Por que pessoas comuns devoram histórias de crimes, violência e todo tipo de maldade? Por que somos atraídos por histórias reais de homens que fizeram da maldade seu cartão de visita?
O espião inglês John Le Carré, que mais tarde viraria um premiadíssimo escritor, teorizou:
“A maioria de nós vive em uma condição de segredo: desejos secretos, gostos secretos, ódios secretos…”
Nesse sentido todos nós seríamos espiões e, vez ou outra, falsos. Espiões perfeitamente incorporam este aspecto da natureza humana. Espiões tem duas caras e escondem suas reais motivações.
Poderíamos também ser lá no fundo criminosos? Se sim, seria por isso que consumiríamos tanta maldade sem enjoar? Seria por isso que a mídia cobriria de maneira tão prazerosa horrendas histórias de crimes?
Talvez.
Você já deve ter ouvido a frase do psicólogo Robert I. Simon, “Homens maus fazem o que homens bons sonham”. Segundo Simon:
“A diferença básica entre o que a sociedade considera como boas ou más pessoas não é uma questão de tipo, mas sim de grau, e envolve a habilidade do mau para traduzir impulsos obscuros em ações obscuras. Pessoas más, como assassinos sexuais em série, por exemplo, têm fantasias sádicas complexas, compulsivas e intensas que poucas pessoas boas têm, mas todos nós abrigamos em nosso íntimo algum grau de hostilidade, agressividade e sadismo. Qualquer pessoa pode se tornar violenta, ou mesmo assassina, em determinadas circunstâncias. Nossos cérebros são preparados para a agressão, e podem gerar violência.”
É uma ideia poderosa e assustadora. Mesmo sendo verdade – que todos nós somos criminosos com instintos secretos e obscuros, porém adormecidos e, de certa forma, controlados – isso ainda não explicaria nossa atração por histórias de crimes. Quando lemos a história de um serial killer, estamos alimentando esse desejo por violência? Pessoas boas sonham em fazer coisas ruins?
Por outro lado, talvez consumimos histórias de crimes para aliviar a ansiedade de, no íntimo, querer vivenciar algo parecido. Talvez o prazer esteja na experiência de controlar esses demônios. A maioria das histórias de crimes terminam com a derrota dos vilões. A justiça tende a triunfar na ficção mais do que o faz na vida real.
Uma outra linha de pensamento diz que as pessoas desfrutam de histórias de crimes pela mesma razão de assistir a um filme de horror ou entrar em uma montanha russa: sentir a emoção do medo; obter a adrenalina em uma situação perigosa sem ter um risco real.
Provavelmente a natureza precisa de nossa atração por histórias de crimes é mais sombria do que a teoria de Carré sobre os romances de espionagem. Podemos de fato ser todos espiões, mas não somos todos criminosos. Somos bons e ruins, policiais e ladrões, heróis e vilões, em momentos diferentes. Tudo parece prosperar na escuridão da emoção humana. E muitos de nós somos mais atraídos pela escuridão do que pela luz.
Pode haver muitas tentativas de explicações, mas o que não podemos negar é que para muitas pessoas (inclusive eu) ler histórias de crimes gera euforia e prazer, e não raras vezes nos sentimos culpados. Parece errado ou impróprio para nós deliciarmos com os horrores infligidos a pessoas reais em verdadeiras histórias de crimes. Mas, embora possamos sentir um pouco de culpa por isso, nós simplesmente não podemos parar.
E, sendo assim, nada melhor do que uma editora especializada em títulos de crimes para alimentar nosso vício! Crime Scene é o braço da DarkSide Books que nos assombra e fascina com obras criadas a partir dos mais famosos e terríveis crimes de nossa história. O nicho da literatura criminal é infinito o que me leva a imaginar o que pode vir a seguir: a história de um sanguinário serial killer; o líder daquela macabra seita satânica; aquele famoso psicótico assassino; aquele psicopata de Wall Street etc.
Enquanto a próxima história não vem para nos assombrar, segue abaixo um pequeno resumo do que já temos ao alcance de nossas mãos.
O Aprendiz Verde & DarkSide Books, duas entidades do além que fazem todos vocês se arrepiarem.
Títulos Crime Scene – DarkSide Books
Box: Autoridade no que diz respeito a mentes criminosas e resolução de crimes no Brasil, Ilana Casoy foi a primeira autora nacional da DarkSide Books. Renovando os laços com ela e com os leitores, ARQUIVOS SERIAL KILLERS – LIMITED EDITION é o primeiro dos relançamentos comemorativos dos 5 anos da Caveirinha. Os dois livros, Serial Killers: Louco ou Cruel? e Serial Killers: Made In Brazil, foram reunidos num único volume de luxo, com mais de 700 páginas de investigação. Para escrever Louco ou Cruel?, a escritora mergulhou em arquivos da polícia e da Justiça, do FBI e da Scotland Yard, além de ter feito uma pesquisa rigorosa em diversas outras fontes para compor um inquietante roteiro de como, por que razão e com que métodos os serial killers agem. Em Made in Brazil, Casoy dedicou-se a investigar os serial killers brasileiros, no que viria a ser o primeiro livro do gênero dedicado aos assassinos em série do Brasil. Perturbador e por muitas vezes comovente, o relato de Casoy nos apresenta histórias que nem a ficção e o cinema conseguiram imaginar.
HQ: Imagine dois amigos adolescentes que passavam seus dias fazendo palhaçadas entre seus colegas de turma na escola. Um tinha uma existência normal, uma família amável e aspirações de deixar a pequena cidade após o ensino médio. O outro era um adolescente de maneiras bizarras que fazia a alegria da galera fazendo imitações igualmente bizarras; tinha uma família desestruturada e más maneiras: como encher a cara antes de ir para o colégio. O primeiro é John “Derf” Backderf, que cresceu e virou um cartonista. Backderf teria tido uma existência invisível não fosse um detalhe: o segundo cara, seu amigo esquisito do ensino médio, era ninguém menos que Jeffrey Dahmer, um loiro alto que se tornou um dos mais assustadores serial killers do século passado. Aliando suas habilidades nos quadrinhos e sua amizade adolescente com o psicopata, Backderf escreveu “Meu Amigo Dahmer“, HQ publicada pela DarkSide Books e que até já virou filme com o astro da Disney Ross Lynch. A revista em quadrinhos narra os anos que Derf passou junto com Dahmer no ensino médio, sem saber que estava testemunhando a transformação de seu amigo em um dos mais depravados serial killers da história. Ao longo do caminho, Derf faz questionamentos pertinentes sobre por que ninguém – especialmente os adultos – reparou nos tormentos do adolescente, já que, em retrospectiva, eram óbvios e dolorosos demônios internos.
Livro: A Ciência Forense está bombando. Séries na TV, filmes no cinema e livros fizeram o necrotério ser algo legal. Tecnologias complexas e pesquisas profundas podem coalhar o sangue, fragmentar o osso e causar bolhas na pele, mas isso também leva ao conhecimento e à justiça. Vincent Di Maio é um dos leões quando falamos em ciência forense. Famoso médico-legista de Nova Iorque, em o Segredo dos Corpos ele disseca o que muitos passam mal apenas em ler. A exumação de Lee Harvey Osvald, o assassinato racial de Trayvon Martin, uma serial killer de bebês e a misteriosa morte do gênio holandês Vincent van Gogh… está tudo lá, em detalhes que todo estudante e entusiasta da área deveria saber. Nesse caminho sinistro, um dos patologistas criminais mais metódicos e intuitivos da América nos mantêm presos à narrativa com suas histórias de suspense, revelando anedotas e detalhes macabros que fazem a alegria de qualquer fã de crime.
- Mais sobre o livro: Crime Scene: O Segredo dos Corpos
Livro: Posso comparar “Serial Killers – Anatomia do Mal” a um rio em transbordamento. Como diz o título, esta obra é sobre os membros mais assustadores de nossa sociedade: os serial killers. Harold Schecter explica a origem do termo; o que significa, de onde veio, e até mesmo a diferença entre assassinos psicóticos e psicopatas. Há também as histórias dos mais famosos e infames assassinos em série da América: estão lá o “Palhaço Assassino” John Wayne Gacy, o “Canibal de Milwaukee” Jeffrey Dahmer, o “Perseguidor da Noite” Richard Ramirez, o “Pai do Terror” Ed Gein, o “Vovô Canibal” Alber Fish, além do psicopata bonitão Ted Bundy e do lunático Charles Manson. Até mesmo o sinistro Jack, o Estripador é citado. “Serial Killers – Anatomia do Mal” é um grande livro, seja para pesquisa seja para entretenimento (se você tem a mesma fascinação mórbida que eu). O livro é repleto de fatos e dados que o deixará quase um especialista no assunto. Leia e comprove!
- Resenha: Serial Killers – Anatomia do Mal
Livro: Primeira obra tupiniquim de relevância sobre o universo serial killer, “Serial Killers – Louco ou Cruel?” de Ilana Casoy tenta desvendar os segredos por trás das mentes mais doentias da humanidade. As imagens sensacionalistas dos serial killers que nos são apresentados pela mídia sugerem que eles possuem alguma doença mental debilitante – psicose, por exemplo – ou são gênios brilhantes como o Dr. Hannibal Lecter do icônico filme “O Silêncio dos Inocentes”. No entanto, nenhum destes dois estereótipos é preciso e Casoy nos fornece algumas das explicações da ciência sobre tal comportamento aberrante. Há também uma pequena biografia dos mais famosos e terríveis assassinos em série da história, como Andrei Chikatilo, cujos crimes Schechter cita em seu Anatomia do Mal: “Em seus esforços para explicar o comportamento dos serial killers, a psiquiatria moderna tem aplicado diversos rótulos clínicos a esses assassinos: sociopatas, psicopatas, personalidades antissociais. Mas apenas um rótulo parece apropriado para Andrei Chikatilo: monstro”. Como Chikatilo, o livro de Casoy é um monstro, mas no bom sentido é claro.
Livro: O sucesso de “Serial Killers – Louco ou Cruel” rendeu um irmão igualmente relevante e assustador: “Serial Killers – Made in Brazil” é a contraparte brasuca dos monstros internacionais. Sim, na terra do Pau-brazil também existe serial killer, e são muitos para o seu governo. Aqui Casoy nos apresenta sete casos matadores de assassinos seriais que os deixarão de cabelo em pé. Destaque para a horripilante e repulsiva entrevista de Marcelo Costa de Andrade, o “Vampiro de Niterói”, assassino confesso de 13 crianças. Pedaços dessa entrevista foram, inclusive, utilizadas por nós do blog em nosso post sobre o caso. Os outros psicopatas tupiniquins que dão o ar da graça neste ótimo livro são Pedro Rodrigues Filho, o Pedrinho Matador, Francisco da Costa Rocha, o Chico Picadinho, José Augusto do Amaral (Preto Amaral), Febrônio Índio do Brasil, Benedito Moreira de Carvalho (Monstro de Guaianases) e José Paz Bezerra (Monstro do Morumbi). Compre se puder e leia se tiver coragem. Eles estão por toda parte. ……………..
Livro: Já se passaram mais de 40 anos da onda de crimes que chocou Los Angeles e talhou o nome Charles Manson na consciência americana. Mesmo assim, a natureza horrenda dos assassinatos aliada à estranha e desajustada “Família” hippie que deu cabo de várias pessoas, faz com que os crimes continuem a exercer um peculiar fascínio: o fascínio pelo lado maligno do ser humano. O livro de Jeff Guinn certamente não será o último sobre este vilão assustador e bastante real, mas definitivamente é uma das melhores obras já escritas a contar sua história. Da infância sofrida à adolescência rebelde; os tempos de prisão ao primeiro dia fora dela; do manipulador das ruas ao engenheiro do mal. Guinn costura Manson em todos os ambientes, pintando um retrato sombrio, mas convincente, de um homem que nunca em sua vida se propôs a fazer algo bom. Além de destrinchar o mal, a obra ensina muito sobre o turbulento período histórico em que ele viveu.
- Resenha: Manson – A Biografia
Livro: Dada a presença cada vez maior da tecnologia em nossas vidas, não é de se espantar que alguns psicopatas e assassinos tenham se voltado para o mundo digital a fim de procurar vítimas. Mas engana-se quem acha que a internet é a vilã da história. O estudo da criminologia nos mostra que atrair vítimas através dos classificados tem sido a técnica preferida de certos assassinos psicopatas desde os primórdios do século XX. Mas com o advento da internet, muitos desses maníacos modernizaram suas táticas passando dos classificados de papel para as mídias digitais. E este é o tema de “Social Killers: Amigos Virtuais, Assassinos Reais”, que detalha mais de 30 assustadoras histórias reais de assassinos que usaram a internet para localizar, perseguir, atrair, ou explorar suas vítimas. Facebook, Craiglist, MySpace, salas de bate-papo, sites de encontro – não importa onde você esteja online; maníacos estão à espreita nas sombras, ou melhor, atrás de computadores.
Livro: O mais novo filhote da coleção Crime Scene chega abalando estruturas. Comparo-o a Manson: A Biografia – é um daqueles livros indispensáveis que de tão rico merece ser lido, relido e, de tempos em tempos, revisitado. “O Povo Contra O.J. Simpson” narra a história do herói e ídolo americano Orenthal James Simpson – famosíssimo jogador de futebol, ator e… assassino. Acusado de matar a ex-mulher e um amigo dela, seu julgamento foi um dos maiores eventos midiáticos da história, transmitido ao vivo pelas principais emissoras de TV dos Estados Unidos e assistido por mais de 150 milhões de pessoas. Em julgamento que acabou virando uma questão racial, ele foi considerado inocente em 3 de outubro de 1995. A obra de Jeffrey Toobin, repórter que cobriu o julgamento para a revista New Yorker, inspirou a série de mesmo nome que estreia pela FOX neste mês de fevereiro.
- Crime Scene: American Crime Story – O Povo Contra O.J. Simpson
Universo DarkSide – os melhores livros sobre serial killers e psicopatas
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