Kathleen Folbigg: novas evidências sugerem que mulher condenada em 2003 por matar os próprios filhos pode ser inocente

Novas evidências descobertas por uma equipe internacional de cientistas especializados em genética sugerem que os filhos de uma das mais infames assassinas em série da Austrália podem não ter...

Kathleen Folbigg deixando o tribunal em 03 de abril de 2003. De cima para baixo, da esquerda para a direita: Patrick, Caleb, Laura e Sarah, filhos de Kathleen. 

Novas evidências descobertas por uma equipe internacional de cientistas especializados em genética sugerem que os filhos de uma das mais infames assassinas em série da Austrália podem não ter sido mortos pela própria mãe.

Kathleen Folbigg foi presa em 2003 e condenada a uma pena mínima de 25 anos pelo assassinato de seus filhos Patrick, Sarah e Laura – com idades entre oito e 19 meses – entre 1991 e 1999.

Ela também foi considerada culpada pelo homicídio culposo de seu primeiro filho, Caleb, que tinha apenas 19 dias de idade quando morreu em Newcastle em 1989.

A senhora, hoje com 53 anos, sempre alegou inocência.

Agora, um grupo com 27 cientistas divulgou descobertas que mostram que pelo menos dois de seus filhos podem ter morrido de causas naturais.

Em um estudo revisado e publicado em 19 de agosto deste ano, pesquisadores da Austrália, Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Dinamarca disseram que uma mutação genética nunca vista antes no DNA das duas meninas provavelmente foi mortal.

Os cientistas dinamarqueses disseram que a mutação, chamada CALM2 G114R, foi herdada de Folbigg.

Eles disseram que Caleb e Patrick tinham outra mutação genética que também poderia ter causado a morte deles.

A mutação CALM2 causa uma condição chamada “calmodulinopatia”, que pode causar morte cardíaca súbita em crianças muito pequenas, disse o cientista-chefe do jornal.

Eles disseram que os genes mutantes dos meninos tinham duas cópias diferentes que causaram epilepsia letal em camundongos usados nos testes.

A professora de Imunologia da Australian National University, Carola Vinuesa – que revelou os resultados em um simpósio de cientistas – foi encarregada no ano passado de analisar o DNA de Folbigg e das quatro crianças falecidas.

Os cientistas analisaram o genoma dos bebês usando apenas o sangue de seus cartões do teste de punção no calcanhar [popularmente conhecido no Brasil como “teste do pezinho”], feito após o nascimento.

As descobertas vão na contramão das conclusões de um reexame das condenações de Folbigg, divulgado em julho de 2019, que reforçou a tese da culpa da ré. O relatório de Reginald Blanch QC, ex-juiz principal do Tribunal Distrital de Nova Gales do Sul, que presidiu o inquérito, disse que “a única conclusão razoavelmente aberta é que alguém intencionalmente causou danos às crianças, e asfixia foi o método óbvio”.

“As provas não apontavam para outra pessoa senão a Sra. Folbigg”, disse o relatório.

As provas de Folbigg e as transcrições das declarações gravadas – que não foram feitas diantes do júri – mostraram que ela era falsa, dissimulada e realizou “tentativas deliberadas de ocultar o fato de que ela havia cometido os crimes”, segundo o juiz.

O inquérito foi dilvulgado pelo procurador-geral de Nova Gales do Sul, Mark Speakman, em 2018, depois que os advogados de Folbigg apresentaram uma petição lançando dúvidas sobre algumas evidências que levaram à condenação dela.

Na época, o procurador-geral disse que considerava necessário “garantir a confiança do público na administração da justiça”.

Os resultados do inquérito deixaram Folbigg “de coração partido e perplexo”, afirmou a amiga Tracy Chapman a uma emissora de televisão.

Ela disse que apesar das descobertas, elas continuariam a lutar para provar sua inocência.

“Posso garantir que não acabou. Não até que essa injustiça grosseira tenha sido reconhecida, as condenações anuladas e esse sistema falho, arrogante e tendencioso se desculpe pelo tratamento dispensado a Kath. Temos a verdade do nosso lado e um número crescente de apoiadores que estão ficando muito frustrados. Eu disse a ela para tentar encontrar algum conforto nesses fatos.”

Nota de falecimento publicada em maio de 2003 no The Newcastle Herald.

  • Caleb Gibson Folbigg nasceu em 01 de fevereiro de 1989. Ele havia sido diagnosticado com laringomalácia, uma condição que causa barulhos durante a respiração. Caleb foi encontrado morto em seu berço em 20 de fevereiro de 1989. Craig Folbig, pai do bebê, foi acordado pelos gritos de Kathleen: “meu bebê, tem alguma coisa errada com meu bebê!”. Inicialmente a morte foi creditada à síndrome da morte súbita infantil.
  • Patrick Allan Folbigg nasceu em 03 de junho de 1990. Caleb permaneceu em casa durante três meses, para ajudar a esposa a cuidar da criança. Em 17 de outubro de 1990, Patrick teve que ser reanimado após ser encontrado sem respirar e sofreu danos cerebrais, cegueira e epilepsia por conta do episódio. Em 13 de fevereiro de 1991, ele faleceu em casa. Craig estava no trabalho quando recebeu uma ligação de Kathleen, dizendo “aconteceu de novo!”
  • Sarah Kathleen Folbigg nasceu em nasceu em 14 de outubro de 1992. Ela morreu em 30 de agosto de 1993. Craig acordou com Kathleen gritando na porta do quarto de Sarah, que estava morta em seu berço. 
  • Laura Folbigg nasceu em 07 de agosto de 1997. Por volta do meio-dia de 01 de março de 1999, Kathleen ligou para a emergência para informar que Laura não estava respirando. Os paramédicos não conseguiram reanimá-la.

O julgamento de Kathleen durou sete semanas. Segundo a acusação, ela teria asfixiado seus filhos em momentos de frustração. Durante a exibição do interrogatório policial, Kathleen tentou sair correndo do tribunal.

A defesa sustentou que não havia uma confissão direta dos assassinatos, e que as insinuações de Kathleen sobre a própria culpa eram típicas de uma mãe de luto, uma vez que ela pareceu genuinamente abalada para os paramédicos e policiais que atenderam às ocorrências.

Em 21 de maio de 2003, Kathleen foi condenada por três acusações de homicídio doloso, uma acusação de homicídio culposo e uma acusação de lesão corporal grave, tendo sido sentenciada a 40 anos de prisão com possibilidade de condicional em 30 anos.

Em 17 de fevereiro de 2005, o tribunal reduziu sua pena para 30 anos de prisão, com possibilidade de condicional em 25 anos.

Vídeo: “Kathleen Folbigg: Science questions her guilt” (em inglês)

Fonte consultada: Stunning evidence emerges in the case of Australia’s worst female serial killer Kathleen Folbigg which scientists say proves she’s innocent – 17 years after she was jailed for death of four kids. Daily Mail.

Por:


Elizabeth
Texto

Glenda
Revisão

Marcus Santana
Revisão

Universo DarkSide – os melhores livros sobre serial killers e psicopatas

http://www.darksidebooks.com.br/category/crime-scene/

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