Serial killers homens são ‘caçadores’ enquanto serial killers mulheres são ‘coletoras’, afirma novo estudo

Um novo estudo apresentou pela primeira vez uma comparação empírica entre assassinos e assassinas em série. As diferenças sexuais nos comportamentos e crimes foram apresentadas através da óptica da...
Serial Killers Homens e Mulheres - Psicologia Evolutiva
Dois conhecidos serial killers do século 20: a polonesa Tillie Klimek e o americano Ted Bundy.

Dois conhecidos serial killers do século 20: a polonesa Tillie Klimek e o americano Ted Bundy. Os dois são exemplos clássicos das diferenças entre serial killers homens e mulheres. As vítimas de Klimek eram seus maridos, familiares e pessoas conhecidas, já as de Bundy eram pessoas completamente desconhecidas dele. Os métodos também eram gritantemente diferentes: enquanto ela usava veneno, ele estrangulava. Um novo estudo revelou essas diferenças sob o prisma da psicologia evolucionária.

Um novo estudo apresentou pela primeira vez uma comparação empírica entre assassinos e assassinas em série. As diferenças sexuais nos comportamentos e crimes foram apresentadas através da óptica da psicologia evolutiva, sugerindo que nossa história de predação se manifestou nas diferenças entre mulheres e homens serial killers.

Mulheres serial killers são relevantemente mais raras, mas existem. Apesar do que certa vez afirmou o famoso profiler do FBI Roy Hazelwood de que “não existem mulheres assassinas em série”, é sabido que cerca de 15 por cento de todos eles é formado por mulheres. Na verdade, já foi sugerido que o primeiro assassino em série que existiu (ou pelo menos cuja história sobreviveu ao tempo) foi uma mulher chamada Locusta, uma famosa assassina romana que viveu dois mil anos atrás e ficou conhecida por suas habilidades com venenos.

Marissa Harrison, uma professora de psicologia da Universidade Estadual da Pennsylvania (Penn State), nunca havia se tocado do quão pequena é a literatura sobre mulheres serial killers até ser abordada por um curioso aluno de graduação em 2014. O trabalho subsequente de Harrison foi inicialmente documentar os meios, os motivos e as histórias de assassinos em série do gênero feminino, principalmente dos Estados Unidos, nos últimos 200 anos.

Seu estudo mais recente – publicado em Janeiro de 2019 -, conduzido com Adam Jordam Gott, colega da Penn State, e Susan Hughes, da Albright College, focou em comparar especificamente dados relativos a homens e mulheres assassinos em série e, em seguida, enquadrar essas diferenças de acordo com uma perspectiva psicológica evolutiva.

“A pesquisa que compara diretamente dados empíricos dos comportamentos e crimes de serial killers homens versus serial killers mulheres em um estudo é inexistente. Este estudo procurou fazer uma comparação bem direta. Nós examinamos as diferenças sexuais no assassinato em série que podem ser subprodutos de tendências ancestrais. Especificamente, propusemos e testamos o modelo “caçador-coletor” do assassinato em série.”

[Sex differences in serial killers – Harrison, Marissa A.,Hughes, Susan M.,Gott, Adam Jordan]

Historicamente, homens assombravam animais como presas e mulheres recolhiam recursos próximos, como grãos e plantas, para alimentação. Como uma psicóloga evolucionária, eu me perguntei se algum vestígio deixado por esses papéis antigos poderia estar afetando como homens e mulheres escolhem suas vítimas.”

[Marissa Harrison]

Foram coletados dados de arquivos de 55 homens e 55 mulheres assassinos em série que cometeram seus crimes nos Estados Unidos entre os anos de 1856 e 2009. Nesse estudo, o assassinato em série foi definido como “assassinato de três ou mais vítimas, com um intervalo entre os assassinatos de, pelo menos, uma semana, premeditado e intencional”.

As principais diferenças entre homens e mulheres foram fascinantemente gritantes. A maioria das assassinas em série vieram de famílias de classe média ou melhores e tinham ensino superior, enquanto a maioria dos assassinos em série tinham menos educação e vieram de classes sociais inferiores. O método utilizado nos crimes também foi dramaticamente diferente entre eles, com aproximadamente metade das mulheres se utilizando de envenenamento para matar suas vítimas, enquanto os homens preferiam a asfixia ou o uso de armas de fogo.

Mas talvez a maior diferença entre os dois grupos tenha sido as vítimas escolhidas. Surpreendentes 90 por cento das vítimas de mulheres eram conhecidas da assassina, enquanto os homens eram muito mais propensos a atacar estranhos. Na verdade, 85 por cento das suas vítimas eram estranhos, em comparação a menos de 15 por cento das vítimas das mulheres. Além disso, o estudo sobre a distinção de predador-presa chegou à conclusão de que 65 por cento dos assassinos perseguiu suas vítimas antes do crime, enquanto apenas 3 por cento das assassinas fez isso.

“Na nossa amostra, tinha duas mulheres que mostraram esse comportamento de perseguição durante o crime. Curiosamente, há indícios de que homens também estariam envolvidos neles.”

Apesar de toda essa tese sobre as diferenças entre assassinos em série parecerem simplistas ou reducionistas, é certo que nos apresenta um quadro intrigante em relação a essas distinções identificadas ao longo dos estudos. Por exemplo, pesquisadores perceberam que mulheres eram três vezes mais prováveis de serem motivadas por ganhos financeiros se comparado aos homens. Isso sugere que “assassinas em série parecem estar obtendo lucro como resultado de seus assassinatos.”

Por outro lado, homens são 10 vezes mais propensos a ter uma motivação sexual por trás de seus crimes. Pesquisadores sugerem que seja uma espécie de “busca aberrante por parceiros”. É claro que matar seu cônjuge impede a transmissão dos genes, no entanto, argumenta-se que essa tendência à predação sexual seria uma característica evolucionária.

“Nós descobrimos que serial killers homens agem com mais frequência como ‘caçadores’, perseguindo e matando estranhos em áreas dispersas, enquanto serial killers mulheres são mais frequentes como ‘coletoras’, matando aqueles que são familiarizadas e que estão ao seu redor, obtendo lucro de seus crimes. Nós também documentamos outras diferenças sexuais entre esses assassinos. Discutimos essas descobertas através de uma perspectiva psicológica evolutiva.”

[Sex differences in serial killers – Harrison, Marissa A.,Hughes, Susan M.,Gott, Adam Jordan]

Harrison, porém, lembra que esses perfis fisiológicos não são prescritíveis e nem tem a intenção de sugerir que uma pessoa nasce para praticar crimes de um jeito específico, mas espera que essas conclusões possam ajudar de alguma forma investigadores a desvendarem no futuro seus casos em um período de tempo menor e com mais recursos.

Evolução não quer dizer que você está predestinado a fazer certas coisas ou agir de determinado jeito. Significa que pode ser possível fazer previsões sobre o comportamento com base no nosso passado evolucionário. Nesse caso, eu acredito que condutas são reminiscentes de comportamentos ou designações específicas da nossa evolução. E talvez, possamos entendê-los melhor com uma visão evolucionária.”

Dois exemplos famosos

Nannie Doss - serial killer

Uma das dezenas de serial killers “coletoras” documentadas da história foi a vovó sorriso americana Nannie Doss. Durante toda sua vida ela supostamente buscou pelo amor perfeito, o príncipe encantado dos romances de revistas. À medida em que ela descobria que o parceiro estava aquém das expectativas, a simpática vovó contadora de piadas o despachava com uma dose cavalar de veneno de rato misturada no uísque, café ou nas ameixas cozidas. Caía bem também o fato do seguro de vida das vítimas sempre estar em seu nome. Entre 1929 e 1953 ela assassinou quatro maridos e teria matado mais se o médico do último não tivesse desconfiado.

Presa, ela negou que matasse para auferir lucro. Seu motivo, ela alegou, era amor. Claro, isso não explicava por que ela também envenenou dois filhos, um neto, duas irmãs e a própria mãe.

Andrei Chikatilo - serial killer

Caçador por instinto, o ucraniano Andrei Romanovich Chikatilo foi acertadamente comparado a um homem lobo – um animal ensandecido que saia de casa com intuito de caçar crianças e adolescentes (tanto homens quanto mulheres) para atacá-los e estraçalhá-los, rasgando seus corpos e devorando sua carne, exultando com o banho de sangue.

Um dos serial killers mais aterrorizantes da história, o também vovô de aparência inofensiva é o típico serial killer “caçador”, um verdadeiro animal que se camufla como pai de família, avô e trabalhador, apenas para atrair suas presas até um local afastado – em seu caso florestas e parques. Então, “como uma criatura sinistra saída de um conto de fadas, levava sua presa incauta para a floresta, onde se operaria uma terrível metamorfose“, escreveu o escritor Harold Schechter. No silêncio da floresta, em um furor sanguinário, Chikatilo subjugava suas vítimas, as amarrava com uma corda e as atacava com uma faca afiada, os dentes ou as próprias mãos, rasgando seus ventres, arrancando seus olhos, narizes, cortando e mastigando/comendo a língua, mamilos, úteros e genitais – muitas vezes com as vítimas ainda vivas. Ele obtinha um grotesco orgasmo sexual ao ter contato com o sangue e os órgãos internos, chegando a dizer que “eu gostava de mordiscá-los [úteros], eles são tão rosas e elásticos“.

“Não há dúvida de que o assassinato sexual em série perpetrado por homens tende a ser mais escabroso – mais explicitamente violento – do que a variedade feminina. Agora, se é mais perverso é outro assunto. Afinal, o que é pior: desmembrar uma prostituta depois de cortar sua garganta ou aconchegar-se na cama com um amigo íntimo que você acabou de envenenar e chegar repetidamente ao clímax enquanto sente o corpo ao seu lado minguar até a morte?”

[Harold Schechter – Serial Killers, Anatomia do Mal. DarkSide Books, 2013]

Fontes: [1] Harrison, Marissa A.,Hughes, Susan M.,Gott, Adam Jordan – Sex differences in serial killers. 24 de Janeiro de 2019; [2] The peculiar evolutionary differences between male and female serial killers – New Atlas;

Universo DarkSide – os melhores livros sobre serial killers e psicopatas

http://www.darksidebooks.com.br/category/crime-scene/

Com colaboração de:


Deborah Machado
Tradução

Rochele Kothe
Revisão – Psicóloga Forense

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