Em 1977, Rissell foi sentenciado a quatro prisões perpétuas consecutivas. Em 1995, ele tentou sair em condicional, mas não conseguiu. Ele continua preso.

Darrell Gene Devier

Darrell Gene Devier


Em Mindhunter: Devier se torna uma cobaia para as novas táticas de interrogatório de Ford e Tench, desenvolvidas durante o trabalho com Brudos. Ford novamente usa linguagem sexual para descrever uma vítima de Devier, tentando tirar dele a confissão do assassinato de uma menina de 12 anos, o que ele eventualmente confessa.

Na Vida Real: Devier não foi um assassino em série, e foi preso em 1979 pelo sequestro, estupro e assassinato de Mary Frances Stoner, 12 anos. Quando Devier foi preso, a Geórgia não tinha pena de morte, mas em 1983, o estado voltou com a prática. Devier foi executado na cadeira elétrica em 1995.

Citados, mas não mostrados


David Berkowitz - Mindhunter

David Richard Berkowitz – O Filho de Sam


Em Mindhunter: Quando os agentes começam sua cruzada na Unidade de Ciência do Comportamento, Berkowitz já está preso, portanto, os crimes de Berkowitz antecedem o tempo da série, indicando que serial killers faziam a festa antes de perfis criminais atrapalharem suas carreiras criminosas. Tench e alguns outros detetives fazem comentários sobre o fato de Berkowitz culpar o cachorro da vizinha por seus assassinatos, já que ele acreditava que o cão estava possuído por um demônio.

Na Vida Real: Os crimes de David Berkowitz – o assassinato em série de seis pessoas e o atentado contra sete outras que sobreviveram na cidade de Nova Iorque – lhe renderam bastante infâmia. Seu nome apareceu nos jornais durante meses. Na verdade, a cultura americana foi irremediavelmente transformada por este serial killer. Uma lei com o seu apelido, Lei Filho de Sam, foi criada, apontando que nenhum criminoso poderia lucrar com a fama de seus crimes, além de um excelente filme de Spike Lee, “O Verão de Sam” (1999). Preso desde 1977, tentou sair em condicional em 2016, mas ouviu dos juízes que nunca mais iria sair da cadeia.

Vaughn Greenwood - Mindhunter

Vaughn Orrin Greenwood – O Matador de Pobres


Em Mindhunter: Greenwood é mencionado apenas de passagem na série, quando Ford e Tench estão discutindo seus próximos planos de viagem, para entrevistar assassinos em série condenados pelo país.

Na Vida Real: Embora suspeito em 13 assassinatos, Vaughn Greenwood foi condenado em meados da década de 70 por cortar as gargantas de nove moradores de rua enquanto eles dormiam em becos. Após degolá-los de orelha a orelha, Vaughn jogava sal nos corpos e recolhia o sangue em copos, que ele colocava ao lado dos cadáveres (não ficou claro se ele praticou o vampirismo). Embora os detalhes de sua prisão não tenham chegado aos ouvidos de John Douglas na época, Vaughn foi preso com a ajuda de uma equipe de psiquiatras que tentaram traçar o seu perfil. O serial killer tem hoje 73 anos e continua preso na Califórnia.

Herbert Mullin - Mindhunter

Herbert William Mullin – O Louco


Em Mindhunter: Ford menciona Mullin durante uma cena no segundo episódio da série, quando ele está tentando convencer Tench a encontrar e conversar com vários assassinos psicopatas presos.

Na Vida Real: Herbert Mullin foi diagnosticado com esquizofrenia paranoide por um psiquiatra da prisão. Ele assassinou 13 pessoas, incluindo duas crianças de quatro e nove anos, na Califórnia dos anos 70. Ele acreditava que impediria a ocorrência de terremotos se sacrificasse pessoas. Mullin foi um caso raro na taxonomia dos assassinos em série e mostra como a doença mental pode radicalmente mudar um futuro promissor. Ele foi amado por seus colegas e votado como “o mais provável a ter sucesso” na vida no ensino médio, até a esquizofrenia o pegar e ele começar a ter alucinações que o tiraram do último ano do ensino médio. Ele continua preso na Califórnia e poderá pedir liberdade condicional em 2021, quando terá 74 anos de idade.

Posteal Laskey Jr. - Mindhunter

Posteal Laskey Jr. – O Estrangulador de Cincinnati


Em Mindhunter: Ford e Tench discutem rapidamente sobre o caso Laskey na série sem citar a sua etnia. Por ser um homem negro, ele não se encaixava no perfil psiquiátrico que os agentes estavam desenvolvendo, que se concentrava em homens brancos.

Na Vida Real: Entre 1965 e 1966, sete mulheres de meia-idade foram espancadas, estupradas e estranguladas na cidade de Cincinnati, Ohio. O motorista de táxi Posteal Laskey Jr. foi preso e acusado pelo assassinato da sétima vítima. Apesar dos assassinatos em série terem cessado após sua prisão, ele foi condenado apenas pela morte da última vítima. Ele morreu na cadeia em 2007 e nenhum familiar reclamou seu corpo, que foi enterrado no cemitério da penitenciária.

Gerard Schaefer

Gerard John Schaefer Jr. – O Patrulheiro Assassino


Em Mindhunter: Ford menciona Schaefer com uma citação de quase admiração, dizendo a Tench durante uma conversa que ele matou mais de 30 mulheres.

Na Vida Real: Chamado de “imundo” pelo escritor de livros de serial killers Harold Schechter, Schaefer foi preso na Flórida em 1973 pelo assassinato de duas mulheres mas confessou mais de 30. Ele começou na infância matando animais e gostava de se vestir de mulher. Em sua casa, a polícia encontrou jóias, diários e um dente, de pelo menos oito adolescentes e mulheres adultas que estavam desaparecidas. Uma das jóias era de uma vizinha de quando Schaefer ainda era adolescente. Apesar de ter sido ligado ao desaparecimento de mais de 30 mulheres, Schaefer foi condenado por apenas duas mortes. Em 1995, o psicopata teve o fim que merecia na prisão ao ser esfaqueado até a morte por outro detento. Citamos Schaefer no post Admiradoras de Serial Killers – Mulheres que Amam Psicopatas Assassinos.

Charles Manson - Mindhunter

Charles Milles Manson


Em Mindhunter: Manson é citado várias vezes na série e é um dos psicopatas que Ford mais anseia em encontrar, fato que ocorreu na vida real. Em Mindhunter esse encontro não acontece, talvez isso ocorra nas temporadas seguintes – dado que Manson é bastante significativo para o mundo da criminologia e psicologia, pelo menos um episódio mostrando como foi esse encontro da vida real me parece obrigatório. Na série, o caso Manson é utilizado como exemplo nas aulas teóricas que os agentes do FBI dão ao redor do país para departamentos de polícia.

Na Vida Real: Provavelmente o mais famoso psicopata americano do século 20, Charles Manson nunca matou ninguém (então ele passa longe de ser um serial killer), ao contrário, foi o líder carismático de uma seita que ele chamou de Família, composta por jovens desajustados e manipuláveis que faziam tudo o que seu líder paranoico pedia, incluindo matar e retalhar pessoas. Uma das vítimas do grupo foi a atriz de Hollywood Sharon Tate, mulher do cineasta Roman Polanski e grávida de oito meses. Ela foi perfurada 16 vezes por uma baioneta e enforcada. Outra vítima famosa do grupo foi Jay Sebring, cabeleireiro das celebridades de Hollywood e o responsável por levar Bruce Lee ao cinema americano. No total, a Família Manson, como ficou conhecida, foi ligada a nove assassinatos, todos cometidos a mando de Manson. Charles Manson faleceu aos 83 anos em 19 de novembro de 2017. Ele também foi tema da excelente série Aquarius.

Para entender melhor Mindhunter, é OBRIGATÓRIO a leitura dos posts abaixo:

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Por:


Daniel Cruz
Texto

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