Kurt-Werner Wichmann era um mulherengo conhecido. Ele gostava de cuidar da aparência usando óculos de sol para realçar seus cabelos loiros. Ele morava perto de uma floresta nas proximidades da bucólica Göhrde, uma cidade isolada no norte da Alemanha com menos de 600 habitantes.
Seus vizinhos o achavam metódico, um homem que usava luvas até mesmo no verão. Alguns não gostavam de seus olhos frios “olhando tudo”. Já outros o ignoravam por achá-lo arrogante, egoísta e estranhamente solitário. Ele vivia sendo visto perambulando pela floresta sempre de luvas e com seus óculos escuros. Ainda assim, ninguém poderia imaginar que aquele loiro que morava entre eles e vivia do seu trabalho como jardineiro de um cemitério era um assassino em série.
Ele é suspeito em dezenas de assassinatos, mas a polícia alemã conseguiu ligá-lo com evidências inquestionáveis a apenas cinco mortes, incluindo a de Birgit Meier, desaparecida em 1989, e cujos restos mortais só foram descobertos em 2017. (Wichmann, também, só foi oficialmente ligado a estes cinco assassinatos em 2017 devido aos avanços nas análises de DNA).
Desde abril de 2018, quando a antiga propriedade do serial killer voltou a ser escavada após o caso ser reaberto, a polícia acumulou um total de 423 itens, incluindo vários calçados femininos, bolsas, facas e jóias. Agora, a polícia de Lüneburg, a cidade mais próxima de Göhrde, disponibilizou várias fotos na Internet na esperança de novas pistas.
O “Assassino de Göhrde” é responsável por mais assassinatos? Essa questão sempre martelou a polícia alemã, prova disso é que décadas depois eles continuam em sua missão de esclarecer tudo sobre Kurt-Werner Wichmann. Mesmo se quisesse, o serial killer não poderia ajudar já que ele cometeu suicídio na cadeia de Heimsheim em 1993. Ele tinha 43 anos.
A galeria do horror
Das peças apreendidas no último ano, 217 objetos são relevantes para a investigação, de acordo com o Ermittlungsgruppe Göhrde – Grupo de Investigação Göhrde -, força-tarefa criada especificamente para investigar Wichmann. Em uma coletiva de imprensa no início de maio, investigadores do grupo disseram que estão tentando montar o quebra-cabeça em torno do assassino.
Pouco mais de um ano após o início das escavações, a polícia disse ter criado um perfil de Wichmann: onde ele morava, que tipo de carro dirigia, como era no trabalho e no relacionamento com vizinhos, como agia quando cometia os crimes etc. O perfil foi enviado a agências alemãs e de outros países na esperança de que ajudasse na ligação a casos não resolvidos. Atualmente, 236 casos de assassinatos, estupros e de pessoas desaparecidas que nunca foram solucionados estão sendo investigados para uma conexão com Wichmann.
Nas fotos publicadas no site da polícia de Lüneburg, além de inúmeras armas como facas, revólveres, e até espadas, há placas de carros, calças, blusas e anéis.
O mistério que Kurt-Werner Wichmann deixou para trás assombra a polícia alemã. Atualmente eles tem mais de 200 casos não resolvidos para revisar e há a possibilidade de nenhum deles estar ligado ao serial killer. Além disso, autoridades alemãs acreditam piamente que ele contou com um cúmplice que nunca foi identificado. O Ministério Público alemão chamou este suposto cúmplice de o “estranho”. Já um dos investigadores do Ermittlungsgruppe Göhrde, disse que este cúmplice caminha entre os alemães, “alguém que ainda está conosco“.
Mas de todas as perguntas, talvez a mais assustadora tenha surgido após as escavações iniciadas em 2018. Por quê Kurt-Werner Wichmann enterrou tantos sapatos femininos?
As fotos publicadas pela polícia de Lüneburg podem ser vistas em seu site. Clique neste link.
Fonte consultada: Serienmörder Kurt-Werner Wichmann: Polizei stellt Beweismaterial ins Netz – Stern;