Não dá pra falar de Fire in The Sky (Fogo no Céu) sem antes contar a fantástica história de Travis Walton. Você conhece Travis Walton?
O americano nascido em Snowflake, Arizona, em 1953, tinha tudo para ser apenas mais um dos poucos mais de 5 mil habitantes daquela pequena cidade. Snowflake é um daqueles típicos povoados do interior americano onde o Xerifão, velho e barrigudo, passa a maior parte do tempo sentado balançando em sua cadeira e os homens conversando fiado e tomando cerveja em botecos esquecidos. Os que decidem morar ali, não tem outra alternativa a não ser o trabalho na enxada.
E esse foi o destino de Travis Walton. Porém, ele estaria fadado ao ostracismo eterno (como todos que nascem ali) não fosse por um evento muito, mas muito extraordinário. Um evento até hoje único na história da ufologia.
Travis Walton é personagem do mais famoso caso de abdução alienígena da história. Tudo por um motivo: houve testemunhas.
Snowflake, Arizona. Estados Unidos
5 de Novembro de 1975
Era mais um dia comum para o jovem de 22 anos Travis Walton. Ele trabalhava com outros seis rapazes, todos conhecidos, em uma Montanha da Floresta Nacional Apache-Sitgreaves derrubando árvores. O mais velho da turma, Mike Rogers, 28 anos, já trabalhava no ramo a nove anos e era ele o chefe. Era Mike quem tinha um contrato com o governo para corte de árvores e arregimentava moradores locais para ajudá-lo na tarefa.
“Era uma manhã de quarta-feira. Para nós, sete homens que trabalhavam na Floresta Nacional Apache-Sitgreaves, era mais um dia comum de trabalho. Não havia nada naquela manhã ensolarada que pudesse prenunciar o tremendo medo, choque e confusão que nós sentiríamos quando a escuridão caísse.”
[Travis Walton, no livro Fire in The Sky]
Os sete homens passaram todo o dia na Montanha cortando árvores. Nada de anormal acontecera. Era apenas mais um dia para eles. Mas ao cair da noite, algo esperava por eles. Veja o que aconteceu nas próprias palavras de Travis Walton retiradas do livro Fire in The Sky:
Mike ligou sua velha picape e todos fomos embora rumo ao norte em direção a Estrada Rim. Era 18:10 horas. Tentamos sair o mais cedo possível para evitar qualquer problema na volta para casa. Deveríamos estar lá as 19:30. Deixamos a janela da picape aberta para refrescar um pouco devido ao calor. Mike, Ken e eu não fumávamos, preferíamos o ar puro e genuíno da floresta. Os quatro outros rapazes sentaram-se no banco de trás e iluminaram-se com seus cigarros após um dia inteiro de trabalho.
A picape saltava sobre as poças de água na estrada, as molas faziam um barulho frenético. Os rapazes começaram a fazer piadas sobre a picape de Mike. E foi ai que o meu olhar foi atraído por uma luz que vinha atrás das árvores, cem metros a frente. Conclui que o brilho era o sol se pondo a oeste. Mas então pensei: O sol se pôs a meia hora atrás. Fiquei curioso e pensei que poderia ser a luz de alguns caçadores acampando por lá, faróis ou talvez um incêndio. Alguns dos rapazes dentro da picape nem notaram o brilho. De repente …
‘Filho de uma’, exclamou Allen! ‘Que diabos é aquilo?’, eu perguntei.
Meus olhos se esforçavam para que aquilo desse algum sentido. As árvores bloqueavam a nossa visão. Da minha janela aberta, eu podia ver o brilho amarelado iluminando nosso caminho pela estrada. Fiquei muito intrigado e contei os segundos para que a picape chegasse mais perto.
Mike não podia ver muito bem devido ao ângulo ser-lhe desfavorável. ‘O que vocês vêem?’, perguntou ele curioso. ‘Eu não sei, mas parece um acidente de avião, um avião dependurado em uma árvore’, respondeu Dwayne.
Finalmente, o nosso entusiasmo e curiosidade crescente estimulou Mike a acelerar à picape em direção a luz. De repente, fomos eletrificados pela mais impressionante vista, a mais incrível que já vi em toda minha vida.
‘Pare! Pare a picape!’, John gritou.
A picape derrapou até parar na estrada cheia de poeira.
‘Meu deus! É um disco voador!’, gritou Allen.
O resto já é história. Como todo menino levado e curioso, Travis Walton desceu da picape e foi ver de perto aquele magnífico objeto para desespero dos seus companheiros que ficaram dentro do carro. De repente, um estrondoso barulho como se comportas estivessem abrindo, ecoou pelo lugar. Travis agachou com o barulho. Quando ele se levantou e virou para ir embora, um raio de luz atingiu o seu corpo, o levantou cerca de 3 metros acima do solo e o jogou para trás. Ele caiu inconsciente. Em desespero, os colegas de Travis dentro da picape discutiram se deveriam ou não pegá-lo. Pressionado, Mike ligou a picape e saiu o mais rápido que pôde daquele lugar, deixando Travis Walton para trás. Quilômetros adiante, sua consciência pesou e ele decidiu voltar para buscar Travis, alguns dos rapazes não aceitaram e Mike os deixou na estrada. Ao chegar ao local, Travis já não estava mais lá.
O que aconteceu com Travis Walton? Não preciso dizer que a história dos rapazes foi totalmente ridicularizada pelos moradores da cidade e principalmente pela polícia. A hipótese mais plausível para a polícia era de assassinato. Ideia compartilhada pela população que quase linchou os rapazes. Uma massiva busca foi feita na floresta no dia seguinte mas nenhum traço do que poderia ter acontecido com Travis foi encontrado. Cinco dias depois do fantástico evento, os rapazes realizaram um teste em um detector de mentiras. O resultado? Com exceção de um dos rapazes, cujo teste foi inconclusivo, todos os outros estavam dizendo a verdade. Naquele mesmo dia a surpresa: Travis Walton foi encontrado à noite num posto de gasolina na cidade de Taylor, Arizona. Ele estava em um estado de colapso emocional profundo, magro e com a temperatura do corpo extremamente abaixo do normal.
Segundo exames hospitalares, durante os cinco dias em que ficou desaparecido, Travis Walton não bebeu água e nem se alimentou, o que até hoje permanece um enigma para a equipe médica que o atendeu. Outros dois pontos enigmáticos são uma incisão em seu cotovelo direito e as cetonas em sua urina.
- Uma pequena mancha vermelha na dobra do cotovelo direito foi encontrada. Mancha a qual os médicos acharam ser resultado de uma injeção hipodérmica, entretanto, para os médicos, isso era bastante estranho dado que o local da incisão estava longe de qualquer veia.
- Análises da urina de Travis revelaram uma falta de cetonas, fato incomum, uma vez que Walton ficou sem se alimentar durante 5 dias. Seu corpo deveria ter começado a usar sua reserva de gordura para sobreviver, e isso levaria a um elevado nível de cetonas em sua urina.
Abdução ou não, o caso Travis Walton tem mais perguntas do que respostas. Ninguém até hoje conseguiu desmentir os rapazes e quase 40 anos depois do ocorrido, Mike Rogers, Travis Walton e companhia continuam a contar a mesma história. Em 1990, 15 anos após o evento, todos eles realizaram novamente um teste no Polígrafo. Todos passaram.
Em 1978, Travis Walton contou sua história no livro The Walton Experience e 15 anos depois reescreveu-o com o título Fire in The Sky. O livro foi adaptado para o cinema em 1993 sob o mesmo nome.
Fogo no Céu, escrito por Tracy Torme e dirigido por Robert Lieberman, dramatiza a história de Travis a partir da perspectiva das testemunhas, ou seja, dos seus companheiros de trabalho que presenciaram toda aquela sinistra cena.
Já vi muitas críticas negativas com relação ao filme, mas eu não o vejo negativo. Minha crítica é totalmente positiva. Fogo no Céu não é aquele tipo de filme baseado em fatos reais onde o diretor inventa um monte de cenas apenas para entreter os espectadores. Não sei vocês, mas eu não gosto quando uma história real é retratada num filme e o diretor começa a inventar coisas que não aconteceram. Jack, O Estripador e tantos outros que o digam. Para mim, o filme acerta no simples fato de ser fiel à história contada por Travis e seus colegas. Ver o filme é como escutar uma narração contada por eles. Além disso, não há sensacionalismos baratos (muito comum em filmes assim, que o diga Spielberg) e o filme foca, principalmente, no custo humano dos envolvidos, particularmente de Mike Rogers e sua família.
Robert Patrick, o eterno T-1000 de O Exterminador do Futuro, retrata habilmente Mike Rogers. É ele quem tem que lidar com a culpa de ter deixado Travis para trás e com a revolta e desconfiança daqueles que até poucas horas atrás eram seus amigos e conhecidos.
Talvez o clímax do filme seja a claustrofóbica sequência das lembranças de Travis Walton dentro da nave espacial. A imagem acima ajuda um pouco a você entender o que encontrará aqui. Mas nem tudo são flores. Lembra quando eu disse sobre diretores inventar cenas? Apesar do filme ser uma narrativa fiel dos acontecimentos, algumas sequências de Travis Walton dentro da nave espacial não refletem com precisão o seu testemunho dado no livro. Dizem as más línguas que algumas cenas dos assustadores alienígenas que aterrorizam Travis dentro da nave foram inseridas por ordens de chefões da Paramount Pictures.
Tais cenas inseridas, em termos de tema e narrativa, fazem a película parecer um filme de terror. As vezes você se pergunta se Travis Walton está dentro de uma nave alienígena ou dentro da casa de um serial killer. Quando ele tenta fugir dos seres e eles o capturam, arrastando-o por um claustrofóbico túnel, a impressão que dá é que aqueles malditos de cabeças grandes o matarão com requintes de crueldade numa mesa de açougue. O que se passa depois é grotesco e horripilante (a imagem acima não me deixa mentir).
Olhando para a realidade, essas cenas passaram longe do que realmente aconteceu com Travis naquele fatídico dia. Segundo seus relatos, ele apenas lembra de correr de seres muito feios, com 1,5 metros de altura e olhos pretos esbugalhados até topar com um ser com aparência humana que o levou até uma sala com outros seres e lá ele apagou. Mas do ponto de vista cinematográfico, essa sequência de 15 minutos, é uma obra-prima de design e efeitos especiais. A sequência tem uma profunda e inteligente natureza diabólica, talvez nunca antes sentida ou vista por vocês em qualquer outro filme de alienígenas.
O filme é isso, uma simples narrativa da fantástica história de um homem. Para alguns, simples demais, para outros, o suficiente. Abaixo uma rápida entrevista legendada de Travis Walton onde ele fala sobre suas lembranças dentro da nave.
Informações
Título no Brasil: Fogo no Céu
Dirigido por: Robert Lieberman
Roteiro: Tracy Tormé
Produzido por: Joe Wizan, Todd Black
Elenco: D. B. Sweeney, Robert Patrick, Craig Sheffer, Peter Berg, James Garner
Edição de: Steve Mirkovich
Distribuído por: Paramount Pictures
Obs.: Baseado no livro “Fire in The Sky”, escrito por Travis Walton
Lançamento: 12 de Março de 1993
País: Estados Unidos
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