Em 2 de dezembro de 2000, Dora Delvalle, 19 anos, cuidava do apartamento de seu tio – que estava em um hospital – quando foi estrangulada com um fio de telefone no Bronx, Nova Iorque. Na época, investigadores de polícia suspeitaram que a jovem marcou um encontro com um homem em uma sala de bate-papo na Internet. Uma impressão digital foi encontrada no telefone, mas não coincidiu com nenhuma registrada nos bancos de dados criminais do país.
Cinco anos depois, Angel Serbay, 25 anos, moradora do Yonkers – bairro a 16 quilômetros do Bronx -, foi encontrada morta enrolada em um cobertor em um beco da avenida Sprain Brook. Como Delvalle, Serbay havia sido estuprada e estrangulada. No mesmo ano, detetives identificaram o dono da digital encontrada na cena do primeiro crime, ela pertencia a Christopher Gonzalez, que havia sido preso por dirigir sem carteira, fichado, mas liberado logo em seguida.
Por mais de uma década Gonzalez permaneceu nas sombras. Até agora.
Semana passada, um homem foi preso na Flórida por dirigir sem a carteira de habilitação. Era Gonzalez. Dessa vez, o assassino não foi liberado porque os policiais da Flórida descobriram que havia um mandato de prisão contra ele expedido há mais de 10 anos pelo departamento de polícia de Nova Iorque. Exames de DNA feitos após sua prisão o ligaram definitivamente aos dois assassinatos.
O FBI define um serial killer como alguém que mata duas ou mais pessoas com um período de resfriamento emocional entre os assassinatos. Portanto, a polícia americana tem um assassino em série em mãos.
“Temos duas violações e estrangulamentos. As pessoas não fazem isso e simplesmente param. É um padrão de comportamento. Muitas vezes eles têm um período de resfriamento e depois fazem de novo. Apenas param quando são presos ou cometem suicídio”, relatou uma fonte policial ao New York Daily News.
As digitais e DNA de Gonzalez não foram ligados a nenhum outro assassinato sem solução em Nova York, mas a polícia continua sua investigação e já contatou departamentos de polícia de outros estados na possibilidade dele ter cometido assassinatos fora de Nova Iorque.
Período de Resfriamento Emocional
O “período de resfriamento” citado pela fonte policial é, talvez, a principal característica do serial killer. Este período nada mais é do que o tempo entre os assassinatos – período o qual o serial killer volta para sua vida aparentemente normal (Gonzalez era casado e tinha filhos).
Durante o período de resfriamento emocional entre os assassinatos, um serial killer desaparece, é quando ele volta para sua rotina. Por incrível que pareça, a vida de um assassino em série durante o período de resfriamento emocional – especialmente se ele for um assassino psicopata como Israel Keys, ou seja, patologicamente desprovido de emoção ou empatia – é completamente normal aos olhos dos que estão a sua volta.
Predadores em série ressurgem de um período de resfriamento emocional quando a urgência em matar torna-se incontrolável. Um serial killer não pode entender sua compulsão em matar e é perda de tempo para ele lutar contra seus impulsos interiores. Como disse Surinder Koli, “Eu nunca consegui entender direito o que acontecia, mas, sinceramente, não entender o que acontecia não era um problema pra mim, o que importava mesmo era satisfazer o meu desejo.”.
Esse tempo de resfriamento entre os assassinatos é altamente subjetivo, imprevisível e varia, em termos de duração, de um serial killer para outro, podendo ser de dias ou semanas, passando por meses e até anos. Por exemplo, Dennis Rader, conhecido como BTK (“Bind, Torture, Kill” – “Amarrar, Torturar, Matar”), após ser capturado em 2005, confessou dez assassinatos ao longo de um período de quase vinte anos (1974-1991). Entre seus assassinatos, Rader vivia uma vida completamente normal, morando com sua esposa e seus dois filhos. O psicopata era visto como um dos pilares de sua comunidade em Wichita, Kansas. No entanto, secretamente satisfazia suas necessidades sexuais – consequentemente atrasava sua compulsão em matar – através de fantasias autoeróticas, em que ele revivia seus assassinatos. Para isso, ele tinha a ajuda dos troféus retirados de suas vítimas, tais como artigos de vestuário, identidades e joias. Rader costumava tirar fotos de si mesmo usando peças de roupas de suas vítimas enquanto colocava em prática suas mais aberrantes fantasias sexuais. Clique aqui e veja três dessas fotos.
Como resultado dessa prática de autogratificação, a duração do período de resfriamento emocional entre seus assassinatos foi bastante variável e, muitas vezes, durou muito mais do que a da maioria dos serial killers conhecidos. Sua habilidade para controlar sua necessidade compulsiva de matar através de suas fantasias autoeróticas é altamente incomum entre serial killers, e podemos dizer que tal habilidade contribuiu para que Rader tivesse “apenas” dez mortes em seu currículo. É estranho, mas suas técnicas de autogratificação salvaram muitas vidas.
Fonte Consultada: ‘It’s his DNA from both bodies:’ Police think they have possible serial killer in 2 cold cases in Bronx, Yonkers – Pix11;
Colaboração de:
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