O segundo serial killer mais famoso da história da Grã Bretanha – atrás apenas de Jack, o Estripador – Ian Brady, morreu aos 79 anos.
O insano assassino estava preso desde 1966 e nunca demonstrou remorso pelos seus crimes.
Chamado por muitos de “monstro”, Ian Brady foi condenado em 1966 por ter matado várias crianças, ao lado de sua namorada Myra Hindley – apelidada de “a mulher mais odiada da Grã-Bretanha”.
Quem era Ian Brady?
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Ian Brady nasceu em Glasgow, Escócia, em 1938, e frequentou a Shawlands Academy – uma escola para alunos com inteligência acima da média.
Sua personalidade violenta foi moldada por uma infância instável. A mãe o negligenciava e Brady foi criado por pais adotivos na Gorbals – a favela mais barra pesada de Glasgow.
Depois de uma série de pequenos crimes quando adolescente, os tribunais o enviaram para Manchester, Inglaterra, para viver com sua mãe e seu novo marido, Patrick Brady.
Do padrasto, Ian tomou o nome, mas continuou com suas atividades criminosas, transformando-se em um adolescente alcoólatra.
Em uma tentativa de “melhorar a si mesmo”, Brady buscou novos interesses, então ele construiu uma biblioteca de livros sobre a Alemanha nazista, sadismo e perversão sexual.
Em 1961, Brady conheceu a adolescente Myra Hindley, 18, secretária na empresa em que trabalhava como balconista. Foi amor à primeira vista e Brady a impressionou lendo a autobiografia de Adolf Hitler Mein Kampf no original em alemão.
Quem foram as vítimas e como elas morreram?
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Em 12 de julho de 1963, Brady disse a Hindley que queria “cometer o assassinato perfeito”. Ela aceitou embarcar com o namorado em sua missão homicida. Em busca de uma vítima, Brady a orientou a dirigir uma van enquanto ele seguia em sua moto.
Ao ver Pauline Reade, 16, o casal parou e Hindley perguntou se ela poderia ajudá-la a procurar uma luva cara que ela havia perdido na região de Saddleworth Moor.
Hindley alega que Brady levou Pauline para a pantanosa região, onde cortou sua garganta duas vezes e a agrediu sexualmente. Brady afirma que Hindley o ajudou.
Em 23 de novembro de 1963, Hindley se aproximou de John Kilbride em Ashton-under-Lyne, em Lancs, e ofereceu-lhe um carona para casa. Dentro da Van, Brady disse ao garoto de 12 anos que lhe daria vinho, mas que eles teriam que fazer um desvio até Saddleworth Moor primeiro.
Ele atacou sexualmente a criança e tentou cortar sua garganta com uma faca serrilhada antes de estrangulá-lo com um pedaço de barbante.
Keith Bennett, 12, estava a caminho da casa da avó, em 16 de junho de 1964, quando Hindley o atraiu para sua van. Ela dirigiu até Saddleworth Moor e Brady levou o menino para o pântano enquanto Hindley vigiava o local. Brady reapareceu 30 minutos depois de ter estuprado e estrangulado Keith.
Em busca de outra vítima, o casal visitou uma pequena feira no Boxing Day (um dia depois do natal), em 1964, e encontrou Lesley Ann Downey. Eles se aproximaram da garota de 10 anos de idade e a levaram até a casa do casal, onde foi despida, amordaçada e forçada a posar para fotografias antes de ser estuprada e morta.
Na manhã seguinte, Brady e Hindley foram até Saddleworth Moor, onde enterraram o corpo de Downey, nua, com suas roupas a seus pés, em uma cova rasa.
Em 6 de outubro de 1965, Brady conheceu o estudante de engenharia Edward Evans, de 17 anos, na estação ferroviária Central de Manchester, e o convidou para sua casa, onde o matou com um machado.
Como Ian Brady foi capturado?
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Achando que tinham que dar uma apimentada no relacionamento, Brady e Hindley quiseram trazer um terceiro parceiro para suas sanguinárias incursões. Eles escolheram, então, o cunhado de Myra, David Smith, e tentaram recrutá-lo para suas ações macabras. Brady começou a se gabar para ele sobre como matava pessoas.
Em 6 de outubro de 1965, Brady ofereceu uma demonstração prática com Edward Evans – golpeando-o quatorze vezes com uma machadinha antes de terminar o trabalho estrangulando-o. Horrorizado, Smith telefonou para a polícia na manhã seguinte.
Para as autoridades, Smith relatou:
“Ele estava deitado com a cabeça e os ombros no sofá e as pernas estavam no chão. Ele estava virado para cima. Ian estava de pé sobre ele, de frente para ele, com as pernas de cada lado das pernas do rapaz. O garoto ainda estava gritando…Ian tinha uma machadinha na mão…ele estava segurando-a acima da cabeça e ele bateu no rapaz no lado esquerdo da cabeça com a machadinha. Eu ouvi o golpe, foi um golpe duro terrível, um som horrível.”
Em 7 de outubro de 1965, o superintendente Bob Talbot da Polícia de Cheshire chegou à porta dos fundos da casa do casal e disse a Hindley que queria falar com seu namorado.
O casal permitiu que a polícia olhasse a residência, mas quando eles chegaram no quarto de hóspedes, onde estava o corpo de Edward, o mesmo estava trancado. Brady disse a Hindley para entregar a chave. A polícia entrou e encontrou o cadáver de Edward embrulhado em plástico.
A arma sangrenta do assassinato também foi recuperada, junto com a coleção de livros sobre perversão e sadismo de Brady.
Quatro dias mais tarde, outra busca na residência revelou dois bilhetes de trem para a estação central de Manchester, conduzindo a polícia a um par de malas. Dentro de uma eles encontraram retratos de Lesley Ann Downey nua com um lenço amarrado em torno de sua boca, junto com gravações em vídeo de seus momentos finais, implorando por sua vida enquanto era brutalmente abusada.
Uma série de fotos mostrando regiões de Saddleworth Moor também foram encontradas e um caderno de exercícios com o nome de John Kilbride rabiscado levou a polícia à acreditar que Brady e Hindley estavam envolvidos em vários casos de desaparecimentos.
Uma enorme operação de busca envolvendo 150 oficiais foi realizada e em 16 de outubro eles encontraram um osso do braço pertencente a Lesley Ann. Cinco dias depois eles encontraram o corpo decomposto de John Kilbride.
A polícia abriu inquérito sobre oito pessoas desaparecidas, sumidas entre 1961 e 1965, mas nenhuma outra acusação foi acrescentada antes do julgamento do casal.
O que aconteceu no julgamento de Ian Brady?
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Em 6 de maio de 1966, ambos os réus foram condenados por matar Edward Evans e Lesley Ann Downey. Brady também foi condenado por assassinar John Kilbride, enquanto Myra Hindley foi condenada como cúmplice.
O júri, composto por homens, ficou em silêncio por 16 minutos enquanto a aterrorizante gravação dos últimos momentos de Lesley Ann Downey foi ouvida no tribunal. A fita foi tocada no volume máximo e os sons dos gritos ecoaram pela corte. Passagens dolorosas incluíam: “Não tire minha roupa, você vai tirar?” e “Eu quero ver mamãe”. O som terrível da garganta da garota de 10 anos sendo cortada também foi ouvido no tribunal.
Em suas observações de encerramento, o juiz Atkinson descreveu os assassinatos como um “caso verdadeiramente horrível” e chamou os acusados de “dois assassinos sádicos de extrema depravação”.
Ele afirmou que Brady era “perverso além da fé”.
Brady foi condenado a prisões perpétuas simultâneas em cada acusação, enquanto Hindley recebeu duas prisões perpétuas mais sete anos no caso Kilbride.
Quando Brady confessou os outros dois assassinatos?
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Dezenove anos depois, em novembro de 1985, Brady foi transferido de uma penitenciária para um hospital de segurança máxima. Lá, ele confessou os assassinatos de Pauline Reade e Keith Bennett, cujos restos ainda não haviam sido encontrados, em uma entrevista para repórteres.
Uma busca foi realizada nos pântanos um ano mais tarde, com Hindley junto dos oficiais em 1986 e Brady em 1987.
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Em 30 de junho de 1987, após mais de 100 dias de buscas, o corpo de Pauline Reade foi encontrado enterrado três metros abaixo do solo.
Levou um mês para que os patologistas concluíssem que a menina foi agredida sexualmente e sua garganta cortada por trás.
Keith Bennet é o único das vítimas que nunca foi encontrado, apesar da campanha incansável de sua mãe Winnie, que morreu em 2012.
Como Ian Brady morreu?
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Ian Brady morreu na última segunda-feira, 15 de maio, pouco antes das 18h.
Um autopsia revelou que a causa da morte foi uma doença pulmonar obstrutiva crônica (COPD).
O legista Christopher Sumner afirmou que o corpo do serial killer não seria liberado até que tivessem certeza de que suas cinzas não seriam dispersadas em Saddleworth Moor.
O sádico assassino era o preso mais antigo da Grã-Bretanha e, nos últimos 31 anos, viveu no Hospital Ashworth, em permanente vigilância.
Ele foi declarado criminalmente insano em 1985 e mudou-se para o hospital de alta segurança em Merseyside.
Brady estava em greve de fome desde 1999 e era mantido vivo alimentado à força com um mistura líquida de nutrientes.
Este ano, ele revelou que estava morrendo de uma doença terminal no pulmão e estava acamado há dois anos.
Recebeu cuidados paliativos dos enfermeiros que ajudam pacientes terminais de câncer.
Brady foi incitado a revelar onde o corpo de Keith Bennett está enterrado.
Mas, em um último insulto à família da vítima, ele se recusou a mostrar qualquer remorso por seus crimes horas antes de sua morte.
O próprio advogado de Brady, Robin Makin, revelou que ficaria “muito surpreso” se o assassino deixasse alguma informação útil sobre onde estava o corpo de Keith, dizendo à imprensa:
“Ele foi à região de Moors há um tempo e eu suspeito que se houvesse alguma informação que ele pudesse ter fornecido, ele então teria dado.”
O advogado revelou que não tinha nenhuma informação que pudesse ajudar na busca de Keith, dizendo que, em vez disso, queria discutir sobre os desejos legais e os arranjos funerários de Brady, ciente de que sua morte era “iminente”.
Autoridades também prometeram não fechar o caso da morte de Keith, dizendo que o falecimento de Brady não mudaria nada.
O que aconteceu com Myra Hindley?
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Myra Hindley foi sentenciada à prisão perpétua pelos assassinatos de Evans e Downey e enviada para a prisão de Holloway. Em 1973, ela e uma namorada da cadeia planejaram uma fuga para o Brasil.
Em 1987, ela e Brady finalmente admitiram o assassinato de Keith Bennett e Pauline Reade, e após um retorno à região dos assassinatos, os restos de Pauline foram descobertos.
Hindley travou uma longa campanha por sua libertação, mas em 1998 o Tribunal de Apelação apoiou a decisão do ex-secretário do Interior Jack Straw de que ela deveria permanecer na prisão até sua morte.
Na prisão, ela se converteu ao cristianismo e obteve uma licenciatura em ciências humanas.
Hindley morreu na prisão em novembro de 2002, aos 60 anos, após sofrer insuficiência respiratória seguida de um ataque cardíaco. Ela fumava cerca de 40 cigarros por dia e em 1999 foi diagnosticada com angina e hospitalizada após sofrer um aneurisma cerebral. Após um funeral privado na prisão ele foi cremada.
Um membro do público deixou uma faixa na entrada do crematório que dizia:
“Queime no inferno”.
Colaboração de:
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