O que dois assassinos em série britânicos e um italiano poderiam ter em comum? Dennis Nilsen, Colin Ireland e Michael Lupo mataram pessoas num período de apenas 15 anos de diferença e têm seus nomes no rol dos mais famosos serial killers a atacar em solo britânico. E se alguém acha que os três não têm nada a ver um com o outro, então sugiro continuar lendo esse texto.
Para começar, Nilsen, Ireland e Lupo caçaram no mesmo lugar: a cidade de Londres. Mas nada demais até aí, desde Jack, o Estripador a capital inglesa vem sendo o território de atuação de inúmeros assassinos psicopatas. O negócio começa a clarear quando olhamos para o perfil de vítimas dos três: homens gays.
Homossexual reprimido, Nilsen matava por companhia. Seu negócio era cadáveres que ele podia sentar no sofá para assistir TV juntos e conversar como se fossem um casal, além de outras coisas. Já Michael Lupo passou mais de uma década frequentando a cena gay londrina atrás de sexo casual. Ele chegou a criar uma sala de massagens em sua casa. Dentre os seus clientes estavam Bruce Oldfield, estilista da princesa Diana, e o comediante Kenny Everett. Quando Lupo descobriu ser portador do vírus HIV, em fúria assassina, começou a matar gays. O terceiro dessa lista, Colin Ireland, se dizia hetero, mas só matou homens gays. Já escrevemos sobre ele aqui, explicando como Colin frequentava um bar gay em busca de homens para assassinar.
E por falar em bar gay…
COLEHERNE
O mais famoso bar gay de Londres, o Coleherne, inseriu Nilsen na subcultura gay dos anos 1970. Ele nunca deixou de frequentar o lugar e sempre ia até lá procurar por “companhia”. Da mesma forma, Lupo utilizou o sistema de cores do bar para procurar vítimas. E falando em cores, quem leu o nosso texto sobre Ireland sabe o que ele procurava no Coleherne, certo? Os pretos e azuis.
Para os viajantes de plantão que adoram um turismo macabro, não esqueçam de dar um pulo no Coleherne quando visitarem Londres. Afinal, o lugar tem muitas histórias sinistras para contar. Mas por favor, não me vá sair de lá acompanhado!
Brincadeiras a parte, o Coleherne Pub é história viva e parte da cultura inglesa. Foi fundado em 1866 e passou por inúmeras transformações. Por lá frequentaram ícones mundiais como Freddie Mercury (vocalista do Queen), Anthony Perkins (o Norman Bates de Psicose) e Ian McKellen (o Gandalf de O Senhor dos Anéis), além de celebridades britânicas como Kenny Everett.
A casa se tornou um lar da comunidade gay por volta da década de 1950 e hoje é um verdadeiro ícone da luta contra o preconceito. Durante décadas, políticos, autoridades e integrantes da sociedade conservadora inglesa tentaram fechar o local, alvo de inúmeras incursões policiais que resultaram em prisões e fechamentos temporários. E lá também foi um dos locais preferidos, tanto para conseguir companhia quanto para caçar, de três assassinos em série que atuaram com 15 anos de diferença: Dennis Nilsen (1978-1983), Michael Lupo (1986) — ambos homossexuais — e Colin Ireland (1993) — que nunca se assumiu gay. Todas as vítimas de Ireland, por exemplo, ele conheceu lá.
Em 2008, o Coleherne foi renomeado para The Pembroke.
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